BBC Brasil
O vice-presidente colombiano, Francisco Santos, disse neste domingo que o líder do grupo rebelde Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Alfonso Cano, foi ferido durante um enfrentamento com militares e estaria cercado pelo Exército. Segundo Santos, o líder guerrilheiro teria sido ferido no braço ao ser surpreendido por uma operação militar.
De acordo com o governo colombiano, Mono Jojoy, um dos membros do Secretariado das Farc, que representa a ala militarista da guerrilha, também estaria ferido.
"Não é só Alfonso Cano, é também Mono Jojoy e todos os dirigentes das Farc, que estão sendo cercados e cujas esperanças de sobreviver são cada vez menores", disse o vice-presidente em entrevista à rádio colombiana Caracol.
Cano assumiu a chefia das Farc em março, logo depois da morte do líder e fundador do grupo, Manuel Marulanda.
De acordo com a imprensa colombiana, o líder das Farc teria sido surpreendido pelo Exército em um acampamento no estado de Tolima.
Após o enfrentamento com os militares colombianos, Cano teria sido atingido por um disparo e, de acordo com a imprensa local, foi atendido por um médico em uma escola pública da região.
O líder das Farc estaria cercado por diferentes grupos das Forças Armadas na região sul do país.
"Processo de paz"
"Por isso fazemos um chamado para que se desmobilizem, para que comecem um processo de paz", afirmou o vice-presidente.
O Secretariado das Farc disse que não negociará com o governo do presidente Álvaro Uribe.
Desde que assumiu o poder, em 2002, Uribe reforçou o combate às guerrilhas do país, com o apoio militar e financeiro do governo dos Estados Unidos, que desde 2002 financia o Plano Colômbia.
Há um mês, as Farc sofreram um duro golpe, depois que o Exército colombiano resgatou a ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt e outros 14 reféns do grupo mantidos em cativeiro na selva havia anos.
Brasil: Novo escândalo abala a presidência
Aliados de Lula ligados às FARC
Correio da Manhã
Lula da Silva evitou pronunciar-se sobre o novo escândalo que paira sob a sua presidência04 Agosto 2008 - 00h30
Há dias a imprensa colombiana e a brasileira divulgaram o conteúdo de mails trocados entre membros das FARC em que são citados mais de 60 nomes brasileiros, alguns pertencentes a pessoas muito próximas de Lula da Silva, inclusive o chefe de gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho.
Numa primeira análise não parece haver grandes ligações entre membros do governo brasileiro e as FARC, mas a secreta civil ABIN e a secreta militar CIE (Centro de Informações do Exército) temem que sectores mais à esquerda dentro do partido de Lula (PT, Partido dos Trabalhadores)estejam ou possam vir a facilitar a entrada de guerrilheiros colombianos em território brasileiro pela grande fronteira entre os dois países.
Esses sectores do partido do presidente Lula da Silva, claramente simpatizantes das FARC, podiam eventualmente ajudar a guerrilha, que está a atravessar um dos piores momentos com a morte e captura de vários líderes de primeiro plano e a perda de alguns dos principais reféns – como a senadora Ingrid Betancourt, resgatada no mês passado após seis anos de cativeiro.
As suspeitas de alegadas ligações entre as FARC e o PT ou entidades e organizações apoiadas por este, como é o caso do Movimento dos Sem-Terra (MST), já vêm de longe. Enquanto estava na oposição, o partido de Lula da Silva apoiava abertamente a luta dos guerrilheiros colombianos e foi várias vezes denunciado que homens das FARC ensinavam técnicas de guerrilha aos camponeses sem-terra brasileiros, apoiados pelo Partido dos Trabalhadores.
Com a chegada de Lula da Silva ao poder, em 2003, o apoio do PT às FARC passou a ser mais discreto, mas suspeita-se de que algumas das alas mais radicais do partido tenham ainda assim mantido ligações com a guerrilha.
SAIBA MAIS
FARC NA FRONTEIRA
Há anos que guerrilheiros das FARC se movimentam livremente na remota fronteira amazónica entre o Brasil e a Colômbia, apesar dos esforços das autoridades de ambos os países.
1980
Foi o ano em que foi fundado o Partido dos Trabalhadores (PT), no poder no Brasil. Lula da Silva é o seu líder histórico e o homem que conseguiu levar o movimento à presidência.
Domingos G. Serrinha, São Paulo correspondente
