Wagner Gomes, O Globo Online
SÃO PAULO - A polícia vai ouvir nesta tarde o depoimento do pedreiro Mizael dos Reis Santos, de 31 anos, funcionário da construtora Terral Atlântica. Ele foi citado durante depoimento dado pelo consultor jurídico Alexandre Nardoni, pai da menina Isabella Nardoni, que morreu após cair do sexto andar de um prédio na zona norte da capital. Alexandre contou à polícia que teve uma discussão com o pedreiro um mês atrás. A princípio chegou a ser divulgado que Alexandre havia discutido com um engenheiro da obra. Mizael disse que trabalha para a empresa que construiu o prédio e que agora trabalha numa obra há cerca de 50 metros do prédio onde a menina caiu na Rua Santa Leocádia, número 138.
O pedreiro Mizael nega a discussão com o consultor jurídico.
- Não houve briga, foi apenas uma conversa. Eu precisava entrar no apartamento dele para arrumar a antena. Alexandre ficou nervoso porque ligaram da portaria umas três ou quatro vezes e ele tinha orientado a mulher dele a não atender ninguém quando ele estivesse fora. Assim que chegou, Alexandre desceu e veio conversar comigo. Ele chamou a mim e à vizinha do apartamento 52 de imbecis. Esse não é um problema para tornar alguém um inimigo. Quando Alexandre fala isso, ele quer fugir do problema - diz o pedreiro.
O pedreiro disse que conversou com Alexandre uma única vez, não conheceu a mulher e seus filhos e nem entrou em seu apartamento. No final de semana seguinte à discussão, a antena acabou sendo consertada por uma pessoa especializada, disse o pedreiro.
Os peritos já estiveram duas vezes no apartamento onde ocorreu a queda. Levaram a tela e utensílios de cozinha que pudessem ter sido usados para cortar a rede de proteção da janela. Um dos investigadores que acompanha o caso, e não quis se identificar, disse que a polícia vê com reservas a versão do pai.
Pai gritava que tinha ladrão no prédio, diz vizinha
Uma moradora do prédio onde vive Alexandre Nardoni, pai da menina Isabella de Oliveira Nardoni, 5 anos, morta na noite de sábado depois de ser atirada de um edifício na zona norte de São Paulo, diz que o pai gritou muito no momento em que desceu do apartamento para o jardim, onde estava o corpo da filha. "Ladrão, ladrão! Ninguém sai do prédio porque tem ladrão!", teria dito, aos berros. A vizinha diz que está traumatizada com o fato e pediu para não ser identificada.
Isabella caiu do prédio volta das 23h30 do último sábado. Segundo os bombeiros, a menina chegou a ser socorrida e levada para o Pronto-Socorro da Santa Casa, mas não resistiu aos ferimentos e morreu por volta da 0h. O delegado Calixto Calil Filho, titular do 9º Distrito Policial (DP), disse que a morte será investigada como homicídio, pois a tela de proteção da janela foi cortada. Havia marcas de sangue no quarto da criança, o que, segundo o delegado, reforça a tese de que ela foi agredida antes de ser jogada.
A vizinha conta que estava dormindo no momento em que a tragédia ocorreu e que acordou com os gritos do pai. Ele teria mostrado preocupação de que ninguém saísse do prédio.
O boletim de ocorrência do homicídio registra que ela foi atirada da janela de um quarto diferente do que foi colocada para dormir. Segundo a polícia, Isabela foi deixada pelo pai no quarto em que costumava ficar. No entanto, a tela que estava cortada era a da janela do dormitório em que os meio-irmãos dormiam.
Segundo o pai da vítima, Isabella estava sozinha no apartamento no momento em que foi jogada da janela. Ele afirmou que deixou sua mulher e os dois filhos do casal no carro, enquanto subiu para colocar a menina, que já dormia, na cama.
O pai da vítima teria então trancado a porta, descido para ajudar a carregar as outras duas crianças, e, ao voltar ao apartamento, destrancou a porta, entrou e viu a tela cortada e a filha caída no gramado em frente ao prédio. Entre o momento de colocar a filha na cama e a volta ao quarto teriam passado de 5 a 10 minutos, de acordo com o depoimento do pai.
Segundo a polícia, também havia marcas de sangue no quarto da criança, o que reforça a tese de que ela foi agredida antes de ser jogada pela janela. No domingo, a perícia feita pela Polícia Técnico-Científica confirmou que a rede de proteção da sacada foi cortada propositalmente por objeto cortante.
