Caso Isabella - 99% resolvido

Peritos descobriram sangue na roupa de Anna Carolina Jatobá. Além disso, testemunhas ouviram uma tia de Alexandre dizer uma frase comprometedora ao telefone no horário do crime.

Novas descobertas da polícia podem complicar a situação de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, pai e madrasta suspeitos de terem jogado a menina Isabella Nardoni da janela do sexto andar do Edifício London, na Parada Inglesa, zona norte de São Paulo, na noite de 29 de março. Duas testemunhas afirmam terem ouvido uma frase de desespero ao telefone de uma tia de Alexandre na noite do crime. O conteúdo da frase não foi divulgado. Além disso, a perícia encontrou sangue nas roupas que Anna Carolina usava na ocasião e que teriam sido lavadas antes de serem entregues à polícia. As informações são do jornal Diário de S. Paulo.

Testemunhas afirmam que Anna Carolina não abraçou a menina já caída no pátio do prédio, o que pode significar que as manchas de sangue encontradas na roupa da suspeita são anteriores à queda. As investigações também já concluíram que a rede de proteção da janela de onde Isabella foi arremessada foi cortada por uma pessoa destra. Há também a suspeita de que Isabella não chegou a ser colocada em sua cama, como afirma o pai Alexandre Nardoni. Para averiguar o fato, a perícia está comparando as pegadas encontradas no apartamento com os sapatos dos suspeitos apreendidos para investigação.

O Instituto de Criminalística (IC) já concluiu as análises das ligações telefônicas feitas pelo casal no período de tempo em que o crime foi cometido. O primeiro telefonema foi para a casa do pai de Anna Carolina Jatobá. A segunda ligação, feita às 23:48, foi para o pai de Alexandre, o advogado Antonio Nardoni. Os peritos também concluíram que as ligações para o serviço de resgate não saíram dos celulares do casal nem do telefone da residência. O primeiro telefonema para o resgate aconteceu às 23:49. Os policiais também descobriram que a família Nardoni chegou ao edifício às 23:35.

Na tarde da quarta-feira (9), a delegada-assistente do 9º Distrito Policial, Renata da Silva Pontes, afirmou que 70% do caso já havia sido concluído. Mais comedido, o delegado titular, Calixto Calil Filho, disse que está tentando individualizar as responsabilidades. Isso significa apurar quem asfixiou Isabella, quem cortou a rede de proteção e quem jogou a menina pela janela.

Para o advogado de defesa do casal, Marco Pólo Levorin, as provas apresentadas contra seu clientes são frágeis. Levorin também se disse otimista em relação ao pedido de habeas corpus, que deve ser julgado nesta quinta-feira (10) pelo desembargador Caio Canguçu de Almeida, da 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça. Caso seja negado o pedido, o casal deve permanecer preso pelo menos até o dia 10 de maio, quando acaba o prazo do pedido de prisão temporária.

O promotor responsável pelo caso, Francisco Cembranelli, disse que o caminho das investigações permanece o mesmo. Para ele, o pedido de prisão temporária ainda é valido. “Só o casal é visto como suspeito”, afirmou.



Polícia diz que 99% do caso Isabella está solucionado

A Polícia Civil de São Paulo disse, nesta quinta-feira (10), que 99% do caso que apura a morte da menina Isabella Nardoni, de 5 anos, foram esclarecidos. Os policiais já têm como descobrir se alguma pessoa estranha entrou no Edíficio London na noite em que a garota foi jogada do 6º andar do prédio onde morava seu pai, no dia 29 de março.

A polícia tenta refazer o horário da chegada da família no prédio a partir das imagens da câmera do prédio vizinho. A polícia quer saber também se estranhos entraram pela garagem.

Também será investigado se um sobrado em construção que fica nos fundos do edifício de onde Isabella foi jogada, pode ter sido invadido.

Um funcionário que dorme no local de trabalho há sete meses, disse que quando chegou ao sobrado - no dia 30 de março à tarde- percebeu que o portão havia sido arrombado. No muro que divide o terreno do sobrado e do prédio há uma cerca elétrica.

A polícia começará a analisar a lista de telefonemas do casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá. A quebra de sigilo telefônico foi autorizada pela Justiça. Saber com quem o casal falou antes e depois da morte de Isabella é uma parte importante para desvendar o mistério, de acordo com os policiais.


