Há dois anos, era comum ver um sorriso estampado no rosto de Maria Aparecida. Recentemente, a mudança de aparência se tornou visível: mais magra e abatida, seu físico denunciava os possíveis problemas. A técnica judiciária foi umas das vítimas do golpista Kléber Ferreira Gusmão Ferraz, de 37 anos. Ela morreu depois de fazer um pacto com o bandido. Eles iriam tomar veneno de matar ratos, mas só ela bebeu a droga.
Despesas e decepções
Kléber conheceu Maria Aparecida no site de relacionamento Orkut e disse que era agente do serviço secreto de Israel. Durante o relacionamento, ela comprou um carro financiado para o namorado e teve que vender uma quitinete no Sudoeste, bairro de Brasília, e um apartamento de dois quartos para pagar dívidas de gastos feitos com o estelionatário. Kléber é casado e pai de dois filhos. A técnica judiciária pagava até a escola dos filhos dele.
Segundo o delegado da 2ª DP, Antônio José Romeiro, em fevereiro deste ano, Kléber foi preso vestido com um uniforme da Polícia Militar. Maria Aparecida estava com o namorado e descobriu que ele não era agente da polícia e nem do serviço secreto. Ainda assim, o golpista conseguiu convencê-la que a amava. Foi aí que os dois fizeram o pacto de morte.
“Primeiramente eles planejaram fazer um mergulho no ponto mais profundo do Lago Paranoá. Lá eles deixariam o oxigênio do equipamento acabar para morrrer asfixiados. Mas num segundo plano, eles resolveram ingerir o veneno estricnina. Então, os dois compraram esse veneno numa loja da 510 Sul; ela alugou um quarto no Bay Park hotel, com 30 dias de antecedência. Eles ficaram esperando o momento certo para praticar o suicídio”, relata Romeiro.
Desde a semana passada, Kléber Ferreira Gusmão está preso no Departamento de Polícia Especializada. Nesta quarta-feira (14), a 2ª DP, responsável pela investigação do caso, envia o inquérito à Justiça.
Maria Aparecida não foi a única vítima do golpista. Ele já aplicou o mesmo golpe em outras duas mulheres. Uma delas, inclusive, sofreu um infarto e morreu ao saber o valor das dívidas que contraiu por causa de Kléber.
O estelionatário será indiciado por auxílio e instigação ao suicídio e pode pegar de dois a seis anos de cadeia. Segundo o delegado, a pena pode ser duplicada já que o crime teve motivação egoística.