Ainda de acordo com as informações do boletim de ocorrência, Isabella apresentava ferimentos na testa e na perna direita, ambos com sangramento, ao ser atendida no pronto-socorro da Santa Casa.
O corpo da menina foi enterrado na manhã de hoje no Cemitério Parque dos Pinheiros, em Jaçanã.
Fonte: Terra
Versão de pai de garota que caiu de prédio não convence
AE / WERTHER SANTANA
O pai biológico e a madrasta de Isabella de Oliveira Nardoni, de 5 anos, deixam o 9º Distrito Policial Carandiru, São Paulo, após prestarem depoimento
Apesar de ainda não tratar o pai biológico e a madrasta como suspeito da morte de Isabella de Oliveira Nardoni, de 5 anos, o delegado titular do 9º Distrito Policial (Carandiru), Calixto Calil Filho, não descarta seu envolvimento no caso. Segundo a polícia, a menina morreu depois de ser arremessada do 6º andar do edifício em que o casal mora, na zona norte de São Paulo. O corpo da menina será enterrado nesta segunda-feira (31), no Cemitério Parque dos Pinheiros, em Guarulhos, na Grande São Paulo.
A polícia pretende fazer uma reconstituição do crime - ainda sem data definida. "Temos certeza de que se trata de homicídio e trabalhamos com duas hipóteses: alguém invadiu o apartamento ou o casal tem culpa." Alexandre e Anna Carolina foram à delegacia à 1 hora da manhã e até as 20 horas de do domingo (30) ainda prestavam depoimento. O delegado diz que a versão do casal não convence. "Não me convenci por causa da ausência de arrombamento, por nenhum objeto ter sido furtado e, principalmente, pela tela cortada."
No quarto do apartamento, peritos da Polícia Civil encontraram gotas de sangue e constataram o corte na tela de proteção da janela. Também havia marcas de sangue em outros cômodos, como se tivessem sido espalhadas por pegadas. Vários exames foram solicitados pelo delegado: toxicológico, para o casal, necroscópico e de lesão corporal, no corpo da Isabella. "Trabalhamos com a possibilidade de a menina já estar bem machucada quando foi arremessada pela janela."
Versão do pai
Isabella de Oliveira Nardoni, de 5 anos, morreu no domingo, 30, após cair do sexto andar do Residencial London, prédio de classe média na Rua Leocádia, Vila Mazzei, zona norte. O pai, o consultor financeiro Alexandre Alves Nardoni, de 29, contou à polícia que havia saído à noite com a mulher, a estudante Anna Carolina Trotta Peixoto, de 24, os dois filhos do casal, de 3 e de 11 meses, e Isabella, filha de outro relacionamento. Eles foram à casa da mãe da estudante. Na volta, Alexandre disse ter estacionado o carro na garagem e subido com Isabella dormindo no colo. Deixou a menina na cama, acendeu o abajur e trancou a porta do apartamento. Em seguida, desceu até o carro para ajudar a mulher a subir com as outras duas crianças.
Nardoni contou que, quando a família chegou ao apartamento, ele procurou por Isabella no quarto e já não a encontrou. Foi quando viu que a tela de proteção da janela estava cortada. Ao olhar para baixo, viu a filha no gramado em frente do prédio. Bombeiros foram chamados às 23h15 de sábado. Isabella ainda chegou a ser resgatada, mas morreu logo depois na Santa Casa de Misericórdia.
Isabella morava com a mãe, a bancária Ana Carolina Cunha de Oliveira, de 23 anos, e o avô materno. Visitava o pai a cada 15 dias e gostava de ir à piscina com os dois irmãos. Ana Carolina engravidou de Isabella aos 17 anos e era muito apegada à filha. No Orkut, além de colocar várias fotos dela com a menina, definia a filha como maravilhosa e paixão de sua vida. Segundo parentes, a madrasta também tinha bom relacionamento com a enteada e costumava buscá-la para passar o fim de semana com a família. Alexandre contou que o intervalo entre deixar a filha e voltar com o resto da família durou de cinco a dez minutos, dado não confirmado pela mulher. No domingo, ela esteve três vezes no prédio com policiais. A família havia se mudado para o prédio na semana passada.
Um suposto desafeto indicado por Nardoni como suspeito de ter assassinado a filha é um construtor ou engenheiro com quem ele teria tido uma discussão. Nardoni, porém, não disse quando foi nem por que ocorreu. O fato será investigado. O porteiro Benedito da Silva diz que não houve assalto nem invasão no prédio. "Nenhum desconhecido entrou ou pulou o muro." As investigações devem durar no mínimo um mês e incluirão reconstituição dos fatos. A polícia vai aguardar resultado dos laudos e também deverá ouvir a mãe e outros parentes da menina.
