Esta segunda-feira foi dia de comemorar uma medalha de bronze e guardar muita esperança para os próximos dias de competição do atletismo nos Jogos Parapan-Americanos do Rio, no Engenhão. Se a única a subir ao pódio foi Sônia Gouveia, que ficou em terceiro no lançamento do dardo na classe F53, nada menos que quinze brasileiros se classificaram para finais nesta terça-feira.
Logo na primeira prova do dia, o velocista Lucas Prado mostrou a força de vontade do atleta paraolímpico e, competindo com dores, em virtude de uma canelite, ele venceu sua eliminatória e quebrou o recorde parapan-americano dos 100m T11, 11s39, para deficientes visuais.
- Não é hora de sentir dor. Quero mostrar ao Brasil que somos capazes. O recorde era previsto, agora quero o recorde mundial - disse Lucas, que voltou à pista no início da noite e cumpriu a promessa que havia feito mais cedo, quebrando o recorde mundial com 11s29, e garantindo vaga na final, ao lado de Hilário Neto e Felipe Gomes. Ou seja, dos quatro finalistas nos 100m T11, três são brasileiros.
No Mundial de Cegos, realizado na semana passada, em São Paulo, o brasileiro conseguiu a marca de 11s26, no entanto, este tempo ainda não foi homologado pelo Comitê Paraolímpico Internacional.
- Quero baixar ainda mais a marca na decisão. O tempo de 11s26 ainda não entrou como oficial. Vou tentar fazer um tempo ainda melhor na final para confirmar este recorde - disse o atleta.
Não foi só nas provas de campo que o time feminino do Brasil brilhou no Engenhão. Empolgadas pelo bronze de Sônia Gouvêia, as velocistas Joana Silva, Indayana Martins, Maria Alves, todas nos 200m T13, e Terezinha Guilhermina, nos 100m T11, voaram baixo nas disputas de pista e se garantiram nas finais de suas provas.
Destaque para Terezinha Guilhermina, que ao lado do seu guia, Chocolate, venceu com sobra sua bateria, arrancando aplausos empolgados do público, em grande parte formado por alunos de escolas públicas. Por outro lado, a decepção foi Suely Guimarães, recordista mundial e uma das estrela da delegação brasileira, que ficou só com a quinta posição no lançamento de dardo F54/55/56/57/58.
Entre os homens, o desempenho do Brasil também foi louvável. Em provas disputadas em cadeiras de rodas, Wendel Soares, 200m T54, e Ariosvaldo Silva, 100m T53, encontraram caminhos distintos para se classificarem para a final. O primeiro teve que aguardar até a última série para se garantir com o sexto melhor tempo, enquanto o segundo fechou com chave de ouro o dia no Engenhão, vencendo sua prova.
Nos 100m T46, chance de pódio todo brasileiro na terça-feira. Yohansson Ferreira, Antônio Souza e Claudemir dos Santos disputam a final. Assim como, Carlos Silva, nos 1.500m T11 e a dupla Edson Pinheiro e José Silva, dobradinha na série dos 200m T38.
O esporte paraolímpico deu, no Engenhão, mais uma aula de democracia. A imagem parece estranha à primeira vista, mas o pódio do arremesso de peso F40/42/44 está correto com o americano baixinho Scott Danberg entre os grandões Gerdan Bernall, de Cuba, e Matthew Brown, também dos EUA. Portador de nanismo, Danberg até alcançou uma marca menor que os adversários, mas proporcionalmente às limitações do competidores seu arremesso foi o melhor, garantindo-lhe o ouro.
No apagar das luzes, uma gafe da organização dos Jogos. Medalha de ouro na categoria F51 do lançamento do disco, o jamaicano Alphanso Cunningham acabou recebendo a prata na cerimônia de premiação, devido a um erro de cálculo, e só pôde ver a bandeira de seu país hasteada e cantar o hino quando o estádio estava vazio. Nada que impedisse a vibração do campeão e de cinco compatriotas que estavam na arquibancada.
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