MÁRCIA SOMAN MORAES
colaboração para a Folha Online
O candidato democrata Barack Obama foi eleito o 44º presidente dos Estados Unidos no voto popular. O resultado confirma a vantagem consolidada nas pesquisas após o estouro da crise financeira norte americana que assola as Bolsas de todo o mundo. O voto popular precisa ser confirmado pelos colégios eleitorais, no processo de votação indireta americano.
Como nos EUA a eleição presidencial é indireta, quem efetivamente define o novo presidente são os representantes dos colégios eleitorais. Cada Estado tem um número de representantes proporcional à sua população e o colégio tende a endossar o candidato escolhido pelo voto popular.
Nascido em Honolulu, no Havaí, em 4 de agosto de 1961, Barack Hussein Obama é senador por Illinois em seu primeiro mandato. Ele passou a juventude na ilha americana, onde se destacou pelo serviço comunitário. Com um bom histórico escolar, Obama formou-se em direito na tradicional pela Universidade Harvard, onde conheceu sua mulher, Michelle, e trabalhou como professor e defensor dos direitos civis em Chicago, antes de ser eleito senador. Leia o perfil de Obama
Jae C. Hong/AP | ||
Democrata Barack Obama era favorito desde o estouro da crise financeira nos EUA, em meados de setembro |
Obama era um rosto pouco conhecido no cenário nacional até vencer as acirradas primárias democratas contra Hillary Clinton --tida como grande favorita na disputa presidencial. A experiência da disputa com a ex-primeira-dama fortaleceu sua estratégia de campanha e a mostrou que a promessa de mudança em tempos de insatisfação política funcionava.
Com o slogan "Mudança na qual podemos acreditar", Obama entrou como preferido na disputa presidencial contra o veterano republicano John McCain.
Economia
A vantagem, apontam analistas políticos, foi consolidada pelo estouro da crise financeira, em meados de setembro, com a quebra do tradicional banco Lehman Brothers. "Nenhum dos dois [presidenciáveis] realmente apresentou uma solução real para a crise em curto prazo, mas Obama foi quem mostrou melhor aos eleitores que era capaz de retomar o crescimento da economia americana", disse Donald Kettl, professor de ciência política da Universidade da Pensilvânia.
Para o professor, Obama criou uma imagem de otimismo e tranqüilidade que os americanos queriam ver em seu candidato. "Ele é um político muito bom, mostrou que é calmo e inspirou confiança com sua retórica afiada. Obama se tornou um movimento político", disse, em entrevista por telefone à Folha Online, da Filadélfia.
Obama se beneficiou ainda do erro do rival republicano que, meses antes da crise financeira abalar a economia mundial, admitiu que a economia não era seu ponto forte e foi duramente criticado.
Recordes
A vitória de Obama marca ainda o sucesso de sua estratégia de campanha baseada em objetivos grandiosos e financiada pela maior arrecadação de verbas da história da política americana.
"Obama buscou novas fontes e formas de financiamento. Ele aliou os tradicionais grandes doadores com as vantagens e inovações da internet", disse Marie Gottschalk, professora de ciência política da Universidade da Pensilvânia e especialista em campanhas políticas, em entrevista à Folha Online, por telefone. O segredo do sucesso do senador, aponta Gottschalk, foi criar um entusiasmo inédito entre os jovens que se mobilizaram não apenas para votar, mas para arrecadar doações e incentivar mais pessoas a participarem do processo político.
Na internet, Obama provou que estava disposto a dar voz a todos os cidadãos. A campanha democrata montou 700 centros de jovens pró-Obama e, no Facebook, site de relacionamentos, mantém dois milhões de "amigos" contra 500 mil de McCain. Os jovens também aumentaram as platéias de seus comícios, que chegaram a reunir 100 mil pessoas.
"Obama levou a demagogia a um outro nível. Embora seja apenas um palpite, já que ainda não temos os dados sobre o perfil dos eleitores, é muito provável que a vitória de Obama seja resultado do entusiasmo inédito que ele causou nos jovens", avalia Gottschalk, acrescentando que o democrata deve influenciar a estratégia das próximas campanhas presidenciais nos EUA.
Atualizado às 02h34.
A repercussão da vitória de Barack Obama, que irá se tornar o primeiro presidente negro dos Estados Unidos, já domina a versão on-line das manchetes dos jornais estrangeiros no mundo.
Obama foi eleito o 44º presidente dos Estados Unidos no voto popular. O resultado confirma a vantagem consolidada nas pesquisas após o estouro da crise financeira norte americana que assola as Bolsas de todo o mundo. O voto popular precisa ser confirmado pelos colégios eleitorais, no processo de votação indireta americano.
Veja alguns dos jornais:
Reprodução |
Página do jornal italiano "Corriere della Sera" ao anunciar a vitória histórica do democrata Barack Obama nos Estados Unidos |
Corriere della Sera
Com uma manchete de duas linhas, o jornal italiano afirmou: "Noite histórica, a América vira a página com Obama novo presidente dos Estados Unidos".
O "Corriere della Sera" destaca no texto inicial que acompanha a manchete a ligação do candidato republicano John McCain para parabenizar Obama.
Também em destaque no "Corriere" está uma reportagem sobre o voto da população negra do famoso bairro nova-iorquino do Harlem.
Le Monde
No noticiário urgente, o jornal francês "Le Monde" noticiou: "Barack Obama ganha a eleição presidencial americana".
O "Monde" destacou a vitória de Obama em Estados-chave como Ohio, Pensilvânia e a Virgínia em um texto que falava sobre a vitória desenhada do democrata.
Le Figaro
"Obama é dado como vencedor", escreveu o jornal francês conservador "Le Figaro" em sua manchete.
Em seguida, o "Figaro" destacou uma foto de McCain em sua página principal com a seguinte frase: "Eu telefonei ao senador Obama para felicitá-lo".
A imagem do republicano tinha ao fundo a bandeira dos Estados Unidos.