Nos jornais: Lula e FHC contabilizam obras dos outros
O Globo
Lula e FH contabilizam obras dos outros
Ancorados por ambiciosos planos de ação que serviram como vitrine de seus governos e de suas campanhas eleitorais, Fernando Henrique e Luiz Inácio Lula da Silva não entregaram em suas gestões tudo aquilo que prometeram — previsão possível de se fazer para o governo petista a dez meses do seu fim. Os balanços dos dois programas do governo tucano — Brasil em Ação, de 1996, e Avança Brasil, de 1999 — mostram que várias obras foram iniciadas, mas ficaram pendentes para o governo seguinte. Em três anos, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) de Lula concluiu apenas 40% dos R$ 638 bilhões em obras previstas para União, estados e municípios. Para cumprir as metas, Lula terá de concluir os 60% restantes em um ano, o que é difícil. Os balanços são feitos pelos dois governos, e tanto a gestão de FH como a de Lula incluem também gastos de estados e municípios e tomam como suas obras iniciadas em gestões anteriores e/ou ainda não concluídas.
Lucro de bancos e desemprego na indústria batem recordes
Olucro líquido de oito bancos privados que já publicaram seus balanços aumentou 24,1% em 2009, na comparação com 2008, a despeito da crise que fez crescer os índices de inadimplência e abateu o nível de atividade geral da economia. O resultado foi turbinado pelo Itaú Unibanco, que ontem divulgou o maior ganho da década do setor bancário no país: R$ 10,067 bilhões, 29% a mais do que o lucro contábil informado em 2008 (de R$ 7,803 bilhões). Em valores nominais, o segundo melhor valor é o do Banco do Brasil em 2008 (de R$ 8,8 bilhões). De acordo com compilação feita pela Austin Rating, a soma do lucro dos oito bancos chegou a R$ 23,174 bilhões em 2009, contra R$ 18,675 bilhões um ano antes. Além do Itaú, fazem parte da amostra Bradesco, Santander, BMG, ABC Brasil, Industrial, Modal e BRP.
Lula inaugura universidade que mal consegue funcionar
A inauguração de dois prédios da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) pelo presidente Lula virou palco para protestos de estudantes que denunciavam os problemas de estrutura. Há falta de acessos ao local, déficit de professores e carência de água. No palanque, o presidente Lula e sua comitiva tiveram de enfrentar os protestos. O governo admitiu falhas e prometeu avaliar as reivindicações.
As obras de um campus avançado para a universidade começaram em 2007, com previsão de entrega em 2012. Dos dez prédios, cinco ainda estão em construção e três sequer saíram do papel, segundo a reitoria, que admite atraso no cronograma.
'Se querem comparar, vamos comparar'
A ministra Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à Presidência, reagiu ao ex-presidente Fernando Henrique, sem citálo, e desafiou a oposição a comparar os governos. Dilma inaugurou obras do PAC em Governador Valadares (MG), ao lado do presidente Lula. Anteontem, ao comparar seu governo com o do petista, o tucano disse que Dilma “não é líder, é um reflexo de líder”, e que ela “não inspira confiança”.
— Se quiserem comparar, vamos comparar número por número, obra por obra, casa por casa, escola por escola, emprego por emprego. Tenho orgulho do nosso líder, que nos lidera neste governo, que é o presidente Lula. O Brasil cresce com o povo e não contra o povo, como ocorreu no passado — disse Dilma.
Após ataques de FH, tucanos sobem ao ringue
Dois dias após o expresidente Fernando Henrique Cardoso publicar artigo no GLOBO e no “Estado de S. Paulo” aceitando fazer a comparação entre seus governos e os do presidente Lula, como queria o PT, líderes petistas comemoraram a entrada do tucano no ringue da disputa presidencial.
E parlamentares da oposição reforçaram o contra-ataque de Fernando Henrique, avisando que não ficarão mais acuados.
Serra evita comentar críticas de FH a Dilma
Ao anunciar ontem o aumento do salário mínimo de São Paulo para R$ 560 — R$ 50 a mais que o mínimo nacional — o governador José Serra, pré-candidato do PSDB a presidente, não quis comentar as críticas do ex-presidente Fernando Henrique à ministra Dilma Rousseff, candidata do PT.
