Resumo das notícias dos jornais de hoje 12/11/2009

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Folha de S. Paulo

Governo culpa mau tempo pelo apagão

O governo reconheceu ontem que o apagão ocorrido entre a noite de terça-feira e a madrugada de ontem em grande parte do país foi maior do que admitia. Anteontem, a informação oficial era que nove Estados, além do DF, haviam sido afetados. Ontem, a conta subiu para 18 Estados.A interrupção da energia continuou sendo atribuída às condições climáticas, que teriam causado falha tripla nas linhas de transmissão de Furnas. Mas o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) disse ser baixa a possibilidade de raios ou chuvas fortes terem gerado o blecaute. E o presidente da Eletrobrás, José Antônio Muniz, disse à Folha que uma falha técnica permitiu a propagação dos efeitos do apagão.

Versão é a mesma usada no blecaute de dez anos atrás

O governo Lula fez o mesmo que o governo FHC, em 1999, para justificar o apagão que atingiu 18 Estados: culpou o tempo. Em 99, a culpa foi atribuída a um raio -versão que foi contestada depois pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), ligado ao governo federal. Ontem, o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, atribuiu de novo ao clima a responsabilidade pelo apagão mais abrangente da história do país. Se o clima provocou o blecaute, como disse o ministro, não foi o bastante para deixá-lo com a dimensão que ficou, segundo outro membro do governo: José Antônio Muniz, presidente da Eletrobrás -empresa controlada pelo governo que detém metade do capital da Itaipu-, afirmou que uma falha técnica permitiu o alastramento dos efeitos do apagão para regiões além daquelas que deveriam ter sido afetadas.

Hipótese de raio ou chuva ter causado pane é baixa, diz Inpe

A possibilidade de que descargas elétricas ou mesmo fortes chuvas tenham provocado o apagão, como vêm afirmando autoridades do governo federal, é remota, dizem especialistas ouvidos ontem pela Folha.
"Em três das quatro linhas que saem de Itaipu é 100% certo que não houve descarga elétrica", afirma Osmar Pinto Jr., coordenador do Grupo de Eletricidade Atmosférica do Inpe.

O sistema que mede a queda de raios nas linhas de transmissão foi criado após o apagão de 1999. "Nós não fomos consultados pelo governo hoje [ontem]", disse Pinto Jr., um dos maiores pesquisadores de eletricidade atmosférica do país.

Luz volta, mas 8,3 milhões de pessoas ficam sem água

O apagão que atingiu o país afetou também o abastecimento de água, a telefonia celular e o atendimento em delegacias.
Após o blecaute, 6,7 milhões de pessoas na região metropolitana de São Paulo, 1 milhão no Rio de Janeiro e 575 mil no Espírito Santo ficaram sem água.

Na hora do apagão, os sistemas de abastecimento e tratamento de água foram desligados. A maioria foi religada na madrugada. A previsão é que tudo seja normalizado hoje pela manhã -ontem, no final do dia, cerca de 2 milhões em São Paulo ainda estavam sem água.

Serra faz críticas ao apagão; Dilma se cala

Pré-candidata à Presidência em 2010, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), que chefiou por dois anos e meio o Ministério das Minas e Energia, cancelou compromisso ontem, não participou de reunião do governo para discutir o blecaute e não comentou o episódio. Dilma tinha encontro com o governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira, na sede provisória da Presidência, no Centro Cultural Banco do Brasil, mas desmarcou. Também não foi ao Itamaraty receber o presidente de Israel, Shimon Peres, como era esperado.

Angra 1 e 2 ficam em alerta pela 1ª vez

Pela primeira vez desde que foram inauguradas, as usinas nucleares de Angra 1 e 2 estiveram sob estado de alerta. O blecaute do sistema elétrico causou o desligamento automático das usinas, em Angra dos Reis, no litoral sul, a 150 km do Rio.

Elas permaneceram desligadas ontem durante todo o dia; o reinício da produção ocorreu às 17h50 em Angra 1 e 18h57 em Angra 2. Com a paralisação, a estatal Eletronuclear deixou de faturar R$ 3,9 milhões.

Congresso aprova aumento de verba para educação

O Congresso promulgou ontem a emenda constitucional que tira a educação da DRU (Desvinculação de Receitas da União). O mecanismo, criado em 1994, permite à União usar livremente 20% de suas receitas, o que reduz o orçamento das áreas sociais.

