Rivais de Honduras chegam a acordo para encerrar crise

Rivais de Honduras chegam a acordo para encerrar crise

30/10

TEGUCIGALPA - O governo de fato de Honduras aceitou um acordo que abre as portas para o retorno ao poder do presidente deposto Manuel Zelaya, quatro meses após ele ter sido expulso do país em um golpe militar.

O acordo, fechado na noite de quinta-feira (madrugada de sexta-feira em Brasília), aconteceu após reuniões das partes com autoridades norte-americanas que viajaram esta semana para Tegucigalpa com o objetivo de pressionar pelo fim da crise, que representa uma dor de cabeça para a política externa do presidente Barack Obama.

"Esse é um triunfo da democracia hondurenha", disse Zelaya após os dois lados terem chegado a um acordo que, segundo ele, o levará de volta ao poder nos próximos dias.

Zelaya, cercado de apoiadores, comemora decisão na embaixada brasileira / AP

O Congresso ainda precisa aprovar seu retorno, mas Zelaya disse que não esperava novos problemas. "Esse é um primeiro passo. Meu retorno é iminente, estou otimista", disse Zelaya.

Apesar disso, o acordo ainda prevê uma consulta ao Supremo Tribunal de Justiça, uma medida a que os negociadores de Zelaya se opõem, pois o órgão já havia emitido opinião contrária ao retorno do líder eleito à presidência.

Zelaya foi retirado do poder e mandado para o exílio no dia 28 de junho, mas conseguiu voltar escondido ao país no mês passado e desde então buscou abrigo na embaixada do Brasil.

O líder de fato Roberto Micheletti, que se mostrava irredutível sobre o retorno de Zelaya ao poder, amenizou sua posição após a mediação norte-americana.

"Autorizei minha equipe de negociação a assinar um acordo que marca o começo do fim dessa situação política no país", disse Micheletti a repórteres.

O presidente interino afirmou ainda que o acordo criaria um governo de união nacional e levaria os dois lados a reconhecer as eleições presidenciais, marcadas para 29 de novembro. Segundo ele, trata-se de uma "grande concessão" de sua parte.

EUA elogiam acordo

A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, elogiou o acordo fechado entre as partes adversárias em Honduras para encerrar a crise iniciada após a deposição do presidente Manuel Zelaya.

"Nós estávamos claramente do lado da restauração da ordem constitucional, e isso inclui eleições", disse Hillary a repórteres durante visita ao Paquistão.

Seguidores de Zelaya comemoram

Dezenas de simpatizantes de Manuel Zelaya se reuniram em frente à embaixada brasileira em Tegucigalpa para comemorar o acordo para que o Congresso decida sobre a restituição do presidente deposto ao poder.

Com bandeiras de Honduras e do Partido Liberal, ao qual pertencem tanto o presidente deposto como o chefe de Estado interino, Roberto Micheletti, os seguidores daquele gritavam frases como "Mel (Zelaya), amigo, o povo está contigo" ou "Golpistas, vão à m...".

"Estamos felizes porque há um indício de que Manuel será restituído, apesar de isso ainda não ter acontecido e de Honduras nunca ter visto uma reversão ou uma restituição depois de um golpe de Estado, o que é algo histórico. Acho que neste ano aconteceram muitas coisas históricas em Honduras", afirmou Isabel Ortega, de 23 anos.

Santos Luciano Núñez, um motorista de 60 anos, também estampava um grande sorriso no rosto pelo acordo alcançado, ao qual se referiu como uma "vitória".

"Passamos meses muito críticos depois deste golpe de Estado e precisamos da restituição do presidente Manuel Zelaya para que a situação volte à normalidade", afirmou Gerson Flores, um estudante de Direito de 27 anos.

* Com Reuters e AFP
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