Sacerdote de São José do Rio Preto foi inocentado por uma decisão do Tribunal Eclesiástico, que foi aceita pelo Vaticano
Em 2006, ele foi afastado de suas funções após dois jovens de sua paróquia o denunciarem; "foi tudo uma invenção", disse o padre
DA AGÊNCIA FOLHA
Suspeito de revelar o teor da confissão de fiéis, um padre da cidade de São José do Rio Preto (440 km de São Paulo) foi absolvido por uma decisão do Tribunal Eclesiástico Regional e de Apelação de São Paulo.
A sentença foi homologada pela Congregação para a Doutrina da Fé, no Vaticano. Não cabe recurso. Durante o processo, ele foi afastado provisoriamente das funções.
Em 2006, o padre Telmo Figueiredo, 45, foi afastado cautelarmente de suas funções religiosas após dois jovens de sua paróquia terem afirmado a representantes da igreja que ele revelou o teor de confissões religiosas. "Foi tudo uma invenção", disse o padre Figueiredo ontem à Folha.
Após um processo ser instaurado para o caso, o Tribunal Eclesiástico Regional e de Apelação de São Paulo determinou que sejam restituídos ao padre todos os ofícios, cargos, funções e honras, por meio de um ato público solene de desagravo promovido pela Diocese de São José do Rio Preto.
O anúncio oficial da absolvição do padre à comunidade onde ele exercia suas funções antes de ser afastado ocorrerá em uma missa, no próximo dia 17.
Além disso, o tribunal classificou de "calúnia" as acusações feitas contra o religioso.
A Diocese de São José do Rio Preto, em nota, informou que "está pronta a colaborar para que a decisão do tribunal restitua todas as condições para que o padre Telmo Figueiredo seja reconhecido em sua condição de presbítero".
O bispo diocesano da cidade, dom Paulo Mendes Peixoto, afirmou no documento que a diocese "se alegra com o desfecho favorável do processo, que serve de alerta para que acusações levianas não venham a prejudicar o bom andamento da vida eclesial".
Ainda sem exercer suas funções, padre Telmo, como é conhecido na cidade, disse que a decisão do tribunal "desmascarou uma farsa" montada contra ele pelos dois jovens.
Segundo o padre, "medidas administrativas internas da direção da paróquia" relacionadas aos dois jovens desencadearam as falsas acusações.
Entre as medidas, estava a possível mudança de um deles da coordenação da catequese.
"Durante o processo, viu-se que foi tudo uma invenção. O problema era provar que você não revelou nada. Era uma situação muito delicada."
O padre, que tem 22 anos de sacerdócio, afirmou ter perdoado os dois jovens e que gostaria de voltar ao trabalho o quanto antes.
Folha SP