CPI aprova convocação de Fagundes Neto e Ministério Público Federal apura natureza dos gastos
Ricardo Brandt
O reitor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Ulysses Fagundes Neto, admitiu ontem que fez compras pessoais com dinheiro do governo. Ele terá de dar explicações sobre seus gastos à CPI dos Cartões e ao Ministério Público Federal.
Em entrevista coletiva, o reitor disse que não sabia que o cartão de crédito corporativo do governo federal não podia ser usado para cobrir despesas pessoais. A afirmação foi para justificar a aquisição de materiais esportivos em uma viagem que fez a Alemanha, em 2006. “Eu cometi um equívoco, me equivoquei e paguei, porque usei o cartão de uma forma que não poderia ter usado”, afirmou Fagundes Neto. Ele reiterou que devolveu ao governo todo o dinheiro gasto com o cartão.
A CPI aprovou ontem a convocação do reitor e o procurador Sergio Suiama encaminhou a ele um ofício cobrando explicações sobre despesas feitas no exterior entre 2006 e 2008. Suiama investiga o suposto mau uso do cartão do reitor desde fevereiro, quando começaram a surgir as primeiras informações sobre seus gastos em restaurantes de luxo.
O reitor encaminhou planilhas sobre seus gastos ao Ministério Público, mas elas não incluíam dados de despesas no exterior. Ao todo, o reitor gastou R$ 12 mil em 2006 em viagens aos Estados Unidos, Espanha e Hong Kong, entre outros lugares. Segundo o procurador, será cobrada dele a apresentação de documentos que comprovem a finalidade da despesa.
O reitor afirmou que não sabia que os dados haviam sido encaminhados incompletos ao Ministério Público. Um representante da universidade disse que as novas informações já estavam sendo levantadas.
Fagundes Neto atribuiu o uso irregular do cartão à falta de uma normatização clara. Segundo ele, desde que recebeu o cartão, em 2006, nunca teve uma orientação do que podia ou não ser feito com ele. O reitor disse que, depois que forem analisados os casos, vai cobrar a devolução do dinheiro que foi usado legalmente. Ao todo, ele restituiu R$ 85 mil referentes aos gastos de 2006 e 2007. “Essa situação está me deixando com tamanha problemática e tamanho aborrecimento que agora peguei todo o dinheiro e devolvi tudo.”
Segundo ele, os gastos em restaurantes, que foram considerados irregulares pela Controladoria-Geral da União, foram feitos em recepções de comitivas oficiais. “Levei seis vezes, em 2006, comitivas internacionais em função oficial, e gastei R$ 3.700 ao todo.” Ele devolveu o valor assim que a CGU apontou o erro, mas apresentou recurso.
Alunos querem detalhes sobre gastos com cartão corporativo na UFPI
Os estudantes queriam entregar um oficio ao reitor Luis Júnior, pedindo um detalhamento completo de todas as despesas pagas pela UFPI com os cartões corporativos e que totalizam mais de R$ 400 mil em 2007. "O que eles tem a esconder? Por que não detalhar as despesas com o cartão corporativo?", questiona.
A universidade foi a 2ª instituição que mais gastou com o cartão.