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TELA QUENTE - Com menus na tela acionados pelo mouse, o Joost aproxima a TV online da TV digital |
Programa de vídeos online abre sua fase de testes para meros mortais
Alexandre Matias
“TV em qualquer lugar, a qualquer hora.” Este é o slogan do Joost, que começa oficialmente a caminhar a trilha que transforma o hype em um sucesso neste mês de abril. O software, desenvolvido pelos suecos Niklas Zennström e Janus Friis (a mesma dupla que criou o Kazaa e o Skype), aos poucos deixa de ser uma aposta quente entre os novos nomes para 2007 para ter seu batismo de fogo.
O programa ainda se encontra em fase de testes e não anunciou sua data oficial de lançamento, mas, desde a semana passada, quem já havia se cadastrado no site www.joost.com para participar dessa fase beta recebeu um email que dá acesso ao download do programa. Se você tem interesse em participar também, faça seu pedido agora.
Antes restrito a anunciantes, jornalistas e programadores escolhidos a dedo, o Joost agora passa a aceitar “meros mortais” em sua rede de relacionamentos. E quem já está lá dentro pode convidar conhecidos para entrar na brincadeira. O número de convites é proporcional ao tempo de uso do programa.
Ou seja, o Joost começa a investir na expansão da comunidade, o que será fundamental para o negócio dar certo. Porque, apesar de se vender como a televisão do futuro, o programa é parente direto de redes sociais online como Orkut e MySpace. E filho da lógica das redes P2P (“peer-to-peer”), que deu origem ao Napster e instaurou a atual crise no modelo econômico inventado pela indústria de entretenimento no século 20.
Desde fevereiro deste ano, o Joost (cuja pronúncia original é “iúst”) tem gerado muita expectativa como o próximo capítulo na fusão entre a TV e a internet. 2006 foi o ano do YouTube; 2007 promete ser o ano do Joost. Será?
Para responder (ou pelo menos tentar responder) a essa pergunta, é importante entender as diferenças entre os dois.
A primeira delas é que, ao contrário do YouTube, o Joost não permite que os usuários uploadem seus próprios conteúdos. Isso pode afastar pessoas que curtem justamente colocar seus vídeos para mostrá-los ao mundo. Mas protege o Joost de uma avalanche de produções caseiras e conteúdo de baixa qualidade e evita exposição a infrações de direito autoral.
Mas a diferença mais significativa é que o YouTube é um site da web (www), acessado via um navegador tradicional (Internet Explorer, Firefox, etc). Já o Joost é um programa que usa a internet para criar sua própria rede, como o MSN, o Skype ou vários jogos online.
Essa rede é formada justamente pelos usuários do programa, que compartilham suas bandas de conexão à internet. Quanto mais pessoas estiverem assistindo a determinado programa, melhor a qualidade e a velocidade da transmissão.
Mesmo sem ainda ter um grande número de usuários (a empresa não revela o número atual), no teste realizado pelo Link nesta semana a qualidade do vídeo, exibido em tela cheia, foi boa, com pequenos tropeços de “buffering” (aquelas irritantes pausas na transmissão em “streaming”).
No Joost, os conteúdos dos diferentes canais (leia texto ao lado) podem ser acessados de forma não-linear. Basta escolher o canal e o programa e começar a assistir, interrompendo-o e voltando a assistir sempre que quiser.
Outro diferencial é uma série de recursos interativos como uma sala de chat para cada canal e programa, na qual as pessoas podem conversar ou deixar comentários. Também é possível avaliar o programa e convidar outras pessoas a assisti-lo.
Ainda não está claro o modelo de negócio do Joost. Por enquanto, há anúncios de 1 segundo antes de alguns vídeos, que têm duração variada. A fase beta é gratuita e ainda não há informação se o serviço será cobrado no futuro.
Essa característica interativa, que aproxima a TV online da TV digital, foi fortalecida pelo Joost na semana passada com a contratação do programador norte-americano Dan Brickley. Ele é o criador de uma linguagem chamada FOAF, que permite a identificação automática de perfis em redes sociais.
Neste primeiro contato, tive a impressão de que o Joost tem condições de ter um papel importante na fusão entre a internet e a TV. Mas daí para a TV do futuro ainda falta muito.
Começa agora, para a indústria do audiovisual (que inclui emissoras de TV, produtoras de vídeo e estúdios de cinema), uma fase semelhante à que começou em 1999 para o mercado da música, com o lançamento do Napster e seus clones. O principal aspecto dessa nova fase é mais cultural do que tecnológico.
Com telas espalhadas por todos os lados (celular, outdoors, elevadores, DVDs portáteis e telas de bolso) já sabemos que a televisão estática na sala de estar aos poucos torna-se um artefato do passado. Mas isso é só o começo.
Link Estadão
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