Tevê a cabo chega pela rede mundial de computadores

Tevê a cabo chega pela rede mundial de computadores
Gazeta do Povo

Programa MegaCubo permite a transmissão contínua dos programas da televisão paga gratuitamente para o PC. Representantes das transmissoras ainda não sabem dizer se o sistema é legal

A teoria da “freeconomics”, elaborada pelo escritor norte-americano Chris Anderson – que defende a idéia de que, além do almoço, é cada vez mais provável encontrar produtos e serviços gratuitos –, encontra na internet mais uma forma de ser comprovada. Depois do Napster e eMule, programas que revolucionaram o mercado fonográfico com o compartilhamento de músicas em formato mp3, e do Skype, que permite ligações internacionais de graça, chegou a vez de o software MegaCubo oferecer o conteúdo dos canais de televisão por assinatura gratuitamente via rede mundial de computadores.

Utilizando a a tecnologia “streaming” (transmissão contínua de conteúdo), o programa oferece um catálogo dos canais disponíveis. Após instalá-lo, o usuário simplesmente seleciona aquele que deseja assistir e pronto: faz do seu computador uma estação de televisão por assinatura.

Mas o que parece apenas mais um modismo na internet pode dar dor de cabeça ao mercado de tevê por assinatura – segmento que reúne 5,3 milhões de usuários no Brasil e movimentou R$ 6,7 bilhões em 2007, segundo dados da Associação Brasileira de Tevê por Assinatura (ABTA).

Na última semana, o MegaCubo figurou na primeira colocação do ranking dos programas mais baixados no superdownloads.com.br, site líder no segmento de downloads e softwares no Brasil. No período, o programa foi baixado 640 mil vezes. Considerando as três semanas em que está disponível neste site, já somam-se quase 1 milhão de downloads.

E isso pode representar apenas a ponta do iceberg, já que o número não contabiliza os usuários que baixaram o programa diretamente no site oficial do MegaCubo (megacubo.net). Mesmo sem estes dados, pode-se dizer que, em uma semana, o MegaCubo obteve 77% do crescimento médio anual de assinantes do setor de televisão por assinatura nos últimos cinco anos.

A questão que surge naturalmente é sobre a legalidade da utilização do programa. O presidente da ABTA, Alexandre Annemberg, diz que, por desconhecer o sistema, não pode afirmar se ele é legal ou ilegal. Já o empresário Alexei Martchenko, sócio-proprietário da SD Internetworks Ltda., empresa que administra o Superdownloads, afirma que o site analisa tecnicamente o funcionamento dos programas e que todo o conteúdo oferecido respeita as normas e legislações vigentes no país. “Mas existem casos em que há um buraco jurídico, que, por alguns momentos, permite a utilização de alguns programas até que surja uma decisão judicial definitiva.”

Usuários

Alheios a este tipo de questão, os usuários se beneficiam do lado bom da freeconomics.

O estudante Eric Pecharki, 21 anos, sempre assistiu às partidas do seu time, o Palmeiras, pelos canais esportivos da tevê por assinatura. Até que um aperto financeiro obrigou a família a cortar os gastos supérfluos. Para desespero de Eric, o primeiro item da lista foi justamente a assinatura da Sky.

Por um tempo, o palmeirense acompanhou as partidas pelo rádio, até que descobriu o MegaCubo. “Nada como ver os lances da partida. Dá pra acompanhar normalmente, não se perde um lance e, o melhor de tudo, ao vivo”, comemora Eric. Mas o estudante diz que o sistema não é perfeito. “Pelo computador não dá para assistir a um jogo deitado na cama ou no sofá, nem para ficar com o controle-remoto na mão ‘zapeando’, já que cada canal demora um certo tempo para ser carregado.”

Já para os “sem-cabo” o MegaCubo é perfeito. “Nunca tive Net, TVA, ou qualquer outra tevê a cabo. Uso o programa pois onde moro não há acesso aos cabos das tevês fechadas”, diz o estudante Yuri Terleski, que assiste aos seus seriados favoritos pelo sistema.