Entrega de 'sacolinhas' salva Natal de famílias no Centro de SP

Convento São Francisco distribuiu três mil refeições nesta segunda-feira.
Moradores de rua e famílias pobres fizeram fila desde as 5h.

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Sarah Belisário compareceu com os filhos ao Convento São Francisco (Foto: Silvia Ribeiro/G1)



Moradora do bairro paulistano de Rio Pequeno (Zona Oeste), Sarah Belisário, de 28 anos, pegou carona na manhã desta segunda-feira (24) para receber uma das três mil refeições distribuídas pelo Convento São Francisco, no Centro de São Paulo. Com seus três filhos, de 5, 6 e 10 anos, e um carrinho de feira carregado de alimentos, ela disse que a ajuda salvou seu Natal.

"Isso vai ajudar muito, porque hoje eu não tinha dinheiro nem para comprar um panetone”, afirmou ela, que está desempregada e sobrevive de trabalhos temporários. A entrega de alimentos na 18ª edição da Ceia de Natal dos Pobres, organizada pelo Convento de São Francisco, começou por volta das 10h30 e se encerrou com o fim das "sacolinhas", por volta das 13h45.

Muitos que estavam na fila ficaram sem receber. Ticiane de Souza, de 23 anos, moradora de rua há nove anos, chegou mais cedo para garantir seu panetone. "Para mim, é super bom", disse ela, que vai passar o Natal com amigos que também vivem no Centro da capital.

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Filas começaram a se formar desde as 5h desta segunda-feira (24) (Foto: Silvia Ribeiro/G1)

Os voluntários que ajudaram na distribuição estavam atentos a crianças e adultos que entravam duas vezes na fila. Os "reincidentes" eram convidados a se retirar da fila, que se estendeu ao redor do Largo São Francisco.

Sob sol forte, cada um recebeu duas sacolinhas com um prato de arroz, feijão, carne, macarrão, frutas (manga e banana), panetone, biscoitos e refrigerante. Para agradar principalmente as crianças, são entregues ainda salgadinhos e chocolate.

"A gente sente a presença do Espírito Santo. Quem faz o bem é Deus, a gente só é o instrumento", afirmou o frei Roberto Ishara, de 37 anos. Cerca de 20 voluntários ajudaram na distribuição. A advogada Ana Paula Amato estava entusiasmada com o trabalho. "Eu me sinto no céu. Tenho muito amor a São Francisco", definiu.


O frei Anacleto Luiz Gapski, de 57 anos, superior do convento e coordenador das atividades sociais, enfrentou resistência para realizar a ceia neste ano. Ele contou ao G1 ter recebido telefonemas de donos do comércio local para que a distribuição não fosse realizada neste ano no Largo São Francisco.

"Teve gente da alta sociedade que ligou, pedindo que não fosse feita a distribuição aqui no Largo São Francisco com o argumento que eles fariam sujeira, não teriam ordem e respeito", relata. Segundo o religioso, os pedidos, que começaram desde a metade do ano, eram para que a entrega das sacolas fosse feira na rua de trás, a Rua Riachuelo. O frei bateu o pé e manteve a tradicional distribuição de alimentos onde sempre foi realizada.

O frei Anacleto também lembrou São Francisco e destacou a importância da inclusão, sobretudo na véspera do Natal. "São Francisco sempre dizia que no Natal ninguém deveria passar fome. No Natal ninguém deve ficar fora da festa."

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