Com isso, o Ministério da Educação afirma que terá R$ 7,7 bilhões adicionais já no ano que vem, o que corresponde a 19% do orçamento atual da pasta. Para 2011, a estimativa oficial é de R$ 11,3 bilhões.

STF retoma caso Battisti com placar favorável à extradição

O STF (Supremo Tribunal Federal) retoma hoje o julgamento sobre o processo de extradição do ex-militante da extrema esquerda italiana Cesare Battisti. Além da própria decisão da causa, a sessão traz uma dúvida preliminar: a participação ou não do mais novo ministro da corte, José Antonio Dias Toffoli, que tomou posse no dia 23 de outubro. Segundo a Folha apurou, Toffoli não deve votar. A participação dele poderia mudar o destino do julgamento, já que se votar contra a extradição o placar ficaria empatado (5 a 5), levando-se em conta os votos já proferidos e a tendência dos próximos votos, segundo apurou a Folha.

Justiça mantém veto à posse de vereadores na atual legislatura

O STF (Supremo Tribunal Federal) confirmou ontem, por 8 a 1, liminar concedida pela ministra Cármen Lúcia, que havia suspendido a posse de suplentes de vereadores beneficiados pela emenda aprovada pelo Congresso que elevou o número de vagas nas Câmaras Municipais.

Câmara debate limite a capital estrangeiro em sites noticiosos

Representantes das empresas jornalísticas brasileiras defenderam ontem, em debate na Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara, que as restrições previstas na Constituição à composição de capital dos veículos de comunicação sejam também seguidas pelos sites que produzem conteúdo noticioso.

A comissão analisa se irá apresentar projeto regulamentando o tema. O artigo 222 da Constituição estabelece que 70% do capital total e votante das empresas jornalísticas e de rádio e TV deve pertencer a brasileiros natos ou com ao menos dez anos de naturalização.

CCJ aprova volta da exigência de diploma para jornalista

Foi aprovada ontem na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara a proposta de emenda constitucional que reinstitui a obrigatoriedade do diploma de curso de jornalismo para o exercício da profissão.

O texto agora será analisado por uma comissão especial da Casa, a ser criada, e depois ainda precisa ser aprovada em dois turnos no plenário da Câmara. Em seguida, vai para o Senado.

CNA pede e TJ aprova pedido de intervenção federal no Pará

No mesmo dia em que foram presos três sem-terra suspeitos de depredar fazendas no sul do Pará, o Tribunal de Justiça paraense aprovou ontem um pedido de intervenção federal para que sejam cumpridas as ordens de reintegração de posse em terras invadidas no Estado.

A palavra final caberá ao STF (Supremo Tribunal Federal): a corte tem hoje na fila 116 pedidos semelhantes de todo o país.

"Mensalão foi uma tentativa de golpe", diz Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o mensalão foi uma tentativa de "golpe" da oposição para derrubá-lo: "Foi uma tentativa de golpe no governo... Foi a maior armação já feita contra o governo", disse ao programa "É Notícia", da RedeTV!, gravado ontem.

Lula disse ter "desconfiança" da relação entre o PT e o publicitário Marcos Valério, insinuando suposta armação na aproximação entre o seu partido e o operador do escândalo de corrupção política que marcou o primeiro mandato do petista: "Marcos Valério não vem do PT, vem de outras campanhas".

Lembrado de que Valério emprestou dinheiro ao PT, que o repassou a deputados aliados, Lula mantém a versão de que o mensalão não existiu, mas evitou falar mais: "Depois que eu deixar a Presidência vou querer me inteirar um pouco mais disso, mas, como presidente, não posso ficar futucando", disse.

TCU vê falha do governo na política para o clima

O TCU (Tribunal de Contas da União) finalizou quatro auditorias para fiscalizar as ações do governo em relação às mudanças climáticas no país e constatou que as medidas até agora são insuficientes.
Os resultados foram apresentados ontem pelo tribunal, a um mês de o Brasil levar para a conferência do clima da ONU, em Copenhague, sua proposta para a redução das emissões de gases-estufa.

Sarkozy chama Lula para falar sobre clima

O presidente Lula resolveu de última hora ir a Paris no sábado. Ele conversou ontem por telefone com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, que pediu, segundo a assessoria de imprensa do Planalto, que Lula fosse a seu país para conversarem sobre a conferência mundial do clima, que ocorrerá em dezembro em Copenhague.

