Moscou, 13 ago (EFE) - O ministro de Exteriores russo, Serguei Lavrov, exigiu hoje aos Estados Unidos que escolha entre cooperar com a Rússia ou com o atual Governo da Geórgia, leal a Washington.
"Entendemos perfeitamente que esta Administração georgiana é um 'projeto especial' dos Estados Unidos e que os EUA estão preocupados com o futuro desse projeto", disse Lavrov à imprensa na residência de campo do presidente russo, Dmitri Medvedev.
Washington deverá "escolher entre a defesa deste projeto virtual e a cooperação real (com a Rússia) sobre assuntos que requerem ações coletivas", indicou a agência "Interfax".
O chefe da diplomacia russa se referiu assim ao presidente georgiano, Mikhail Saakashvili, o principal aliado dos EUA no Cáucaso, o qual Moscou declara "criminoso de guerra" por ter lançado uma ofensiva contra a região separatista da Ossétia do Sul.
Lavrov, que usou sua retórica antiamericana, criticou duramente as últimas declarações do presidente dos Estados Unidos, George W.
Bush, que defendeu de novo a integridade territorial da Geórgia e exigiu que a Rússia retire as tropas que enviou ao país vizinho para defender os separatistas.
Bush anunciou hoje o envio de uma missão política que levará a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, a Paris e a Tbilisi, e outra humanitária, que transportará ajuda em aviões e navios à Geórgia.
O chefe da diplomacia russa lamentou a "incompetência" dos redatores de discursos de Bush por incluir no texto "afirmações que não se correspondem à realidade" e por omitir responsabilidades próprias.
Entre estas, citou a ajuda dos EUA à Geórgia para reformar e rearmar suas Forças Armadas e o silêncio dos países ocidentais após o ataque georgiano contra a Ossétia do Sul, a cujos habitantes a Rússia tinha concedido cidadania russa, apesar dos protestos de Tbilisi.
Além disso, Lavrov defendeu o avanço das tropas russas fora da Ossétia do Sul pela necessidade de recolher as armas abandonadas pelo Exército georgiano e prestar socorro humanitário aos civis "desamparados", após a fuga das autoridades.
Lavrov citou como exemplo a cidade de Gori, a 25 quilômetros da Ossétia e a apenas 70 de Tbilisi, que, segundo as autoridades georgianas, foi saqueada hoje mesmo por paramilitares do Cáucaso do Norte, após vários dias de intensos bombardeios do Exército russo.
O Ministério de Exteriores russo desmentiu anteriormente essas denúncias de saques, mas Lavrov, na entrevista, admitiu que o Exército recebeu a ordem de "tratar os mal-intencionados segundo as normas de tempos de guerra".EFE