Revistas femininas encolhem para crescer

As revistas estão encolhendo de tamanho. O segmento que mais chama a atenção no gênero, denominado pelas editoras de "pocket", é o das revistas femininas.

Na Europa, revistas como a inglesa Glamour, a edição portuguesa da Elle, ou a americana Cosmopolitan adotaram o tamanho menor. Por aqui, o mercado ainda vive fase experimental, mas já tem casos de sucesso.
A novidade ainda não tem data para estrear no Brasil.
A Gloss, da Editora Abril, nascida em formato pequeno para um público jovem, entre 18 e 28 anos, completa um ano em outubro, com circulação média de 135 mil exemplares por edição. "É uma novidade que teve ótima aceitação tanto do público como dos anunciantes", diz Eliana Bueno, vice-presidente de Mídia da agência de publicidade Giovanni+DraftFCB. "Tenho clientes como a Nívea que fazem questão de veicular seus anúncios nos dois formatos."

Na cola do sucesso da Abril com a iniciativa, a concorrente Editora Globo passou a oferecer também uma versão reduzida da sua revista juvenil Criativa. Desde janeiro, a circulação da publicação dobrou e chegou a cerca de 50 mil exemplares, com a oferta da edição pocket.

O preço menor tem sido um atrativo poderoso. Mas há pesquisas internas das editoras que mostram que o formato também tem o poder de rejuvenescer a marca. Ele atrai principalmente jovens que querem uma revista - pelo menos na sua opinião - diferente das que as mães e tias lêem. "Na Europa é um sucesso pela facilidade de se ler em transportes públicos", explica a publicitária Eliana, que acredita que a opção pocket veio para ficar.

"O formato pequeno tem atributos tanto para o público, com a facilidade de carregar para ler em qualquer lugar, quanto para os editores, com a visibilidade que ganha nas bancas de jornais em meio a tanta oferta", diz a diretora-editorial adjunta da Editora Globo, Cynthia de Almeida.

Na avaliação de consultores da área editorial, a adesão do consumidor ao tamanho reduzido pode ser influência da proliferação de novas mídias, que dá maior flexibilidade para a aceitação de inovações no conservador meio impresso. Há também uma questão de custos. Especialistas dizem que essa seria a razão para o encolhimento da revista Rolling Stone que, a partir de outubro, estará menor, nos padrões das atuais revistas semanais de informação. A novidade ainda não tem data para estrear no Brasil.

Lançamentos

O interesse crescente do leitor faz com que a Editora Globo estude a possibilidade de oferecer a Criativa apenas nesse novo formato a partir de 2009, e também de lançar alternativas reduzidas para duas publicações consagradas em tamanho maior . Em outubro, chegará às bancas a Crescer na versão pocket e, em novembro, será a vez da Marie Claire. Os tamanhos tradicionais serão mantidos.

Não há dúvida de que o preço menor das edições menores tem sido um fator importante para impulsionar vendas , levando títulos estagnados a voltar a crescer. Mas, para analistas, esse efeito pode ser prejudicial ao negócio no médio prazo. As edições pocket canibalizariam a versão clássica, sem trazer benefício à receita, já que seu preço é menor.

Experiência

Há inclusive editoras que fizeram experimentos com versões pocket e desistiram de adotar a novidade para títulos já existentes. O temor é de perda de público da versão clássica, com preço maior, sem o ganho correspondente no formato pocket, suficiente para manter os custos da operação.

"Por quanto estamos simulando estratégias", diz o diretor do Núcleo de Comportamento da Editora Abril, Morris Kachani. "Mas vamos apostar no desempenho da Gloss. A revista atingiu suas metas antes de completar um ano. Já temos um terço das páginas com publicidade. Acreditamos que o formato seria um diferencial para atrair leitores mais jovens, a exemplo do que acontece lá fora, e fomos bem sucedidos."

Kachani não acha, no entanto, que basta encolher as páginas para a revista ganhar um ar moderno. Para o executivo, o design da publicação tem de ser criado para o modelo, assim como o conteúdo. Aliás, pesquisa quantitativa feita à época do lançamento da Gloss mostrou que o formato era um fator praticamente tão relevante quanto o assunto da capa, ou as novidades do mercado.