Ainda de acordo com a assessoria, Sarkozy pediu informações sobre o encontro dos países amazônicos, que ocorrerá em Manaus (AM) no dia 26 de novembro. Na ocasião, os presidentes debaterão o que será levado por cada país à conferência. Lula espera que Sarkozy participe da reunião por causa da Guiana Francesa, que faz fronteira com o Brasil. O encontro em Paris ocorre em momento de definição da compra pelo Brasil de 36 caças. A empresa francesa Dassault é uma das concorrentes.

Secretaria quer condenação de cartel de brinquedo no país

Depois de três anos de investigação, a SDE (Secretaria de Direito Econômico) -ligada ao Ministério da Justiça- recomendará a condenação da Abrinq (Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos) e de seu presidente, Synésio Batista da Costa, sob a suspeita de induzir o mercado nacional de brinquedos a formar um cartel na importação de produtos da China. O parecer com o pedido de punição, ao qual a Folha teve acesso, será encaminhado hoje ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), que julgará o caso.

BC amplia controle sobre captação de empresa no exterior

O Banco Central vai aumentar o controle sobre as operações de captação de recursos no exterior por parte de bancos e de empresas nacionais. O objetivo agora é monitorar especificamente os contratos que incluem cláusulas de reajustes de acordo com a oscilação de taxas importantes do mercado, como câmbio e preços. Foram essas operações, vinculadas aos chamados derivativos, que provocaram prejuízos a várias empresas brasileiras no ano passado, como Sadia e Aracruz.

Estado de S. Paulo

Governo atribui ao mau tempo o maior apagão elétrico em 10 anos

O governo federal acredita que a concentração de "descargas atmosféricas, ventos e chuvas muito fortes" na região de Itaberá, no interior de São Paulo, causou o apagão que deixou às escuras por quatro horas mais da metade do País, na noite de terça-feira. Ao todo 18 Estados e 70 milhões de pessoas ficaram sem energia elétrica. Segundo o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, o mau tempo teria provocado um curto-circuito que levou à queda na transmissão de energia da Hidrelétrica de Itaipu. Num efeito dominó, a pane desligou pelo menos 15 linhas de transmissão, segundo estimativas do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

Battisti pode ficar no País, mesmo com decisão do STF

Mesmo que o Supremo Tribunal Federal (STF) autorize hoje a extradição do ex-ativista italiano Cesare Battisti, não é certa sua saída imediata do País. Primeiro, porque o presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderá, mesmo respeitando o tratado de extradição firmado com a Itália, negar-se a entregá-lo, sob o argumento de haver temor de perseguição política. Segundo, porque Battisti responde a processo criminal no Brasil por falsificação de documento e posse de passaporte falso. E, terceiro, porque um pedido de liminar deverá ser protocolado na Corte Interamericana de Direitos Humanos e na Corte de Haia para que Battisti não seja entregue à Itália.

Salário acima do teto no Senado consome R$ 50 mi

A despesa do Senado com valores acima do teto constitucional nos salários de 472 funcionários já consumiu R$ 50 milhões nos últimos cinco anos, segundo auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), na folha de pagamento da Casa. A investigação dos técnicos do tribunal identificou que os principais beneficiados pela medida foram os servidores que ocupam cargos de chefia, agraciados com gratificações nos últimos anos.

No relatório final, previsto para dezembro, os auditores devem se manifestar contrários à interpretação do Senado de não incluir gratificações no cálculo do teto, que é o salário de R$ 25,7 mil de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

Temer promove aproximação entre Lula e o TCU

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu ao presidente do Tribunal de Contas da União, Ubiratan Aguiar, que nenhuma mudança nas atribuições do TCU será feita sem que seus integrantes sejam chamados para debate. O governo tem se queixado do embargo de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e defende criação de uma Câmara Técnica para decidir se um projeto pode ou não ser paralisado, o que é feito pelo tribunal.

Invasões de sem-terra em SP sobem 88%, ante queda de 45% no País

O Estado de São Paulo, o mais avançado produtor agrícola do País, hoje é a unidade da federação onde os movimentos de sem-terra se mostram mais agressivos em termos de invasões de propriedades rurais. Levantamento realizado por pesquisadores do Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos de Reforma Agrária (Nera), vinculado à Unesp, indica que o número de invasões no primeiro semestre deste ano aumentou 88,8% em comparação com o mesmo período do ano passado. Foram 36 invasões de janeiro a junho de 2008, contra 68 em 2009.

