Primeiro-ministro Shinzo Abe pressiona para elevar o número de execuções, denunciam ativistas
Tokyo - ipcdigital.com e agências
Sakae Menda, ex-condenado à morte por matar um casal a facadas em Hitoyoshi (Kumamoto) e considerado inocente depois de passar 34 anos no Presídio de Fukuoka, durante a entrevista coletiva no Clube de Correspondentes Estrangeiros do Japão em Tokyo
Ativistas a favor da abolição da pena de morte acusaram no dia 11 o governo do Japão de aumentar o número de execuções e aos meios de comunicação do país de silenciar diante da situação.
"Muitas pessoas interpretam a pena capital como algo comum, como os dias ensolarados e os dias nublados, e em grande parte isso é culpa da imprensa que se faz de ignorante sobre o assunto", afirmou Nobuto Hosaka, secretário geral da Liga Parlamentar contra a Pena de Morte.
Hosaka, junto com a advogada Kazuko Ito, o ex-condenado à morte Sakae Menda e o embaixador dinamarquês no Japão, Freddy Svane, participaram em uma conferência sobre a pena capital no Japão no Clube de Correspondentes Estrangeiros, em Tokyo.
Svane acusou o primeiro-ministro Shinzo Abe e seu Executivo de pressionar para elevar o número de execuções, ao mesmo tempo em que alertou sobre uma nova lei pendente de aprovação que contribuirá para aumentar o número de presos no corredor da morte. "Com essa lei, nos casos de assassinato, os parentes dos falecidos poderão solicitar diretamente a pena que querem que seja aplicada sobre o acusado, o que fará aumentar as condenações à morte", disse Hosaka.
Atualmente existem no Japão 101 presos no corredor da morte, em situação de isolamento e que desconhecem a data de sua execução, que se mantém em segredo até o último momento.
Kazuko, advogada que enfrentou vários casos de pena capital, denunciou, por sua vez, a situação que sofrem aqueles que apóiam em público a abolição da pena de morte porque "recebem ameaças e grande parte da culpa do que acontece é dos meios de comunicação".
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SAKAE MENDA - Foi o primeiro japonês sentenciado à pena de morte que foi declarado inocente depois. Desde os 23 anos de idade - quando foi preso - até ser libertado aos 57 anos, passou 34 anos e 6 meses na prisão. Em um documentário sobre sua vida, Menda narra como foi o martírio de viver todos esses anos esperando "o dia da execução". Da prisão, ele enviou cerca de mil cartas a um religioso, que serviram de base para um filme. "Nesses 34 anos apertei a mão de 70 pessoas que seguiram para a forca antes de mim. Por toda a minha experiência posso dizer que a pena de morte não deve existir", disse.