Em entrevista no Palácio dos Bandeirantes, porém, o tucano reclamou do que considerou interesse exagerado da TV Brasil, do governo federal, nos problemas de São Paulo.
Marina: PT e PSDB deviam ter dialogado
A senadora Marina Silva (AC), pré-candidata do PV à Presidência da República, disse acreditar que PT e PSDB erraram por não terem dialogado à procura de um entendimento nos últimos 16 anos, período no qual governaram o país. Filiada ao PT até agosto do ano passado, ela frisou que os petistas deveriam ter procurado esse contato com os tucanos.
— Um erro que cometemos, e digo nós porque fiz parte do PT por 30 anos, foi o de não estabelecer um ponto de contato com o PSDB no período em que ele foi governo. E a mesma coisa aconteceu no período em que o presidente Lula é governo — disse Marina em entrevista à “TV Estadão”, do site do “Estado de S. Paulo”.
'O vício da corrupção entrou em nosso partido'
Chefe de Gabinete de Lula avalia os 30 anos do PT
ENTREVISTA Gilberto Carvalho
Considerado a voz mais frequente do presidente Lula no PT, Gilberto Carvalho, chefe de Gabinete da Presidência, fez ontem uma avaliação dos 30 anos do partido, e disse ao GLOBO que a maior perda do PT no período foi ter “adquirido o vício da corrupção”. Como ganho principal, ele citou o fato de o partido ter conseguido transformar agricultores e operários em atores políticos. Carvalho disse ainda que a vaga de candidato da base ao governo de São Paulo continua reservada para o deputado Ciro Gomes (PSB).
Lula agora defende cautela sobre Alencar
Depois de incentivar nos bastidores a candidatura do vice-presidente José Alencar (PRB) ao governo de Minas Gerais como forma de unir a base governista no estado, o presidente Lula e estrategistas políticos do governo e do PT decidiram mudar de tática e assumir uma posição mais cautelosa. Por isso, a determinação do Planalto foi de, por enquanto, mergulhar com o balão de ensaio da candidatura Alencar, já que foi forte a reação do PMDB do ministro das Comunicações, Hélio Costa, pré-candidato à sucessão do tucano Aécio Neves.
Obras da Petrobras devem ser mantidas
Em sessão do Congresso ontem à noite, senadores e deputados apreciaram o veto do presidente Lula ao Orçamento da União de 2010 que garantiu a liberação de recursos para obras da Petrobras com suspeitas de irregularidades, segundo o Tribunal de Contas da União. O resultado da votação final só será conhecido hoje, mas a expectativa dos governistas e até mesmo da oposição é que o veto de Lula será mantido. A oposição chegou a pedir verificação de quórum no Senado, para tentar impedir a votação, mas o presidente José Sarney (PMDB-AP) decidiu levar a sessão adiante, sob a alegação de que a contagem é feita com as duas Casas juntas, e havia quórum na Câmara.
PF vai investigar desaparecimento de adolescentes
O ministro da Justiça, Tarso Genro, determinou ontem que a Polícia Federal abra inquérito para investigar o desaparecimento de seis adolescentes em Luziânia, Goiás. O ministro acertou a intervenção da PF no caso numa conversa com o secretário de Segurança de Goiás, Ernesto Roller. Tarso se reuniu com as mães de seis adolescentes desaparecidos e com o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Ophir Cavalcante. Até então, o governador Alcides Rodrigues e Roller resistiam à entrada da PF. Um pedido do governo estadual é uma das condições previstas em lei para que a PF atue em casos dessa natureza. Mas, com a insistência da OAB e das mães dos desaparecidos, Tarso tomou a iniciativa de ligar para o secretário e propor a ajuda. Desde o início do ano, seis adolescentes, de 13 a 17 anos de idade, desapareceram em Luziânia.