Agência Estado
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(31/03/2008) - Jorge Arcanjo Oliveira, o avô materno de Isabella de Oliveira Nardioni, afirmou não acreditar na hipótese de morte acidental da neta. "Não foi uma fatalidade", afirmou, em entrevista à Rádio CBN. Ele, porém, não soube dizer o que teria acontecido com a criança.
Oliveira acompanhou o enterro do corpo de Isabella, que aconteceu por volta das 9h desta segunda-feira, 31, no cemitério Parque dos Pinheiros. "É um trauma muito grande que estamos passando", disse.
Isabella, de 5 anos, morreu após cair do sexto andar de um edifício localizado na Vila Isolina Mazzei, na zona norte da capital, na noite de sábado. Ela estava no apartamento do pai, o consultor jurídico Alexandre Alves Nardoni. Segundo o avô, Nardoni sempre a tratou muito bem. "Ele era muito amoroso, muito bom pai", disse.
Questionado sobre uma possível suspeita de participação do pai na morte da filha, Oliveira foi enfático: "Não, isso não. Ele pode ter todos os defeitos, mas isso nunca faria", afirmou. Com relação a um engenheiro com quem Nardoni havia brigado há alguns dias e que a polícia pretende ouvir no inquérito, Oliveira preferiu não comentar.
Ele contou que a neta morava com os avós e a mãe e era uma ótima criança. "Ela era muito amorosa, não tinha defeito nenhum", emocionou-se ao dizer.
A Polícia Civil ouve nesta segunda-feira depoimentos de funcionários do prédio onde a menina Isabella de Oliveira Nardoni, 5, morreu no final da noite de sábado (29) depois de cair do sexto andar, na zona norte de São Paulo. Ela foi enterrada na manhã de hoje.
No prédio moram o pai da garota, o consultor jurídico Alexandre Alves Nardoni, 29, e a atual mulher dele, Anna Carolina Trota Peixoto Jatobá, 24, além de dois filhos do casal. A polícia já ouviu o depoimento de um porteiro do edifício e deve ouvir outro funcionário do prédio. Devido ao enterro, a polícia teve dificuldade para chamar familiares a depor nesta segunda-feira.
Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem |
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Corpo da menina Isabella, 5, que caiu do sexto andar de um prédio no final da noite de sábado, é enterrado na zona norte de São Paulo |
O 9º Distrito Policial (Carandiru) prepara a reconstituição do caso, que deverá ocorrer na próxima semana, segundo o delegado-titular Calixto Calil Filho. Ele também deve solicitar o adiantamento dos laudos do IML (Instituto Médico Legal), do corpo da garota, e do IC (Instituto de Criminalística), do local onde ela estava quando caiu. Em geral, tais exames levam mais de 30 dias para ficar prontos.
Os resultados das análises poderão comprovar se Isabella foi agredida se estava consciente antes de cair do prédio. A perícia feita no apartamento constatou que a rede de proteção da janela do cômodo onde a menina estava foi cortada intencionalmente.
O pai e a madrasta da menina prestaram depoimento e foram liberados por volta das 23h50 de domingo (30). Ambos figuram como averiguados e não suspeitos, de acordo com o delegado que registrou o caso.
A hipótese de homicídio é a mais provável, afirma a Polícia Civil. "Houve um crime onde alguém jogou uma criança da janela após cortar a tela de proteção. Ou foi alguém ligado à criança ou uma invasão. São os únicos indícios que se têm no momento", disse ontem Calil Filho.
A criança morava com a mãe e a cada 15 dias passava o fim de semana com o pai e a madrasta.
Depoimento
Em depoimento, segundo a polícia, Nardoni disse que a queda ocorreu pouco depois de a família retornar de uma visita à casa da mãe de sua atual mulher. Após estacionar o carro na vaga do prédio, o consultor disse que decidiu levar Isabella, que dormia, até o apartamento. Em seguida, retornou ao veículo para auxiliar a mulher a carregar os dois filhos do casal, que também dormiam no carro.
De volta ao apartamento, Nardoni teria percebido que a luz do cômodo onde havia deixado Isabella estava acesa --ele disse que havia deixado apagada ao sair-- e que havia gotas de sangue na cama onde a garota havia sido deixada. Além disso, de acordo com o depoimento, a tela de proteção estava cortada.
À polícia, o consultor jurídico disse que tinha um desafeto, com quem teria tido uma discussão. O delegado informou que o homem apontado pelo pai da criança será procurado e deverá ser ouvido.