Revistas Carta Capital e Veja trazem mesma imagem de Fidel Castro na capa

Por Ana Luiza Moulatlet/Redação Portal IMPRENSA

As edições desta semana das revistas Veja e Carta Capital trouxeram a mesma imagem na capa. Embora tenham linhas editoriais quase opostas, ambas expuseram a mesma foto do estadista cubano Fidel Castro: enquanto Veja vinha com o título "Já vai tarde - o fim melancólico do ditador que isolou Cuba e hipnotizou a esquerda durante 50 anos", Carta Capital trazia as palavras "Cuba sem Fidel - análises de Jon Lee Anderson, Tariq Ali, Emir Sader, José Jobson Arruda e Luiz M.C. da Costa".

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"O fotógrafo tenta transformar em imagem o que se diz". Orlando Britto, autor de 112 capas de Veja, trabalhou 16 anos na revista e fez uma capa precursora a essa: a silhueta do político Ulysses Guimarães, 4 dias antes da morte dele. Com a frase acima, ele responde à questão de como duas revistas tão diferentes podem ter escolhido a mesma foto. E completa: "É uma foto clássica, que pode dizer muitas coisas".

Tadeu Nogueira, editor de arte da Veja, explicou que "escolheu a foto por ser tão boa, tão significativa, mesmo com poucas linhas de luz". Apesar da legenda, ele diz que, para a arte, "o que valeu foi a idéia sintética da foto. Todo mundo reconhece que é o Fidel. Teria que ser uma foto que fosse meio-termo: em que ele não aparecesse nem tão velho, nem tão novo, nem tão raivoso, nem brincalhão. Na imagem a gente queria colocar isso; é uma silhueta imediatamente identificável. Essa versão ganhou pela simplicidade e pela clareza".

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Coincidentemente, a revista Carta Capital escolheu a foto pelo mesmo motivo. Adriana Corradi, chefe de arte da revista, explica: "Cada revista aborda as fotos de uma forma. A mesma imagem acaba tendo dois sentidos, dependendo do conteúdo. A pessoa, a figura de Fidel já é tarimbada. Só a silhueta dele já identifica o personagem. Tem uma idéia que puxa para o saudosismo".

Ela lembra que não é a primeira vez que isso acontece: "Uma vez fizemos uma capa sobre o Papa e a Época deu a mesma foto". As duas revistas recorrem às mesmas agências de imagem, com conteúdo público. E concordam que essa foto de Fidel é instigante, toma a atenção do espectador; todos se identificam.