Montagem do “Fantástico” complica Rede Globo (vídeo)






O ministro da Justiça, Tarso Genro, reiterou nesta segunda-feira, dia 9, que o relatório da Polícia Federal (PF) sobre as investigações da Operação Navalha não apresenta provas que incriminem o ex-ministro das Minas e Energia, Silas Rondeau, acusado de receber propina da construtora Gautama, supostamente para favorecer a empresa em licitações de obras envolvendo o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

Tarso Genro confirmou ainda que a informação foi transmitida por ele ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Dei um informe ao presidente, quando examinei o processo, no momento em que foi quebrado o segredo de Justiça. Eu não vi nenhum conjunto de indícios que formasse uma prova nem qualquer prova conclusiva sobre sua culpabilidade”, disse.

Na semana passada, o ministro da Justiça declarou que, após analisar o relatório entregue pela PF ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), não encontrou nada contra Silas Rondeau. “Eu examinei cautelosamente, depois que foi aberto o segredo de Justiça, os documentos do processo do ministro Silas. E, até aquele momento, já faz uns dez dias que eu examinei, não tinha nenhuma prova convincente, nenhuma prova indireta, nenhum conjunto de indícios que se forma uma prova de que ele seria culpado”, avaliou Tarso Genro.

O ex-ministro pediu demissão no final de maio, depois que foi feita uma manipulação pela mídia com as imagens gravadas pelo circuito interno de TV do Ministério das Minas e Energia, mostrando a diretora financeira da Gautama, Maria de Fátima Palmeira, no prédio.

Segundo o relatório da PF, Silas Rondeau teria recebido R$ 100 mil da Gautama, através de seu assessor especial no ministério, Ivo Almeida Costa. O dinheiro teria sido entregue por Fátima Palmeira, no dia 13 de março. As câmaras do prédio em que funciona o ministério registraram, naquele dia, a funcionária da empresa entrando pela porta privativa, subindo pelo elevador e, depois, no corredor que dá acesso ao gabinete do ministro. Mostrou também que ela deixou o andar acompanhada por Costa.

Em reportagem do programa “Fantástico” da Rede Globo, veiculada no dia 20 de maio, as imagens foram apresentadas como evidência de que Fátima Palmeira levava a suposta propina em um envelope pardo que, em seguida, aparecera nas mãos do assessor do ministro.

Um laudo feito pelo perito Ricardo Molina, professor da Universidade de Campinas (Unicamp), contesta essa versão. Segundo o documento do perito, Ivo Almeida Costa “não poderia estar carregando um envelope contendo R$ 100.000,00 (cem mil reais), pois tal quantia produziria um volume considerável, o que seria visível nas imagens”. Molina argumenta ainda que está claro nas imagens que o objeto carregado pelo assessor é uma folha de papel, e não um envelope com mil cédulas.

O perito contesta o trecho da matéria onde o repórter do programa diz: “Segundo a polícia, ela (Fátima) está com o dinheiro dentro de um envelope pardo”. E, depois, referindo-se a Costa: “Repare que agora é ele que está com o envelope na mão”. No laudo, Molina ressalta que a funcionária da Gautama “em nenhum momento porta qualquer envelope em suas mãos. E Ivo Almeida Costa, porta uma folha de papel e não um envelope com mil cédulas de dinheiro, e muito menos um ‘envelope pardo’”.

Imagens

“Se a versão da Polícia Federal foi de que Ivo Almeida Costa estaria carregando um envelope com dinheiro, eu acho que há provas incontestáveis nesse laudo de que ele não estava carregando nenhum envelope com dinheiro”, assinalou o perito da Unicamp. “E nem há qualquer imagem que mostre a Fátima entrando com um envelope com dinheiro também. Isso pode ser inferências que a Polícia Federal fez a partir de outras informações, mas não a partir dessas imagens. Essas imagens não mostram nada disso”, acrescentou.

Com o esvaziamento da invenção e a possibilidade que o ex-ministro seja reconduzido ao cargo, setores da mídia voltaram à carga, tentado requentar o caso com a divulgação de notícias sobre um suposto novo relatório da Polícia Federal sobre Silas Rondeau. Em matéria publicada por um jornal de São Paulo (só para assinantes), insinuou-se que a Polícia Federal ainda não teria descartado a suspeita contra o ex-ministro e seu ex-assessor. Segundo especulação do jornal, a PF teria apurado que o dinheiro da suposta propina estaria na bolsa da diretora financeira da construtora e não mais no envelope que ela carregava quando foi filmada pelas câmeras do ministério.

Em nota, a PF negou que tenha acrescentado documentos ao processo. “Em razão de matérias divulgadas pela imprensa nacional nos últimos dias, a Polícia Federal esclarece que, ao enviar o resultado das diligências da Operação Navalha ao Superior Tribunal de Justiça, em 08/05/2007, submetendo o assunto às autoridades competentes do Judiciário e do Ministério Público, não mais apresentou até o momento qualquer nova conclusão a respeito dos referidos fatos”, diz a nota.

Para o ministro Tarso Genro, as investigações realizadas pelo Ministério Público envolvendo as denúncias reunidas durante as investigações da Operação Navalha são independentes e caberá à Justiça “tomar providências”. “Eu não vi até agora nenhum delito que pudesse ser imputado ou provado contra Silas Rondeau, mas eu não sou a autoridade adequada para fazer juízo. Temos que aguardar o Ministério Público e o Poder Judiciário”, disse.

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