Ministério Público livra Abin

Não houve crime na parceria entre a Polícia Federal e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para a Operação Satiagraha. A conclusão é da 2ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal que confirmou arquivamento do inquérito policial aberto para apurar supostas irregularidades na cessão de servidores e colaboração de arapongas da Abin no cerco ao banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity. Em seu voto, o subprocurador-geral da República Wagner Gonçalves assinalou que os agentes de inteligência não praticaram atos de gestão ou decisão, mas efetuaram atividades de pesquisa, vigilância, seleção e degravação de ligações interceptadas.

Real forte faz indústria substituir fornecedor brasileiro por estrangeiro

A valorização do real começa a fazer diferença nos planos das empresas brasileiras na hora de comprar insumos e peças. Fornecedores locais estão sendo preteridos por fabricantes no exterior, porque o câmbio forte tornou mais barato comprar fora do País resinas plásticas, minerais não-metálicos e até peças para veículos.

Os empresários relatam diferenças de preços de 15% a 20% entre matérias-primas nacionais e importadas. Em um mercado global mais competitivo, por causa da crise, são porcentuais decisivos, que compensam a logística da importação.

Governo quer facilitar saída de dólar com ação estrangeira

O governo estuda a simplificação da regras para as operações com Certificados de Depósito de Valores Mobiliários - recibos de ações de empresas estrangeiras negociados na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). A intenção é estimular essas operações, que implicam saída de dólares do País e podem ajudar a reduzir a pressão pela valorização excessiva do real.

Os certificados são similares aos American Depositary Receipts (ADRs), recibos de ações de companhias não americanas negociados na Bolsa de Nova York. Por isso, são conhecidos também como BDRs.

Correio Braziliense

Apagão acende guerra política

Ventos e chuvas fortes na região de Itaberá (SP) causaram curto-circuito em linhas de transmissão e foram responsáveis pelo apagão em 18 estados brasileiros entre a noite de terça-feira e a manhã de quarta-feira. A versão oficial foi apresentada ontem pelo ministro de Minas e Energia, o senador licenciado Edison Lobão (PMDB). Tornou-se pública no início da noite, depois de o governo passar o dia empenhado em abater, no nascedouro, duas crises: uma administrativa, outra política. Sob a batuta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Lobão recebeu a missão de, ao lado de técnicos de órgãos federais, apresentar as razões do blecaute. E, além disso, reforçar a cantilena oficial de que o sistema elétrico brasileiro é seguro. “O que ocorreu foi um acidente. Não há motivo de preocupação. A população pode ficar tranquila”, afirmou.

Caso vai parar no palanque

Brasília e São Paulo — Uma hora depois de iniciado o apagão, às 22h da terça-feira, líderes da oposição no Congresso já articulavam pelo telefone uma estratégia para fustigar a presidenciável do governo Lula e ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Os oposicionistas pretendem levar Dilma ao parlamento para que ela explique os motivos do acidente energético que atingiu 18 estados. Eventual adversário da ministra em 2010, o governador de São Paulo, José Serra, disse que faltam investimentos federais.

Radiografia do blecaute

Versão oficial do Operador Nacional do Sistema (ONS) explica que, às 22h14 (horário de Brasília), ocorreu uma perturbação de grande porte no Sistema Interligado Nacional (SIN), causada por fortes descargas atmosféricas na região de Itaberá (SP). Isso provocou uma interrupção parcial do suprimento de energia nas regiões Sudeste e Centro-Oeste equivalente a 28,8 mil megawatts. Segundo o ONS, foi identificado o desligamento das três linhas de 750 quilovolts (veja mapa ao lado) e do elo de corrente contínua associados à usina de Itaipu Binacional, com o consequente desligamento de suas unidades geradoras. Para reduzir os efeitos dessa perturbação, os sistemas de proteção atuaram de forma a minimizar a extensão do evento, evitando que outras regiões do Brasil fossem afetadas. O processo de recomposição da carga foi iniciado imediatamente e, de forma paulatina e coordenada, todas as áreas do SIN foram recompostas. O ONS garantiu que todos os equipamentos do sistema operavam em condições de absoluta normalidade no início da manhã de ontem.

