Avaliamos a aguardada picape Amarok da Volkswagen

Com a Amarok, a VW pode surpreender

Avaliamos a aguardada picape média da Volkswagen em solo argentino
(Foto: Divulgação)
Wilson Toume / de Córdoba, Argentina

Não é todo dia que se tem a experiência de rodar com um veículo 100% novo. Ainda mais quando esse modelo pertence a uma categoria na qual a montadora não atua. Pois foi a experiência que tive o prazer de experimentar com a Amarok, a novíssima picape média que a Volkswagen lançará no início do ano que vem. Vale lembrar, contudo, que na Europa, a empresa já comercializou um utilitário dessa categoria (a Taro), mas que se tratava, na verdade, de uma versão da Toyota Hilux com o logotipo da VW.

O primeiro test-drive da Amarok aconteceu em Córdoba, região central da Argentina, e foi realizado com duas versões da picape: a intermediária e a top de linha. Existirá ainda uma mais simples, mas que não nos foi disponibilizada. Todas, porém, serão equipadas com um moderno motor 2.0 diesel commom rail com dois turbocompressores, capaz de gerar 163 cv e 40,1 mkgf. O câmbio é manual de 6 marchas e a tração é integral.

Visualmente, a picape não se diferencia muito do protótipo SAR, exibido no Salão do Automóvel de São Paulo em 2008, e é possível perceber uma semelhança com o design do novo Fox, por exemplo. O resultado é agradável, mesmo sem ser inovador. A intenção, nitidamente, foi dar ao utilitário um quê de automóvel de passeio, como confirmaria um executivo da empresa mais tarde.

Se na parte frontal a Amarok prima pela discrição, atrás a coisa não é diferente. As lanternas são retangulares, com visual convencional. A tampa da caçamba traz apenas um grande logotipo VW no centro e no alto, há apenas a maçaneta. O para-choque é cromado e foi criado atendendo às solicitações dos clientes em clínicas realizadas em diversos países, de acordo com os dirigentes da Volkswagen.

Voltando a falar do motor, ele surpreendeu durante a avaliação. Mesmo sendo movido a diesel, o propulsor apresentou baixo nível de ruído e vibrações a bordo. Da mesma forma, a transmissão mostrou-se digna de elogios. Os engates foram sempre fáceis e a posição e o formato da alavanca (curta e bem à mão) contribuíram muito. Além disso, o excelente torque (disponível desde os 1 500 rpm) proporciona excelente dirigibilidade à picape, já que não é necessário trocar as marchas constantemente. A tração, como já foi dito, é integral, mas pode ser desativada, caso o motorista assim deseje, por meio de um botão no console.

Quem nos acompanhou durante todo o teste foi Wolfgang Schreiber, executivo da Volkswagen Commercial Vehicles (da Alemanha) e responsável pela área de desenvolvimento técnico. De acordo com ele, a empresa procurou, de fato, conferir à Amarok um estilo de carro de passeio e a Toyota Hilux foi a maior referência usada para atingir esse objetivo. Nas unidades avaliadas, pelo menos, foi possível constatar que a VW fez um bom trabalho, embora seja preciso fazer uma ressalva: todas as picapes do test-drive possuíam um lastro na caçamba, o que certamente contribuiu para melhorar o desempenho do modelo, principalmente na terra. A picape, aliás, foi projetada para suportar até 1 tonelada de carga.

O espaço interno, por sua vez, merece elogios. No teste, a cabine acomodou quatro adultos com folga e a impressão é a de que um eventual quinto ocupante não teria problemas para viajar com conforto. Para os passageiros de trás, entretanto, faltam comodidades como uma saída de ar exclusiva, por exemplo. Os bancos, porém, são confortáveis e o acesso é fácil.

Motorista e ocupante do banco dianteiro não têm do que reclamar. O painel é bonito e segue a tendência dos demais VW, com dois relógios grandes (conta-giros à direita), e um visor digital bem dimensionado, que traz incorporado nível do combustível e da temperatura do motor. De acordo com Wolfgang Schreiber, aliás, o termômetro do motor foi um pedido dos consumidores brasileiros. Existe ainda uma espécie de “econômetro”, que indica a melhor marcha para a situação do momento. Há ainda dois espaços vagos no painel, que deverão abrigar, futuramente, um porta-copos ou um suporte para GPS.

Chamou a atenção, na versão intermediária testada, o rádio CD player, que é igual ao do Fox nacional. O ar-condicionado é automático, mas digital apenas na versão top de linha, que ainda traz acabamento em dois tons, revestimento de couro, trio elétrico, duplo airbag, freios ABS e ESP. As versões com ESP, aliás, contam com um sistema “hill hold” que segura a picape ao parar em aclives por 2s automaticamente. Há também uma função Off-Road que otimiza o funcionamento de ABS e ESP na terra, melhorando o desempenho da picape nessas condições.

Pelo que pudemos perceber durante o trajeto, a Amarok tem atributos para se destacar na categoria dos comerciais leves. É moderna, tem um bom conjunto propulsor e mostrou-se muito confortável. Sobre o preço, os dirigentes da VW presentes ao evento não quiseram se pronunciar, mas pode-se deduzir que será próximo ao do modelo da Toyota, já que a Volkswagen está mirando na Hilux para se dar bem no segmento.

A nova picape fará a sua estreia no próximo rali Dakar, onde será usada como veículo de apoio da equipe oficial da Volkswagen. Mais tarde – provavelmente em março – deverá chegar às lojas da América do Sul e, posteriormente, à Europa e África do Sul. O utilitário não será vendido nos Estados Unidos. “A VW quer ser a montadora líder mundial e a Amarok é uma das ferramentas para isso”, declarou Schreiber.

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