Delegado deixa cargo após dizer que menina violentada no Pará tinha deficiência mental

O delegado-geral da Polícia Civil do Pará, Raimundo Benassuly, deixou hoje (28) o cargo por causa das declarações sobre a adolescente presa numa cela com homens de Abaetetuba (PA). Em audiência ontem (27) no Senado, ele afirmou que a jovem sofreria de deficiência mental por não ter informado que era menor de idade enquanto estava detida. De acordo com nota oficial divulgada pelo governo do Pará, o atual delegado-geral adjunto, Justiniano Alves Júnior, assumiu interinamente o cargo. Benassuly reconheceu que se expressou de maneira inadequada e colocou o cargo à disposição da governadora Ana Júlia Carepa, que aceitou o afastamento e considerou que a permanência do delegado tornou-se insustentável.

Segundo o comunicado, a governadora determinou que a carceragem da delegacia de Abaetetuba, onde a jovem ficou presa por cerca de um mês com 20 homens, seja desativada e demolida. No lugar, será construído um centro de triagem com espaço adequado para homens e mulheres presos.

Como a Agência Brasil antecipou na sexta-feira (23), os laudos do Instituto Médico Legal do Pará, divulgados hoje (28) pela Polícia Civil do estado, atestam que a adolescente tem entre 15 e 17 anos. Os exames também constataram lesões corporais e sinais de abuso sexual, mas deram negativo para gravidez e doenças sexualmente transmissíveis.

Os resultados foram anunciados pelo delegado Justiniano Alves Júnior. A adolescente foi incluída no Programa de Proteção à Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte, da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República. Com isso, ela, o pai e a madrasta foram retirados do estado. A mãe e os irmãos da jovem estão sob proteção da Polícia Federal.
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