Trovoada de desculpas

Os fenômenos atmosféricos foram os grandes vilões apontados pelo governo como responsáveis pelo apagão que ocorreu na noite da última terça-feira e que deixou 18 estados brasileiros no escuro. Quase 24 horas depois da ocorrência do blecaute e das várias reuniões durante todo o dia, que ocuparam a agenda do Ministério de Minas e Energia, da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), do Operador Nacional do Sistema (ONS) e de executivos de Furnas e Itaipu, a versão apresentada foi exatamente a mesma da primeira declaração do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, sobre o assunto. A diferença foi o maior detalhamento das causas, que foram acertadas após a reunião do Comitê de Monitoramento do Sistema Elétrico (CMSE).

Chuva não convence

Apesar de o governo insistir que a causa do apagão estaria conectada às más condições do tempo, especialistas e órgãos do governo ligados ao setor climático discordam. Ontem, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, saiu em defesa do sistema energético brasileiro e disse que a queda das três linhas de transmissão de Itaipu decorreu de uma adversidade meteorológica. Mas as chuvas ocorridas no Paraná e em São Paulo, segundo especialistas, foram insuficientes para deixar 18 estados brasileiros às escuras.

De acordo com registros do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), apesar da condição de instabilidade observada no Paraná, onde a energia é transmitida de Foz do Iguaçu para duas estações de São Paulo, a única chuva ocorrida nas proximidades, no município de Dois Vizinhos, foi considerada dentro da normalidade.

TCU advertiu sobre risco

A pane no sistema elétrico brasileiro não deveria ter surpreendido o governo. Um acórdão do Tribunal de Contas da União (TCU), aprovado em julho deste ano, alertou a Casa Civil para as dificuldades do setor e recomendou o controle rigoroso dos órgãos ligados à energia para evitar a repetição de crises como a de 2001. “Reputo pertinente recomendar à Casa Civil que verifique a adequabilidade da estrutura organizacional, física e de pessoal do Ministério de Minas e Energia, da Empresa de Pesquisa Energética e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para o planejamento, expansão, regulação e desenvolvimento do setor elétrico nacional e promova melhoramentos, se for o caso, de forma a mitigar os riscos futuros de uma crise energética”, ressaltou à época o relator do processo, ministro Walton Alencar Rodrigues.

Hora de contabilizar o prejuízo

São Paulo — No dia em que a cidade de São Paulo ficou escura, o medo tomou conta da população. O trânsito caótico em todos os dias do ano virou um inferno com os semáforos desligados. Os carros aglomeravam-se nos cruzamentos e buzinavam sem parar. Como os trens do metrô pararam de funcionar, as entradas subterrâneas das estações despejavam um mar de gente na rua, que mais parecia um formigueiro. O tumulto nos pontos de ônibus foi inevitável.

Como será o ressarcimento

Quem se sentiu prejudicado pelo apagão que atingiu 18 estados brasileiros entre a noite de terça-feira e a manhã de ontem não deve perder tempo. A recomendação dos órgãos de defesa do consumidor é: se você teve um aparelho elétrico danificado em função do blecaute, procure logo a concessionária responsável pelo fornecimento de energia. Você pode pedir ressarcimento pelo prejuízo.

Há uma resolução (1)específica da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sobre eletrodomésticos queimados. Ela diz que o consumidor tem três meses para procurar a empresa responsável pelo fornecimento de energia. Mas o Procon-DF faz um alerta.“O ideal é que isso seja feito da forma mais breve possível. Quanto mais cedo o consumidor fizer o pedido de ressarcimento, mais cedo vai ser atendido”, diz o diretor-geral do órgão, Ricardo Pires.

Por enquanto, reajuste menor que o mínimo

O governo recusou-se a conceder para todos os aposentados o mesmo reajuste dado ao salário-mínimo. Não quer nem ouvir falar em política permanente de aumento dos vencimentos. A proposta apresentada ontem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva é a mesma já acertada com as centrais sindicais há mais de dois meses. Para não repetir o sinal verde a um acordo velho, Lula pediu que os líderes da base aliada encampem a ideia para dividir o desgaste eleitoral de assumir um compromisso abaixo do que a categoria esperava.

