Protagonista de escândalos, o ex-policial morreu de overdose, após consumir a droga e sofrer alucinação de que era perseguido. Segundo a namorada, homens fardados lhe venderam o pó
Sara Paixão e Vania Cunha
Rio - A vida polêmica do ex-PM Marcelo Silva, 38 anos, que foi casado com a atriz Susana Vieira por quase dois anos e pivô de escândalos, terminou de forma trágica ontem. Ele morreu na garagem de um apart-hotel, na Barra, devido a provável overdose de cocaína — precedida de alucinações de que estava sendo perseguido —, segundo o delegado da 16ª DP (Barra), Rafael Willys. De acordo com a namorada de Marcelo, a estudante Fernanda Cunha, o ex-PM disse ter comprado a droga de policiais militares com quem se encontrou quarta-feira à tarde, no Centro. O delegado quer localizar esses PMs.
Confira o vídeo:
“Fernanda contou que viu uma grande quantidade de papelotes com o Marcelo e que ele disse ter apanhado o entorpecente com policiais. Ela dormia no carro ontem (quarta-feira) à tarde, acordou e viu Marcelo conversando com homens fardados. É uma conduta inadmissível. Vou mandar as informações para as delegacias do Centro investigarem e tomarem as providências”, afirmou Willys. A assessoria da Polícia Militar informou que não vai se pronunciar sobre o fato enquanto não tiver acesso ao inquérito.
Através da assessoria, Susana foi econômica nas declarações. “Estou muito triste e chocada. Que ele descanse em paz”, limitou-se a dizer. Pai de Marcelo, Eliseu Soares afirmou que o casamento não fez bem ao filho. “Ele perdeu tudo. A Susana acabou com ele. A fuga do Marcelo foi o tóxico, ele teve duas recaídas”, contou, ressaltando que a atriz se recusou a dar certidão de casamento para providenciar o enterro.
Marcelo começou a passar mal por volta das 5h30. Antes, ele teria consumido cocaína por 12 horas no Motel Shalimar, no Vidigal. Em depoimento, a estudante afirmou que estava sonolenta porque tomou remédios controlados. Ao acordar, já estava no motel. Ela disse ainda que viu Marcelo se drogando e tentou jogar os papelotes fora, mas foi impedida.
O casal saiu do motel pouco antes das 4h. “Mesmo com alucinações, ele dirigiu o carro dele (um Polo prata) até a Barra. Ele cheirou o resto da cocaína sobre um CD enquanto dirigia”, afirmou Willys. Alterado, o ex-PM achou que estava sendo seguido e entrou na garagem do apart-hotel às 4h56. Aos gritos de “ele vai me matar”, correu em volta do Polo em busca do ‘inimigo’. Seguranças do prédio e vizinha tentaram segurá-lo.
Em seguida, Marcelo sentou no banco do carona e, como se estivesse agarrando alguém, desfaleceu: “Te peguei, te peguei”. A mãe do ex-PM foi ao Grupamento Marítimo da Barra pedir socorro, dizendo que o filho teve overdose. Os bombeiros tentaram a reanimação, sem sucesso. A polícia pediu imagens das câmeras do edifício.
Manchas de sangue no banco e na lataria
No carro, a perícia encontrou manchas de sangue no banco e na lataria. Marcelo teria expelido sangue pela boca. Segundo testemunhas, o ex-PM estava só de cueca — também foram encontradas roupas e fitas de vídeo.
A polícia aguarda exames complementares no laudo de necropsia para saber se Marcelo ingeriu outras substâncias além da droga. A polícia também vai apurar suposta demora no socorro.
“Ele ficou pelo menos três horas no local, até a chegada dos bombeiros. Todos achavam que ele estava dormindo. A mãe foi quem buscou socorro”, disse o delegado. “Não entendemos por que Fernanda demorou tanto para procurar socorro. Ela pode pagar por omissão”, reclamou o advogado René Rocha.
O ex-PM fazia tratamento de desintoxicação desde 2005. No motel, disse a Fernanda que era a última vez que usaria drogas e que voltaria para os Narcóticos Anônimos. O velório começou ontem, em Nilópolis, e o enterro será às 14h no Cemitério de Ricardo de Albuquerque.
O Dia Online