O mundo dos brechós em Ribeirão

Lojas que compram e vendem artigos usados são alternativa para quem tem roupas e móveis encalhados em casa

IGOR SAVENHAGO
Gazeta de Ribeirão

Há 24 anos, quando se mudou para um apartamento, Aparecida de Falco Marques se viu diante de um problema: não havia espaço para guardar tudo o que acumulou na moradia anterior, uma casa mais espaçosa. A alternativa foi vender os objetos dispensáveis. O marido trabalhava com venda de móveis usados e teve que ceder uma parte do estabelecimento para que Dona Cida, como é carinhosamente conhecida pelos amigos, comercializasse roupas e utilidades de cozinha usadas.

A iniciativa fez sucesso. A atividade, que seria apenas provisória, foi mantida. Nascia ali um dos brechós mais antigos e famosos de Ribeirão Preto, que se perpetuou. Hoje, Cida trabalha em duas unidades, uma próxima a outra, na rua São Sebastião, no centro de Ribeirão. Blusas, calças, sapatos, betedeiras, liquidificadores, pratos e talheres são alguns exemplos de peças que podem ser encontradas em seus estabelecimentos. Apesar de usadas, tudo no mais perfeito estado. "Não faço consertos. Só compro se estiver funcionando e em condições de uso".

Lojas como a dela podem ser a alternativa para quem tem artigos encalhados em casa e ainda não pensou no que fazer com eles. "A gente paga desde R$ 0,50 por uma peça até R$ 50,00, dependendo do estado de conservação e da qualidade do material. E revendemos por preços mais baixos que os de mercado. Tem roupa quase nova que chega a custar, para o cliente, menos da metade em relação ao valor de mercado, já que nosso público-alvo são as classes menos favorecidas da população", lembra Dona Cida.

Segundo ela, o negócio é lucrativo, apesar do crescimento da concorrência. "Antigamente, não tinha muito comerciante neste ramo. Atualmente, é um em cada esquina e, com isso, a oferta de bons produtos diminui. Diante disso, a gente tem de garimpar. Estar sempre correndo atrás de roupas e eletrodomésticos", afirma. "Ainda bem que tenho alguns fornecedores fiéis, que sempre vêm me trazer coisa boa".

Outra que decidiu investir neste setor foi Sara Venturi. Proprietária do Mercatudo, na rua Saldanha Marinho, trabalha com artigos usados há 30 anos. Antes, o forte eram os móveis. Agora, o leque de ofertas é variado.

Manicure ganha R$ 1 mil

A manicure Cristina de Almeida vende para brechós há 20 anos. Roupas que ficaram velhas no armário ou que ela ganha de amigos e vizinhos rendem, todo mês, para seu orçamento doméstico, cerca de R$ 1 mil. "Não compro de brechós. Apenas vendo. E o resultado é bom. Consigo um dinheiro a mais para as despesas da casa", afirma.

Outra freqüentadora assídua de brechós em Ribeirão Preto é a estudante de moda Vanessa Martinez. Sempre que sobra uma peça no guarda-roupa, procura uma loja especializada em compra e venda de artigos usados. "De vez em quando, você não agüenta mais olhar para uma roupa. Já usou tantas vezes que quer se ver livre dela. Além de esvaziar um pouco o armário, ainda dá para ganhar uma grana". (Gazeta de Ribeirão)

Móveis são destaque

Enquanto as roupas e utilidades domésticas se destacam no centro da cidade, a avenida Saudade é a referência em móveis usados. Em um trecho de 1.600 metros, são 11 lojas especializadas em compra e venda de mesas, cadeiras, camas, sofás, estantes, penteadeiras, entre outros - uma a cada 150 metros, em média. São diversas opções para quem pretende mobiliar a casa sem causar um rombo no orçamento. Em função disso, a avenida ficou conhecida por consumidores e comerciantes como o "corredor de móveis usados".

Uma das mais antigas do ramo é a Bueno´s, fundada no início da década de 90 e que, nessa época do ano, vê o movimento aumentar, principalmente com a chegada de estudantes de outras regiões do Estado aprovados nas universidades de Ribeirão que querem economizar na montagem de suas repúblicas.
(Gazeta de Ribeirão)

SERVIÇO

Brechó da Dona Cida
Rua São Sebastião, 143 e 223
Fones: (16) 3635-1395 / 3941-4043

Mercatudo
Rua Saldanha Marinho, 234
Fone: (16) 3625-8975

Bueno´s Móveis Usados
Avenida Saudade, 560
Fone: 3610-6823

FRASE

Antigamente, não tinha muito comerciante neste ramo. Atualmente, é um em cada esquina e, com isso, a oferta de bons produtos diminui. Diante disso, a gente tem de garimpar

Aparecida de Falco Marques