A reabilitação de Vinicius no Itamaraty
Trinta anos depois de sua morte, o diplomata cassado Marcus Vinicius da Cruz de Mello Moraes vai virar embaixador. A Câmara aprovou ontem a promoção do ex-servidor a ministro de primeira classe do Itamaraty, cargo mais alto da carreira diplomática. O ato reabilita a trajetória profissional do poeta Vinicius de Moraes, que foi perseguido pela ditadura militar e expulso do Ministério das Relações Exteriores em abril de 1969, com base no Ato Institucional nº 5 (AI-5). Redigido por amigos de Vinicius no Itamaraty, o texto da promoção passou três anos numa gaveta do Ministério do Planejamento. Foi finalmente enviado ao Congresso no fim de 2009, depois que uma reportagem do GLOBO revelou bastidores da demissão sumária do poeta.
STJ garante a homossexual pensão de previdência privada
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) tomou ontem uma decisão que abre mais uma brecha para o reconhecimento dos direitos de casais homossexuais. Em julgamento, foi dado a um parceiro o direito de receber pensão de uma empresa de previdência privada após a morte de seu companheiro, com quem mantivera união estável de 15 anos. Para a relatora do processo, ministra Nancy Andrighi, os direitos de casais heterossexuais devem ser estendidos aos homossexuais, considerandose a sociedade na qual vivemos, “com estruturas de convívio familiar cada vez mais complexas”. Os demais ministros da Terceira Turma do Tribunal concordaram.
Gays pedem que Senado barre general no STM
Presos após assumirem um relacionamento homossexual em 2008, o ex-sargento Fernando Alcântara de Figueiredo e o sargento Laci Araújo pediram ontem ao Senado que barre a indicação do general Raymundo Nonato de Cerqueira Filho para o Superior Tribunal Militar (STM). O oficial provocou polêmica na semana passada ao afirmar, na Comissão de Constituição e Justiça, que é contrário à presença de gays nas Forças Armadas. Em requerimento entregue à Mesa Diretora do Senado, os dois dizem que, se tiver a indicação confirmada, o general julgará ação contra Laci no STM.
— Pedimos que o Senado não homologue o nome do general. Sua declaração foi homofóbica e preconceituosa — disse Figueiredo.
O Estado de S. Paulo
PSDB deve ao País uma 'Carta aos Brasileiros', afirma Bernardo
Escalado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para integrar o time de defesa da chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, afirmou ontem que o PSDB deveria apresentar uma Carta ao Povo Brasileiro na campanha, como fez o PT em 2002. No contra-ataque aos tucanos depois que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que Dilma, pré-candidata do PT ao Palácio do Planalto, "não inspira confiança" e é "reflexo de um líder", Bernardo evocou o documento petista para sustentar que quem ameaça dar um "cavalo de pau" na economia é o PSDB.
Lula avisa que vai viajar com Dilma enquanto 'lei permitir'
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva mostrou ontem que não está preocupado com as denúncias de campanha antecipada apresentadas pelos adversários à Justiça Eleitoral, avisou que visitará obras até o último dia do mandato e atribuiu a reação da oposição à falta de discurso. Ele chamou o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) de "salvação da lavoura" - por ter gerado emprego durante a crise mundial - e disse que levará a pré-candidata do PT à Presidência, ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), às inaugurações enquanto a legislação permitir.
'Respeitamos Ciro, mas ninguém pode governar sozinho'
O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, defendeu a aliança do PT com o PMDB, sob o argumento de que "ninguém pode governar sozinho", e rechaçou comentários do deputado Ciro Gomes (PSB-CE), para quem a coligação de apoio à chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, padece de "frouxidão moral". Bem-humorado, ele poupou Ciro, que não desistiu de disputar o Planalto, mas alfinetou a oposição. "Às vezes, o PSDB e o DEM tendem a achar que o mundo está dividido em duas partes: uma que apanha e outra que bate. Temos de mostrar que eles não vão ter vida fácil nessa campanha", insistiu.
'Eles é que devem fazer carta para explicar política fiscal', reage Virgílio
A declaração do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, de que o PSDB deveria apresentar uma Carta ao Povo Brasileiro para explicar o que pretende fazer com a política econômica, caso vença a eleição presidencial, foi recebida como provocação na seara tucana. A reação veio no mesmo tom. Lideranças do partido no Congresso acusaram ontem o ministro de ter "memória fraca" e disseram que é o PT que tem de se explicar à sociedade pelo episódio do mensalão e por uma política fiscal "irresponsável". "Eles devem explicações até hoje ao povo brasileiro sobre o mensalão", reagiu o líder do PSDB na Câmara, deputado João Almeida (BA), referindo-se ao escândalo que virou uma eterna pedra no sapato dos petistas.
