Candidatos à Prefeitura de Ribeirão Preto contam o que fazem para cuidar da aparência em ano eleitoral

Cidade
Retoque na fachada

Imagem é tudo / Candidatos à Prefeitura de Ribeirão Preto contam o que fazem para cuidar da aparência em ano eleitoral

ANA LÍGIA VASCONCELLOS
Gazeta de Ribeirão
ana.vasconcellos@gazetaderibeirao.com.br

Lançada a corrida para a Prefeitura de Ribeirão Preto, as preocupações de candidatos não se resumem ao plano de governo: do estilo como se vestem, aos óculos e à forma física, alguns políticos têm dado bastante atenção ao modo como são interpretados, visualmente, pelos eleitores.

O candidato do PDT, Rafael Silva, trocou os óculos de metal pelos de acetato, mais clássicos. Também comprou terno novo, em risca-de-giz azul marinho, tudo sob orientação de seus coordenadores de campanha, Walter Caira e Rose Araújo. "Os óculos agora estão mais dentro do perfil. Pedimos para que comprasse terno escuro por uma questão de vídeo. Mas não tem nenhum Armani, nada disso", afirmou Rose. Para Rafael Silva, um candidato bem alinhado transmite confiança. "Mas de maneira alguma vou mudar minha personalidade", disse.

Desde que começou a campanha, Rubens Chioratto Júnior (PSOL) tem seguido uma dieta caseira, à base de vitamina no café-da-manhã, almoço leve e sopa batida no jantar, e feito corridas matinais. "Perdi 8 kg em três semanas", disse o candidato do PSOL, que tem 44 anos "mas corpinho de 43 e meio", segundo ele próprio. Agora, pretende comprar roupas mais esportivas, para não ir tão formal aos bairros. "Imagem é fundamental, porque o político é um produto." Na hora de se vestir, ele é orientado pela mulher e pelo coordenador da campanha e seu vice, Laércio Ferreira da Silva.

O candidato do PT, Feres Sabino, conta com figurinista e maquiador para as gravações e faz academia pelo menos três vezes por semana. "Tenho procurado ser o mais natural possível para não passar uma falsa imagem."

Já o tucano Welson Gasparini diz que quem compra suas roupas e escolhe as combinações é sua mulher, Aurizinha, que é também quem o acompanha nas atividades físicas, três vezes por semana. "Acho que o importante é passar para o eleitor aquilo que realmente somos, o ideal é sem muita 'maquiagem'."

O candidato Mauro da Silva Inácio (PSTU) diz que seu orçamento não permite contratar consultor de imagem e que é ele mesmo quem escolhe suas roupas. "Sou extremamente simples, como qualquer trabalhador", afirmou. Mas reconhece que a aparência tem impacto sobre o eleitor, porque "transmite tranqüilidade".

Imperfeições são mantidas

Recurso de tratamento de imagem, o Photoshop tem sido usado agora com certos truques nos santinhos para não parecer que a foto do candidato sofreu alterações. Segundo a publicitária e especialista em Photoshop Juliana Camargo, que ministra cursos do programa de computador em Ribeirão, algumas imperfeições são mantidas na imagem para dar a impressão de que tudo é real. "Antes, estava na moda tirar tudo (os defeitos)e deixar a pessoa com a cara da Barbie. Agora, o que é moda é suavizar o máximo possível, deixando poucas linhas de expressão para tentar mostrar que aquela foto é verdadeira", explicou. Mas, segundo ela, na maioria dos santinhos os candidatos estão sem manchas e sem poros à mostra, o que prova que as fotos receberam tratamento. Em sua opinião, o Photoshop pode ter efeito reverso se não for usado de forma adequada. Uma distorção apontada por ela é exagerar nos corretivos. "Quando exageram na hora de atenuar linhas de expressão de políticos, as pessoas vêem que está esquisito, mas não sabem o que é. É diferente de uma modelo num outdoor, que você nunca viu e não sabe o que fizeram nela." O candidato Rubens Chioratto Júnior (PSOL) admite que a agência contratada por ele usou Photoshop para tratar as fotos. "Imagem é tudo. Não para enganar o público, mas para ficar mais simpático", diz. Já a deputada Dárcy Vera (DEM) negou que tenha se beneficiado com o programa. "Basta ver a foto oficial da campanha de Dárcy Vera, as marcas de expressão abaixo dos olhos”, informou em nota de assessoria. (ALV)

Dárcy se assusta com preço e desiste de personal stylist

Dárcy Vera (DEM) foi uma dos poucos candidatos à prefeitura de Ribeirão que disseram não ter passado por nenhuma transformação no visual em função da campanha.

Uma personal stylist ouvida pela Gazeta disse que Dárcy chegou a procurá-la, mas acabou desistindo porque achou caro o serviço, informação confirmada pela assessoria da candidata.
Quando questionada se já fez aplicação de botox, Dárcy se recusou a responder, alegando que não considera o assunto relevante numa campanha política. Ela disse que não faz dieta e também negou o uso de Photosop nos santinhos.

NADA MUDOU.Outro candidato que afirma não ter feito nada para melhorar sua imagem é Daniel Lobo (PTB). Diz que continua com o estilo casual —a dupla calça e camisa que usa para trabalhar— e que até agora não fez nada radical para perder alguns de seus 140 kg.

"Não tive isso de renovar guarda-roupa. As pessoas vão me ver em dias diferentes com a mesma roupa", afirmou Lobo. "Nada de embalar alguma coisa para presente, não tem necessidade."

O candidato diz que o máximo que faz para manter a saúde é caminhar de vez em quando e ter cuidado com a alimentação. "Quem é gordo está sempre em conflito com a balança, tenta fugir do carboidrato, mas de vez em quando acabo comendo", admitiu. Ele diz que não tem problemas em expor a forma como é. "A partir do momento em que lança a candidatura, você vira pessoa pública. Se você tem o que esconder, fica com medo, disfarça. Se tiver que chegar à Prefeitura por esses modos, prefiro não chegar", afirmou. (ALV)