Paraguai: entrada de tropas brasileiras é provocação

O ministro das Relações Exteriores paraguaio, Alejandro Hamed, ratificou nesta quinta-feira o conteúdo de um comunicado oficial que chama de "provocação" a entrada de militares brasileiros no Paraguai, apesar das explicações que recebeu do embaixador do Brasil em Assunção, Eduardo dos Santos, sobre o incidente desta quarta-feira.

Santos compareceu a sede do Ministério das Relações Exteriores paraguaio para explicar a presença de 30 militares brasileiros apoiados por tanques e veículos de artilharia, na fronteira com o departamento de Canindeyú, no leste do Paraguai.

Hamed disse hoje que a posição do Governo de Assunção está exposta no comunicado assinado ontem à noite com o ministro da Defesa paraguaio, Luis Barreiro Spaini, e no qual considera o fato como uma "sistemática prática e atitude recorrente de confronto e provocação".

"O que falamos com o embaixador toma como base o que já dissemos em nosso comunicado. O embaixador nos informou que são manobras normais realizadas nesta época", afirmou Hamed à imprensa.

Ao ser perguntado sobre se a atitude do Governo mudou após as explicações do embaixador brasileiro, Hamed afirmou taxativamente: "Claro que não", embora em sua exposição tenha dito que estas manobras serão coordenadas pelas duas partes.

O embaixador brasileiro disse que "se trata de um movimento regular feito normalmente em várias épocas do ano e não teve nenhum significado como deu a entender à primeira vista".

Santos acrescentou que "pode ter havido um mal-entendido que será esclarecido".

"Transmiti ao ministro (Hamed) as informações que pude obter sobre o caso e me comprometi a transmitir a meu Governo os relatórios, as manifestações que fez", comentou o diplomata brasileiro, que garantiu que "não houve violação de soberania".

No entanto, o comunicado oficial indica que "foi constatada a presença em território paraguaio de militares a 30 metros da fronteira seca, no cruzamento entre Colônia Canindeyú e a Colônia Painerinha, a 30 quilômetros da cidade de Salto del Guairá".

"Toda incursão no território nacional de efetivos policiais ou militares estrangeiros, sem autorização expressa do Governo nacional ou sem coordenação com ele, constitui violação da soberania de nosso país", ressalta o texto.

A presença de tropas brasileiras na fronteira foi advertida primeiramente por uma patrulha policial.

"Um grupo de aproximadamente 30 soldados da 17ª Divisão de Cavalaria Mecanizada, com assento na cidade Amambaí, no estado de Mato Grosso do Sul (...), a cargo do capitão Pedro Porto, investiram em direção ao território paraguaio", diz o relatório da chefia policial em Canindeyú.

O comunicado, assinado pelo chefe regional da Polícia Nacional, Miguel Oxilio Cardozo, indica que o responsável do Subcomissariado Primeiro, Héctor Amarilla, "foi constituído imediatamente" no lugar após o conhecimento do ocorrido.

Acrescenta que o capitão brasileiro explicou que o que aconteceu foi uma operação rotineira da linha fronteiriça, e que ao ser advertido que "estavam em território nacional, pediu desculpas alegando ter ingressado sem conhecimento".

O militar brasileiro também se desculpou com o coronel paraguaio Pastor Ferrerira, comandante do batalhão de fronteira RC4 Acá Carayá, antes de as tropas recuarem para o Brasil, detalha o relatório.

EFE

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