Serra anuncia piso salarial de R$ 560
O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), anunciou ontem que o novo piso salarial paulista será de R$ 560 - valor que equivale a um reajuste de 10,89%. Embora o aumento seja maior que o do salário mínimo nacional, concedido pelo governo federal, representa um crescimento menor que o registrado no ano passado. Antes da decisão, houve discussão na equipe econômica do Estado sobre o critério de reajuste e chegou-se a anunciar um aumento menor que o do salário mínimo. A proposta, que altera as três faixas salariais do Estado, chega a 1,4 milhão de trabalhadores. A primeira faixa passará de R$ 505 para R$ 560 e alcança trabalhadores domésticos e motoboys, entre outros. As outras duas faixas irão de R$ 530 e R$ 545 para R$ 570 e R$ 580, respectivamente. A medida passa a valer após aprovação do projeto de lei pela Assembleia.
Ofensiva de FHC não foi combinada, mas tucanos apoiam
A ofensiva do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso contra as críticas e as avaliações dos governos tucanos (1995-2002) feitas pelo presidente Lula e pela candidata petista ao Planalto, Dilma Rousseff, não foi previamente combinada com a cúpula do PSDB. Apesar disso, as lideranças do PSDB disseram ontem que o ex-presidente não está "nem na contramão nem fora do tom".4] A única definição estratégica dos tucanos, até agora, é esta: o governador e pré-candidato ao Planalto, José Serra, oficializa a candidatura em março e, até lá, não se envolve em nenhum bate-boca com Lula porque o presidente não é o candidato a enfrentar. O próprio Serra, em entrevista ao Estado, em meados do mês passado, disse que "candidato a presidente não é chefe da oposição".
Governador questiona TV Brasil
O governador José Serra sugeriu ontem que a TV Brasil, ligada ao governo federal, faz cobertura jornalística parcial. Durante entrevista sobre o novo piso salarial do Estado, Serra foi questionado por uma repórter da emissora sobre as medidas tomadas pela Sabesp para solucionar a interrupção no fornecimento de água para 750 mil pessoas. "A Sabesp está fazendo o possível para arrumar isso. Espero que a TV Brasil tenha o mesmo interesse com cada Estado e município", disse o tucano. Questionado se sentia perseguido pela TV Brasil, afirmou: "De forma nenhuma. Pelo contrário. É um interesse grande demais que gostaria que fosse disseminado por todo lado. Espero que essa disseminação seja total e não parcial como tem sido."
Briga entre PT e PSDB chega ao plenário do Senado
As críticas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que chamou a ministra Dilma Rousseff de "reflexo de líder" ecoaram e dominaram a sessão do Senado ontem. Ex-presidente do PSDB, o senador Tasso Jereissati (CE) subiu à tribuna para dizer que a candidata é como silicone. "A Dilma é uma liderança de silicone. É bonita por fora e falsa por dentro", atacou. Foi a senha para o início de um debate de duas horas, no qual o PT levou desvantagem. Apenas três senadores da sigla - Eduardo Suplicy (SP), João Pedro (AM) e Serys Slhessarenko (MT) - estavam no plenário. Suplicy se limitou a reconhecer que programas sociais tiveram início com FHC e foram "ampliados" sob Lula.
Supremo pode decidir sobre futuro de centrais
O Supremo Tribunal Federal (STF) pode decidir hoje a retirada de poderes e milhões de reais da receita das centrais sindicais. Além disso, deve voltar a julgar uma ação do DEM que questiona a possibilidade de substituição das entidades sindicais ? sindicatos, federações e confederações ? por centrais e, consequentemente, a destinação a essas centrais de 10% dos recursos arrecadados pelo imposto sindical. De acordo com informações do Ministério do Trabalho, o valor total arrecadado com a contribuição sindical urbana, patronal e laboral em 2009 foi de R$ 1, 66 bilhão. O órgão também pode decidir hoje sobre a legalidade do parcelamento do pagamento de precatórios em 10 anos. Os julgamentos já começaram e foram interrompidos por pedidos de vista.
