O procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, afirmou ter provas suficientes para comprovar a participação do ex-ministro da Fazenda e deputado Antonio Palocci (PT-SP) na quebra e no vazamento de dados bancários do caseiro Francenildo dos Santos Costa.
"Se não foi ele, tem que aparecer de alguma forma. Está tudo justificado", afirmou ao chegar à reunião do Conselho Nacional de justiça (CNJ). "A leitura da denúncia mostra que o convencimento surge das provas que estão nos autos", acrescentou.
Além de Palocci, foram denunciados ao Supremo o ex-presidente da Caixa Jorge Mattoso e o ex-assessor de imprensa do Ministério da Fazenda Marcelo Netto. Os três são acusados de quebra de sigilo funcional, cuja pena varia de 1 a 4 anos de prisão.
A denúncia, que ainda está sob segredo de justiça, foi encaminhada na sexta-feira da semana passada ao ministro do STF Gilmar Mendes, que relata as investigações. Para que a denúncia seja aceita, os ministros precisam aprová-la em plenário. Somente depois disso será aberta uma ação penal contra os três.
Procurador-geral quer pena maior para Antonio Palocci
Souza encaminhou denúncia contra ex-ministro por elo com quebra de sigilo no caso do caseiro Francenildo
Agência Brasil
Na denúncia, o procurador-geral acusa Palocci - e mais o ex-presidente da Caixa Econômica Federal Jorge Mattoso e o ex-assessor de imprensa do Ministério da Fazenda Marcelo Netto - de quebra de sigilo funcional contra o caseiro Francenildo dos Santos Costa, que teve seus dados bancários quebrados e divulgados sem decisão judicial. O ministro Gilmar Mendes, relator da denúncia no STF, disse nesta terça-feira, 26, que ainda não teve acesso aos autos contra Palocci, mas que vai examinar a possibilidade de suspender o segredo de Justiça da denúncia solicitado pelo procurador-geral da República. A denúncia ainda está na seção de processos diversos do plenário do STF, de onde será encaminhado para o gabinete de Gilmar Mendes.
Mesmo antes de começar a ser examinada a denúncia contra Palocci, possivelmente a matéria deverá ser redistribuída a outro ministro do STF. É que, no próximo dia 12 de março, o ministro Gilmar Mendes deverá ser eleito novo presidente do STF, em substituição à presidente Ellen Gracie. Com a posse de Mendes, prevista para o dia 23 de abril, todos os processos sob sua relatoria passarão justamente para Ellen Gracie, a quem substituirá, segundo determina o regimento interno do STF. Ainda segundo prevê o regimento interno do Supremo, caso a ministra Ellen Gracie se aposente após seu período na presidência, todas as matérias que eram de responsabilidade de Mendes (e que passarão para ela) serão redistribuídas para o novo ministro que vier a substituí-la, nomeado pelo presidente da República, após decisão do Senado Federal.
O então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, elogiado até pela oposição por sua rigidez no comando da economia, entregou o posto em 27 de março de 2006. Saiu três semanas após o jornal O Estado de S. Paulo publicar um relato do caseiro Francenildo dos Santos Costa, o Nildo, sobre festas e partilha de dinheiro em uma mansão no Lago Sul de Brasília, com participação de Palocci e da chamada "República de Ribeirão", encontro de lobistas em uma mansão em Brasília. Nos dias seguintes, Nildo teve o sigilo bancário violado, operação que derrubou não só Palocci como o comando da Caixa.
Outras acusações
Em 2005, Palocci foi indiciado no inquérito sobre a máfia do lixo em Ribeirão Preto - cidade que o ex-ministro administrou em duas ocasiões. Ele é acusado de licitações fraudulentas, desvio de dinheiro e recebimento de propina. Grande parte das acusações foi feita por Rogério Buratti. O empresário denunciou mensalão de R$ 50 mil que teria sido pago pela empreiteira Leão & Leão ao petista na época em que comandou a Prefeitura de Ribeirão pela segunda vez, entre 2000 e 2002.
O empresário Rogério Buratti, principal testemunha do Ministério Público, já voltou atrás em suas acusações, como revelou o jornal O Estado de S. Paulo na semana passada, mas o Supremo não tem acompanhado a dinâmica do caso. Buratti também envolveu o ex-ministro nas negociações da chamada "máfia do lixo", e na renovação de contrato da Gtech. As acusações nunca chegaram a ser provadas judicialmente.
"Agora estão vendo que eu falei a verdade", diz caseiro de Palocci
Francenildo Costa só reclama que estava quase sendo esquecido antes da nova denúncia.O caseiro Francenildo Costa, pivô da queda do então ministro Antonio Palocci, disse ontem que não vai comemorar a denúncia da Procuradoria contra o petista, mas que "ficou mais confiante na Justiça".
Fonte: Folha Online