Uma explosão de gás causou o desabamento parcial de um prédio no centro do Rio na manhã desta terça-feira, deixando nove pessoas feridas, três delas em estado grave até o fim desta tarde.
O prédio fica no número 95 da rua Reginaldo Feijó, na Saara (Sociedade de Amigos das Adjacências da Rua da Alfândega), uma das mais antigas regiões comerciais do Rio e o principal ponto de comércio popular da cidade. As atividades da Saara, contudo, não foram interrompidas.
Sergio Moraes/Reuters |
Equipes do Corpo de Bombeiros procuram vítimas em escombros de prédio que desabou parcialmente no Rio; nove ficaram feridos |
Os feridos em estado mais grave são Renato Santiago dos Santos, 43, com traumatismo craniano, queimaduras em 85% do corpo e o fratura no fêmur, Tania Santiago dos Santos, com fratura na tíbia direita e queimaduras no corpo, e Diogo Oliveira Silva, 24, com traumatismo craniano e 25% do corpo queimado. Além deles, também ficaram feridos Gedir Veloso, 68, Raimundo Ferreira Filho, 59, Marizete Monteiro da Silva, 39, Sidnei Francisco da Costa, 65, Carla Sueli da Silva Joaquim, 34, e Fabiana Ferreira da Silva. Todos eles foram levados para o Hospital Municipal Souza Aguiar, no centro, e Fabiana foi transferida para o Hospital do Andaraí.
A principal suspeita do Corpo de Bombeiros do Rio é que um vazamento de gás combinado à manipulação de um fósforo ou algum outro dispositivo para fazer fogo tenha causado a explosão, que destruiu toda uma coluna dos quinto e sexto andares, e o teto de um apartamento no 4º andar do prédio. O edifício tem salas comerciais e apartamentos residenciais.
A explosão teve origem no 5º andar, onde funciona uma oficina de fabricação de bijuterias. O dono da oficina, Eduardo Santiago dos Santos, 72, que não estava no local na hora da explosão, contou que seu filho, Renato Santiago dos Santos, estava trocando o cilindro de gás que é utilizado na empresa na soldagem de bijuterias e havia ligado o maçarico no momento da explosão. No meio da tarde, quando retiravam os escombros da coluna que desabou, bombeiros voltaram a sentir um cheiro de gás forte e encontraram outros oito botijões de gás no terceiro andar, em uma sala onde funciona um laboratório de protética.
"Tinha uma quantidade excessiva de cilindros de gás no prédio", declarou o coordenador da Defesa Civil municipal do Rio, tenente-coronel José Carlos Mariano. Mariano disse ainda que, apesar de o prédio ser antigo, a estrutura suportou bem a explosão e não corre risco de desabar. A Polícia Civil disse que está investigando se a explosão foi mesmo causada pelo botijão. Doze prédios no entorno do edifício foram interditados e passam por vistoria.
Durante o dia, a avenida Passos, uma das mais movimentadas do centro do Rio, chegou a ficar interditada. Moradora no sexto e último andar do prédio, Maria da Luz Soares, 60, estava costurando roupas quando a porta da sua casa, que estava trancada, foi arrancada com a força da explosão.
"A porta estava fechada, trancada, e caiu para dentro. Não sabia o que era, mas mandaram eu descer então desci", diz ela, que aguardava na rua, apenas com o celular e as chaves de casa, a autorização dos bombeiros para voltar para casa, até o fim da tarde desta segunda-feira.
Funcionária da fábrica de bijuterias, Marizete Monteiro da Silva foi arremessada para fora do prédio, caiu em um toldo no terceiro andar e, depois, em uma varanda.
A vítima foi socorrida por funcionários de um laboratório de protética que funciona no local. "Ela caiu de repente, junto com escombros, geladeira e tudo mais. Estava muito ensangüentada, mas estava consciente, disse Suzy Morales, 42, uma das funcionárias do laboratório. 'Não dá nem para explicar o que sentimos, foi uma sensação de impotência."
Porteiro do prédio vizinho, Anderson Paiva, 26, chegava ao trabalho quando ouviu a explosão. Ele conta que janelas voaram para fora do prédio. "O barulho foi forte, mas achei que era só um botijão de gás. Quando cheguei mais perto, vi as janelas caindo e pessoas lá em cima gritando".
Os comerciantes que trabalham perto do prédio --que fica na área central da Saara-- se disseram muito assustados com a explosão. "Foi todo mundo para a rua. Era um barulho muito grande. O Saara inteiro foi lá ver", contou Elizete Marques, 28, gerente da Casa Pedro, loja tradicional de temperos, ervas e grãos no centro do Rio.
As lojas vizinhas ao prédio tiveram que permanecer fechadas durante todo o dia. "Nem chegamos a abrir. Agora vamos ter que limpar muita sujeira", disse o comerciante Marcelo Gomes, 40, proprietário de uma loja de utilidades ao lado do prédio.