CPI do MST mira repasse de verbas a entidades
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destinada a investigar as atividades de movimentos e organizações não-governamentais envolvidas com a reforma agrária pode se transformar em mais uma dor de cabeça para o governo federal nas próximas semanas. Programada para iniciar suas atividades hoje à tarde, a CPI vai se debruçar especialmente sobre o repasse de verbas públicas para entidades ligadas ao Movimento dos Sem-Terra (MST), que aumentaram durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "A CPI tem força para abrir as contas das entidades e ver se o dinheiro público está sendo bem aplicado", disse o deputado Valdir Colatto (PMDB-SC), integrante da CPI e presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária ? uma das bancadas mais influentes do Congresso. "Vamos cobrar transparência nessas transações."
Instituto do PT será alvo de devassa irrestrita
O Tribunal de Justiça de São Paulo impôs ontem período amplo e irrestrito para a quebra do sigilo bancário, financeiro e fiscal do Instituto Florestan Fernandes, ligado ao PT, alvo de investigação do Ministério Público. Com o voto do desembargador Marrey Uint, da 3ª Câmara de Direito Público, caiu a única divergência que havia com relação ao prazo da devassa. O julgamento começou há duas semanas. Os dois votos iniciais já decretaram a quebra do sigilo, mas ficou a pendência sobre o tempo abrangido pela medida. O desembargador Antonio Carlos Malheiros, relator, queria limitar a busca em um ano e meio, de 28 de julho de 2003 a 1º de dezembro de 2004.
Folha de S. Paulo
Serra muda critério para dar reajuste maior ao mínimo
Depois de uma queda de braço entre área política e equipe econômica, o governo de São Paulo mudou, pela primeira vez, o critério de reajuste do piso salarial de Estado, o que possibilitou que o governador José Serra anunciasse ontem um índice de reajuste maior do que o do salário mínimo nacional. Graças à alteração, definida na noite de segunda-feira, véspera do anúncio, o "mínimo estadual" será corrigido em 10,89%, passando de R$ 505 para R$ 560. O índice de reajuste do mínimo fixado pelo governo Lula foi de 9,68%.
Pergunta da TV Brasil irrita tucano
O governador José Serra acusou a TV Brasil, do governo federal, de parcialidade na cobertura de sua administração. Serra não escondeu a irritação durante o anúncio do piso salarial, quando uma repórter identificou-se como da TV Brasil e perguntou o que ele "teria a dizer aos 750 mil moradores" de São Paulo que ficaram três dias sem água em razão de um problema em adutora da Sabesp. Em resposta, afirmou que a Sabesp estava trabalhando para solucionar o caso. "Espero que a TV Brasil tenha o mesmo interesse com cada Estado e cada município", disse ele.
Reajuste modifica contribuição para Previdência
Caso o reajuste proposto pelo governo paulista seja aprovado pela Assembleia Legislativa, os pisos no Estado, que variam de R$ 505 a R$ 545, oscilarão de R$ 560 a R$ 580. Com isso, serão alteradas as contribuições que empregadores e trabalhadores fazem à Previdência.
Desde 2007, São Paulo adota um mínimo regional. Segundo o governo, o objetivo é proteger os trabalhadores que não pertencem a categorias profissionais organizadas em sindicatos. Esse é mais um esforço do governador José Serra para se aproximar dos eleitores de menor renda.
PT se preocupa com vácuo em SP, RJ e MG
A obsessão do PT com uma tática eleitoral que evite a divisão de aliados nos Estados poderá deixar a sigla sem candidatos próprios no eixo São Paulo-Minas Gerais-Rio de Janeiro, que abriga cerca de 55 milhões de eleitores (41,6% do eleitorado nacional). O cenário preocupa dirigentes da sigla, sobretudo porque São Paulo e Minas são governados pelo PSDB, respectivamente, há 16 e oito anos. A Folha apurou que a nova direção do PT pretende votar uma resolução no congresso nacional da sigla, entre os dias 18 e 20, que praticamente lhe dará carta branca para arbitrar as escolhas dos candidatos onde houver polêmica com aliados, sobretudo o PMDB.
