Manto de invisibilidade está mais próximo, dizem cientistas
Por Maggie Fox
Reuters
WASHINGTON (Reuters) - Cientistas criaram dois novos tipos de materiais que podem curvar a luz na direção errada, o que representa o primeiro passo para um dispositivo de invisibilidade.
Um deles utiliza uma espécie de rede de camadas metálicas a fim de reverter a direção da luz, enquanto a outra usa finos fios de prata, ambos em escala nanométrica.
Ambos são chamados de "metamateriais", ou seja, estruturas produzidas artificialmente para gerar propriedades que não existem na natureza, entre as quais um índice negativo de refração.
As duas equipes estavam trabalhando separadamente sob a direção de Xiang Zhang, do Nanoscale Science and Engineering Center da University of Califórnia, Berkeley, com financiamento do governo dos Estados Unidos. Uma das equipes reportou seus resultados na revista Science e a outra na Nature.
Cada novo material trabalha para reverter a luz em comprimento de onda limitado, de modo que ninguém os utilizará para ocultar edifícios de satélite, disse Jason Valentine, que trabalhou em um dos projetos.
"Não estaremos na verdade lançando um manto sobre coisa alguma", disse Valentine em entrevista por telefone. "Não creio que as pessoas precisem se preocupar com a possibilidade de que alguém saia caminhando invisível, ao menos em curto prazo. Para ser honesto, estamos no começo da estrada que permitiria realizar algo assim".
A equipe de Valentine produziu um material que afeta a luz perto do espectro visível, em uma região usada em fibras ópticas.
"Nos materiais que ocorrem na natureza, o índice de refração, uma medida de como a luz se dobra em determinado meio, é sempre positivo", ele disse.
"Quando você vê um peixe na água, ele parece estar à frente de sua posição real. Ou, quando você coloca um pedaço de madeira na água, ele parece se dobrar e afastar de você", disse.
Essas são ilusões causadas pelas dobras da luz ao se mover entre a água e o ar.
Já a refração negativa obtida pelos cientistas de Berkeley seria diferente.
"Em vez de o peixe parecer um pouco à frente de sua posição real na água, ele pareceria estar acima da água", disse Valentine. "É bem estranho".