Quem fala mais de um idioma muda de personalidade, diz estudo

Reuters

Quem fala mais de um idioma muda de personalidade, diz estudo

NOVA YORK (Reuters) - As pessoas que vivenciam duas culturas e falam duas línguas podem inconscientemente mudar a personalidade quando trocam de idioma, segundo um estudo feito nos Estados Unidos.

Os pesquisadores David Luna, do Baruch College, e Torsten Ringberg e Laura A. Peracchio, da University of Wisconsin-Milwaukee, estudaram grupos de mulheres que têm o espanhol como língua materna e são bilíngues, mas com graus diferentes de identificação cultural.

Eles descobriram mudanças significativas na percepção pessoal ou mudança de personalidade em participantes biculturais -- mulheres que são parte tanto da cultura da língua inglesa como da latina.

"A língua pode ser um indicador que ativa diferentes formas de cultura específica", disseram os pesquisadores em um estudo publicado pelo Journal of Consumer Research.

Apesar de essa mudança de personalidade já ter sido estudada antes, eles disseram que sua pesquisa descobriu que as pessoas que são biculturais mudam de personalidade mais rápido e facilmente do que aquelas que, embora sejam bilíngues, vivenciam apenas uma cultura.

Segundo os pesquisadores, as mulheres se definiram como mais assertivas quando falam espanhol do que inglês.

"Nas sessões no idioma espanhol os observadores verificaram que as participantes estavam mais auto-suficientes e extrovertidas", disseram os pesquisadores.

Em um dos casos, um grupo de mulheres norte-americanas hispânicas e bilíngues observou anúncios que mostravam mulheres em diferentes cenários. Elas viam as peças em apenas um idioma -- inglês ou espanhol -- e então, seis meses depois, viam o mesmo material no outro idioma.

Sua percepção sobre si mesmas e de outras mulheres nos anúncios mudava conforme o idioma.

"Uma das participantes, por exemplo, viu uma personagem principal do anúncio da versão em espanhol como uma mulher independente, arrojada, mas como desesperançada, solitária e confusa na versão em inglês", disseram os autores da pesquisa.

(Reportagem de Belinda Goldsmith)