Oposição é "time frágil", afirma Lula
Em novo round da troca de farpas com a oposição em torno da sua sequência de viagens pelo Brasil ao lado da ministra da Casa Civil e pré-candidata à sua sucessão, Dilma Rousseff, o presidente Lula afirmou que a oposição parece um "time frágil, que tenta parar [o outro] no tranco, fazendo falta". A declaração foi dada em entrevista a duas rádios de Governador Valadares, no leste de Minas Gerais, onde, junto com Dilma, lançou um pacote de ações do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e dos programas Minha Casa, Minha Vida e Bolsa Família.
Tasso diz que Dilma é "líder de silicone, bela por fora, falsa dentro"
Depois de o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso classificar a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) de "reflexo de um líder", ontem foi a vez de senadores do partido reforçarem as críticas à candidata do PT à sucessão presidencial. O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) chamou Dilma de "liderança de silicone" por ser, segundo ele, "bonita por fora, mas falsa por dentro". Num debate que durou duas horas e contou com a participação de 11 senadores (só três da base aliada do governo), Dilma foi chamada de "Frankenstein", por Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), "ventríloquo", por Marisa Serrano (PSDB-MT), e acusada de não pensar pelo presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra (PE).
"Vamos comparar obra por obra", afirma ministra
Em resposta à ofensiva protagonizada desde o último sábado pelo ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso (PSDB), a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), pré-candidata do Planalto à sucessão presidencial, afirmou ontem que o governo Lula está pronto para comparar números de sua gestão aos de FHC. "Se quiserem comparar, nós vamos comparar. Número por número, casa por casa, obra por obra, escola por escola, emprego por emprego", disse Dilma.
Mendes se diz "orgulhoso" por ter combatido Estado policial
O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, afirmou ontem que se sente "orgulhoso" por ter combatido e denunciado o que chamou de Estado policial. "Onde polícia se torna Poder, democracia não existe", disse, em discurso na CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). Mendes falou que, desde que o STF editou súmula vinculante restringindo uso das algemas, não houve mais a "espetacularização das prisões". "O Brasil deve isso ao Supremo. Só isso já bastaria para consagrar o STF."
Plano cria "comissão da calúnia", diz general
O general da ativa Maynard Marques de Santa Rosa, chefe do Departamento-Geral do Pessoal do Exército, diz em nota que a comissão da verdade, criada pelo governo para investigar crimes contra os direitos humanos durante a ditadura militar (1964-1985), seria formada por "fanáticos" e viraria uma "comissão da calúnia". Segundo ele, que é general de quatro estrelas (maior patente militar) e parte do Alto Comando do Exército, os integrantes da comissão seriam os "mesmos fanáticos que, no passado recente, adotaram o terrorismo, o sequestro de inocentes e o assalto a bancos como meio de combate ao regime, para alcançar o poder".
Vídeo reforça suspeita de suborno no DF
Um vídeo que está sendo periciado pela Polícia Federal reforça a suspeita de que o governador José Roberto Arruda (sem partido) ofereceu R$ 1 milhão para uma testemunha depor a favor dele no inquérito do mensalão do DEM. Na gravação obtida pela Folha, um ex-secretário do Distrito Federal, próximo ao governador, afirma ter ouvido Arruda dizer que precisava da "ajuda" da testemunha, o jornalista Edson Sombra.
Sombra gravou o vídeo e o entregou à PF afirmando ser prova da tentativa de suborno por parte do governador. O ex-secretário de Comunicação Weligton Moraes aparece no vídeo conversando com Sombra sobre o repasse de R$ 1 milhão em troca de um depoimento favorável a Arruda. No diálogo, o jornalista comenta com Moraes que temia ser alvo de "armação" de Arruda e pergunta se o ex-secretário levou a preocupação ao governador.
