Em um incidente que as autoridades disseram ser raro, a cabeça do meio-irmão de Saddam se separou do corpo.
Al Bandar pode ser visto pendurado na forca. Já o corpo de Al Tikriti, logo após cair do cadafalso, aparece no chão - enquanto sua cabeça foi atirada a vários metros de distância. Especula-se que o carrasco ajustou erroneamente o cumprimento da corda, que deveria ser longa o suficiente para apenas quebrar o pescoço do condenado.
No entanto, o porta-voz do governo iraquiano que confirmou a notícia, Ali al-Dabbagh, disse que "não houve violações" durante a execução.
Os Estados Unidos e a Grã-Bretanha concentraram suas reações na forma como as execuções desta segunda-feira foram realizadas.
A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, disse que, apesar de as execuções serem responsabilidade do Iraque, ela ficou decepcionada por não terem sido realizadas com "mais dignidade".
Mesmo prédio
Barzan al-Tikriti e Awad Hamad al-Bandar foram condenados pela morte de 148 xiitas depois de um atentado contra Saddam, em 1982, em Dujail.
As execuções teriam acontecido no mesmo local em que Saddam morreu no dia 30 de dezembro, ao ser executado pelo mesmo crime que Al-Tikriti e Al-Bandar.
A execução de Saddam Hussein provocou críticas depois que um vídeo não-autorizado mostrou que o prisioneiro foi insultado pouco antes de ser enforcado.
Barzan Ibrahim al-Tikriti era presidente da temida polícia secreta do país e foi considerado responsável pela tortura e execução de centenas de pessoas.
Ele era uma figura de destaque do governo iraquiano na época da invasão do país liderada pelos Estados Unidos em 2003, e estava na lista dos mais procurados pelas autoridades americanas.
Al-Bandar impôs a sentença de morte nos moradores de Dujail. De acordo com os documentos judiciais, ele realizou julgamentos-espetáculo que freqüentemente acabavam em sentenças de morte sumárias.
ONU condena execuções de aliados de Saddam
A Organização das Nações Unidas (ONU) condenou as execuções por enforcamento do meio-irmão de Saddam Hussein, Barzan Ibrahim al-Tikriti, e do ex-chefe da Corte Revolucionária do Iraque, Awad Hamad al-Bandar, nesta segunda-feira.
A comissária de Direitos Humanos da ONU, Louise Arbour, que se opõe à pena de morte "em qualquer circunstância", disse que as execuções podem tornar mais difícil levar à Justiça pessoas que cometeram crimes parecidos no Iraque.
"Neste caso particular a punição não é apenas irremediável como também pode tornar mais difícil o registro judicial completo de outros crimes, igualmente horríveis, cometidos no Iraque", disse Arbour.
Na opinião dela, é fundamental para a "reconciliação nacional" levar os responsáveis por sérias violações dos direitos humanos à Justiça.
"Mas para ser verossímil e durável, a luta contra a impunidade tem de ser baseada no respeito aos padrões internacionais de direitos humanos", ressaltou Arbour.