Sim ao sistema de partilha

Interessados em não comprometer o acordo dos royalties fechado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os deputados da base aliada se uniram para aprovar, por 13 votos a cinco e sem alterações de última hora, o projeto que institui o sistema de partilha da produção do petróleo a ser extraído da camada do pré-sal. Mas, pelos discursos de cada um ontem durante o processo de votação na Comissão Especial da Câmara, ficou claro que, no plenário, a guerra continua, embora o governo esteja mobilizado para garantir que as mudanças sejam mínimas.

Posse, só se eleitos em 2012

Os 7.623 vereadores suplentes que esperavam tomar posse com a promulgação da PEC 336/09 vão mesmo ter de esperar as eleições em 2012 para tentar uma cadeira nas câmaras municipais brasileiras. O plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou ontem, por oito votos um, a liminar concedida pela ministra Cármen Lúcia. A decisão de 2 de outubro impediu a posse dos parlamentares beneficiados pela PEC (proposta de emenda constitucional) aprovada no Congresso em 22 de setembro e obrigou a Justiça Eleitoral a anular qualquer diplomação já realizada.

Nova carreira em xeque

A um custo de R$ 170 milhões por ano, o governo pressiona pela criação de mais uma carreira, a de analista executivo. A proposta, que prevê 2.190 novos cargos, foi formulada em 2008, mas desencantou na Câmara dos Deputados e, desde setembro, tramita com rapidez. Para o Ministério do Planejamento, a medida é prioritária para destravar a administração pública. A oposição discorda. Diz que a máquina está sendo administrada com irresponsabilidade e que a criação de carreiras no governo Lula é um trem desgovernado.

O Globo

Apagão revela as falhas do sistema elétrico brasileiro

O apagão que atingiu 18 estados brasileiros e retirou 45% da carga de energia do país foi causado por raios, chuvas e ventos que derrubaram três linhas de transmissão que levavam a energia da hidrelétrica de Itaipu para o Sudeste e o Centro-Oeste. Especialistas alertam que o sistema interligado brasileiro, conhecido como um dos mais seguros do mundo, ainda está vulnerável e precisa de novos mecanismos de proteção para evitar novas quedas de energia. Nos últimos dez anos, novas linhas de transmissão foram construídas, medidas de segurança foram idealizadas e um sistema de "ilhamento" foi concebido, permitindo que algumas áreas pudessem ter energia, mesmo se fechando em si e garantindo o abastecimento de áreas especificas. Não há explicação para o fato de esse sistema ter falhado no Sudeste. No Rio, 2.906 crianças ficaram sem aulas por falta de água.

Lula teme efeitos e tenta blindar Dilma

O apagão caiu como uma bomba no Planalto. O presidente Lula tentou blindar a ministra Dilma Rousseff, sua candidata à Presidência e que comandou a área de Minas e Energia, e ressaltou que o blecaute de anteontem foi diferente do de 2001, no governo FH. Tanto Lula como Dilma tinham garantido que o país não sofreria apagão. A oposição criticou duramente o governo. O governador José Serra (PSDB) cobrou explicações.

Consumidor tem até 90 dias para obter reparação

Quem teve aparelho danificado com o apagão dispõe de 90 dias para entrar com pedido de ressarcimento na distribuidora de energia, mas é preciso provar o dano no produto. Em caso de dano moral, deve recorrer à Justiça.

Inpe desmente a versão de Lobão

Uma análise do Inpe considerou mínima a chance de raios serem a causa do apagão. O Inpe não detectou raios capazes de provocar o desligamento da rede. Na hora do apagão, a tempestade mais próxima estava a 30km da subestação de Itaberá.

Lula anuncia hoje queda no desmatamento

O presidente Lula e a ministra Dilma Rousseff anunciam hoje o menor desmatamento da Amazônia desde que o Inpe iniciou o monitoramento por satélite, há 21 anos. O levantamento foi apressado para ser levado à conferência do clima, em Copenhague. A participação de Dilma, pré-candidata a presidente, é uma estratégia para aproximá-la dos temas ambientais.

STF veta posse de suplentes de vereadores

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu ontem que as 7 mil novas vagas de vereadores criadas por emenda constitucional só poderão ser preenchidas nas eleições de 2012. Por 8 votos a 1, os ministros confirmaram uma liminar que suspendeu as posses de to dos os suplentes de vereadores que pretendiam ser beneficiados com a criação dessas vagas.