PF acha R$ 625 mil com aliados de governador
A Polícia Federal apreendeu na operação Caixa de Pandora cerca de R$ 625 mil nas casas dos principais aliados do governador José Roberto Arruda (sem partido), suspeito de comandar o mensalão do DEM, um esquema no governo do Distrito Federal de pagamento de propina a políticos. A Folha teve acesso às analises da PF sobre o material encontrado. Os policiais federais acharam R$ 85 mil na casa do ex-presidente da Câmara Legislativa do DF Leonardo Prudente (sem partido) -filmado colocando dinheiro nas meias. O deputado renunciou à presidência da Câmara Legislativa no dia 25 de janeiro.
Correio Braziliense
Um dique para submergir Serra
O governo usará os transtornos provocados pelas chuvas como trunfo na campanha eleitoral. Por decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, será incluída no chamado PAC 2, a ser lançado em março, uma previsão de novos investimentos na prevenção de enchentes. A ideia é usar o palanque oficial a fim de minar a pré-candidatura presidencial do governador de São Paulo, José Serra (PSDB). Fustigá-lo ao sugerir a seguinte comparação: enquanto os tucanos não conseguem solucionar o problema, apesar de estarem há 15 anos à frente da administração paulista, Lula e a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), têm projetos e recursos para acabar com o calvário enfrentado pela população do maior colégio eleitoral do país.
Privilégio para os gaúchos
O Ministério da Justiça privilegiou, em 2009, o Rio Grande do Sul em repasses de dinheiro federal em forma de contribuições e auxílios ao governo e a prefeituras. O estado recebeu R$ 14,4 milhões, dos quais R$ 6,3 milhões, 43% do total, injetados em cinco municípios administrados por partidos aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A verba cai como uma luva para as pretensões do ministro Tarso Genro (PT), que deixa a pasta hoje para se dedicar à campanha ao governo gaúcho.
Novo titular da Justiça promete mudar pouco
O ministro da Justiça, Tarso Genro, deixa hoje o cargo para se candidatar ao governo do Rio Grande do Sul. Será substituído pelo secretário-executivo, Luiz Paulo Barreto, funcionário de carreira da pasta. Barreto já ocupou a função 15 vezes desde a gestão de Márcio Thomaz Bastos, em 2004. Com 46 anos, o novo ministro ficou conhecido no episódio em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentou expulsar do Brasil o jornalista Larry Rother, do New York Times. Barreto, que estava no exercício do cargo, foi contra a decisão do Palácio do Planalto (leia memória). Segundo ele, poucas mudanças serão feitas na pasta e os principais auxiliares de Tarso continuarão nos postos.
Pedido de chefe é uma ordem
Sem muito estardalhaço, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem usado as audiências para tratar da vida de cada um de seus ministros na temporada eleitoral deste ano, escalando muitos deles para permanecer no cargo durante a campanha. O quadro está praticamente fechado e o Palácio do Planalto calcula que só 11 ministros deixarão o governo para tentar buscar um mandato eletivo em 2010. Antes, eram 15.
Recado vem de Minas
Governador Valadares, Teófilo Otoni e Montes Claros (MG) — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, subiram o tom nos ataques e reagiram à oposição em Governador Valadares e Teófilo Otoni. Oficialmente, a campanha ainda não começou, mas os palanques já foram montados. O presidente e sua pré-candidata ao Palácio do Planalto não pouparam críticas aos adversários, respondendo às provocações feitas, principalmente, pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. E não foi só o tom que subiu. Dilma e Lula quebraram o protocolo ao descerem do carro oficial para abraçar e cumprimentar eleitores que os esperavam no aeroporto de Governador Valadares. O complemento foi dado com uma extensa lista de inaugurações, passando de casas populares até a criação de universidade a distância.
Senadores escapam da votação de vetos de Lula
O Congresso apreciou ontem os vetos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Lei Orçamentária nº 12.214/10 que retiram quatro empreendimentos da Petrobras da lista de obras auditadas pelo Tribunal de Contas da União com indícios de irregularidades. De acordo com o vice-presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), apesar de a votação ter sido encerrada, o resultado só será divulgado na manhã de hoje. Apesar da presença de 359 deputados, os parlamentares notaram a ausência dos senadores na votação. Apenas 26 estiveram presentes, mostrando, assim, que os senadores da oposição não cumpriram o acordo e boicotaram a votação dos vetos presidenciais.