O INFERNO DE DANTE

Responda com sinceridade. Você abriria mão de um contrato milionário de 3 milhões e 600 mil dólares e uma brilhante carreira esportiva, para se alistar como voluntário no exército e ser treinado para lutar contra terroristas em outro país?

Patrick Daniel Tillman, Jr, o Pat Tillman, craque de futebol americano do Arizona Cardinals, uma das grandes equipes da NFL, topou a parada. Conta-se que Tillman ficou tão emocionalmente devastado com os ataques de 11 de setembro que, oito meses depois, em maio de 2002, largou família, fama e dinheiro para vestir o uniforme do exército americano, numa tropa de elite do 75th Ranger Regiment. Dois anos depois, estava morto no Afeganistão, depois de ter participado da invasão do Iraque em 2003.

John Kerry, o candidato democrata derrotado por Bush na última eleição, causou enorme polêmica há pouco tempo quando recomendou aos alunos de uma universidade que estudassem direitinho, caso contrário iriam acabar no Iraque, numa clara alusão ao baixo nível social e intelectual dos rapazes que se alistam nas forças armadas e aceitam ir para as frentes de combate. Perfil que não se coaduna com o nosso personagem, Pat Tillman, rico e famoso.

Talvez por isso a morte de Tillman, em 22 de abril de 2004, aos 27 anos, relatada como “morte em combate”, ganhou especial destaque na mídia americana, que o transformou imediatamente em herói nacional. Ele recebeu honras militares e medalhas post-mortem por atos de bravura.

Mas a história não era bem essa. Na verdade, Tillman não morreu como herói. Foi morto pela incompetência de seus colegas, atingido pelo chamado “fogo amigo” e o exército americano fez tudo para tentar esconder o fato. Agora, as investigações do Pentágono, que começaram em 2005, estão vindo à tona e envolvem militares de alta patente. O relatório fala em nove oficiais, entre eles quatro generais.

O assunto virou um prato para a imprensa, que agora parece retroceder em relação ao apoio dado a Bush na época da invasão do Iraque. Katie Couric, a principal âncora da CBS, comenta hoje em sua página na internet que o relatório do Pentágono indica que na pressa de fabricar um herói, o sistema falhou lamentavelmente em (não) dizer a verdade sobre a morte de Tillman – deixando a família em depressão, depois de espalhar falsas e imprecisas informações.

Como um assunto puxa outro, vale aqui citar que até segunda-feira (dia 26), quando morreram mais cinco soldados no Iraque, o número de militares americanos mortos na guerra subiu para 3.239. Em contrapartida, o número de iraquianos mortos desde a invasão chega a 650 mil, segundo relatório divulgado pela BBC, confirmado por alto funcionário do governo britânico, e 655 mil, segundo pesquisadores da John Hopkins Bloomberg School of Public Health.

Felizmente, há vozes cada vez em maior número que se levantam contra essa guerra cruel e injustificada. Uma delas, a do ator norte-americano Sean Penn, que comparou as condições de vida dos iraquianos ao "inferno de Dante", durante reunião de pacifistas no Oregon:

O Iraque não é nosso banheiro. É um país de seres humanos que, durante um tempo, foram oprimidos por Saddam Hussein e agora vivem como no inferno de Dante. Apoiemos nossas tropas, mas não sua exploração e de suas famílias.

Fonte: Direto da Redação


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