Conversa com madrasta

Também nesta quinta, a delegada-assistente do 9º DP (Carandiru), Renata Pontes, ouviu Anna Carolina Jatobá. Renata saiu às 13h40 do 89º DP (Portal do Morumbi), onde Anna Carolina está detida, e não deu detalhes da conversa. A policial disse apenas que foi uma conversa de cerca de uma hora e não um depoimento formal. "A gente está esperando os laudos. Antes disso, nada vai se resolver", disse Renata.

Ao sair do distrito, o advogado Ricardo Martins, que defende a madrasta de Isabella, afirmou apenas que a cliente não foi indiciada. Junto com a delegada Renata estava um investigador, que saiu carregando uma sacola com sapatos que seriam da madrasta de Isabella. Eles não informaram se o calçado será encaminhado para a perícia.


Testemunhas
O delegado Calixto Calil Filho, titular do 9º DP, no Carandiru, onde são feitas as investigações sobre a morte de Isabella, esteve em reunião na manhã desta quinta com o promotor responsável pelo caso, Francisco Cembranelli. Calil Filho chegou à delegacia do Carandiru por volta das 11h30 e não deu detalhes sobre o que foi tratado na reunião.

Ainda nesta quinta, segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), outras quatro testemunhas do caso devem ser ouvidas. Entre elas há vizinhos do pai e da madrasta da garota. A SSP também não informou quando os familiares devem ser ouvidos.

Na quarta-feira, a Polícia Civil informou que ainda pretendia ouvir 19 testemunhas no inquérito que investiga a morte de Isabella. Não há previsão de quando as investigações serão concluídas. Nesta quarta, peritos e policiais voltaram ao bairro onde a criança foi encontrada morta.

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ) pode julgar, ainda nesta tarde, o pedido de habeas corpus da defesa de Alexandre Nardoni e de Anna Carolina. Segundo a assessoria do TJ, o desembargador que analisa o caso está no interior.



Pedreiro confirma que roupas encontradas no apartamento de tia de Isabella são dele

Jornal Hoje

SÃO PAULO - O pedreiro Vandevaldo Melo Gomes, que trabalhou no apartamento da tia da menina Isabella, Cristiane Nardoni, prestou depoimento nesta quarta-feira à polícia e confirmou que roupas encontradas no apartamento são dele e de um eletricista. Nas roupas não foram encontrados vestígios de sangue. Vandevaldo contou que está abalado com a história. Ele está sendo chamado de assassino pelos vizinhos e os filhos dele estão assustados.

- Isso é doloroso - diz ele.

O pedreiro explicou que trabalhava para um empreiteiro chamado Paulo que foi contratado pelo pai de Alexandre Nardoni pra reformar os apartamentos do edifício London - o de Alexandre e o da irmã dele. Em janeiro, o empreiteiro foi demitido e os ex-empregados continuaram tocando a obra.

- Depois da demissão, foi seu Antonio (pai de Alexandre) quem acertou o resto da obra tudo e acompanhou a obra até o final. Não brigaram, não vi discussão deles - diz o pedreiro.

Ele falou também que tinha pouco contato com Alexandre, mas nas ocasiões em que viu Alexandre com Isabella o clima era carinhoso.

- Eu vi a Isabella no prédio por três vezes, com o pai, a madrasta e os meninos e sempre vi eles brincando lá. Nunca vi discussão deles, coisa alguma entre eles - diz Vandevaldo.

O pedreiro disse que, no dia do crime, esteve no prédio até o meio-dia, mas trabalhou em outros apartamentos, foi para casa e ficou com a família e afirmou ainda que ele mesmo trocou a fechadura do apartamento de Alexandre que era igual a da irmã.



Polícia diz ter ouvido testemunha-chave do caso Isabella

Policiais que não quiseram se identificar afirmaram ontem (9) que ouviram o depoimento de uma testemunha-chave para a investigação da morte da menina Isabella Oliveira Nardoni, 5, ocorrida no último dia 29 de março, em São Paulo. Essa testemunha seria um conhecido de Cristiane Nardoni, 20, tia de Isabella, que estava com ela na noite em que a menina foi morta, em um bar, em Santana (zona norte de São Paulo).

Conforme os policiais, a testemunha deu detalhes do telefonema que Cristiane recebeu antes de deixar, apressada, o bar. Em entrevista à Folha, a irmã de Alexandre Nardoni confirmou que recebeu uma ligação no bar; que não conseguia entender direito o que acontecia; mas que já sabia que tinha ocorrido algo grave com sua sobrinha.