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DIEGO Jogador do Werder Bremen saiu cedo de Ribeirão e hoje brilha no futebol europeu
É cada vez maior o número de jogadores nascidos em Ribeirão Preto e região que buscam vencer no futebol jogando fora do Brasil. Muitos só lembram de nomes como o meia Diego, na Alemanha, Cicinho e Doni, na Itália, entre outros. Porém, a lista conta ainda com nomes como o atacante Paulinho, o lateral Gustavinho, o meia Luciano Ratinho, o zagueiro Lima e muitos outros nomes que as vezes fogem da memória dos torcedores.
Uma das histórias mais curiosas e difíceis é do atacante Paulinho, que jogou no Botafogo até 2001. Hoje ele defende o Medimurje, da cidade de Cakovec, na Croácia. O time está na 1ª divisão do campeonato nacional. Entretando, antes de chegar à elite do futebol croata, o atacante, que guarda com carinho quando jogou pelas equipes de base do Bota junto com Robert, Luciano Ratinho, Cicinho, Doni e Leandro, levou dribles do mundo da bola.
“Quando cheguei com a ajuda de um empresário croata tive muitos problemas. Ele (empresário) não repassava o dinheiro que recebia do clube. Cheguei a ficar três meses parado por causa dos problemas que ele me trouxe”, disse o jogador que atualmente está sem empresário. Desde então, Cícero Paulo Pereira Lima, o Paulinho de Ribeirão, e chamado de Cícero Lima no Medimurje, teve que lutar sozinho para vencer. Ele aprendeu croata para poder negociar diretamento com os clubes. “Joguei dois anos sem visto de trabalho. Jogava com medo de a polícia me pegar. Três jogadores que chegaram com o meu empresário foram deportados”, afirmou o atleta.
A sorte de Paulinho começou a mudar por causa de seu trabalho dentro de campo. Defendendo o Gosk, time da terceira divisão, ele foi considerado o melhor atacante em 2004, marcando 15 gols. A boa atuação chamou a atenção dos dirigentes do Medimurje, que contraram o atleta em 2005. O jogador compara a grandeza de seu cuble com o São Caetano, do ABC paulista. “É um clube que paga em dia, me dá apartamento e ajuda na alimentação. Além disso, recebemos luvas”, disse.
Mas, para se tornar um dos ídolos do clube Paulinho teve que mudar seu estilo de jogo. “Numa partida tive que atuar como volante. Acabou dando certo e hoje jogo nesta posição. Mesmo assim já fiz cinco gols”, afirma o atleta, que quase se transferiu para o futebol russo como segundo volante.
No futebol croata, habitualmente se joga com a tradicional linha de quatro jogadores no meio, o que dá liberdade para o atleta chegar mais próximo ao gol.
Frio e futuro
Paulinho afirmou também que uma das dificuldades para se jogar na Croácia é o clima. “Já joguei com 20º negativos. A média é de 2º negativos e muitas vezes jogamos com neve. O gramado fica ruim e o jogo é de muito balão”, disse o jogador, que teve até que fazer uma cirurgia na coxa por causa do rompimento de um canal decorrente do frio.
Porém, mesmo com estes problemas, quando o jogador é perguntado se voltaria ao Brasil, é taxativo. “Só se for para um clube da primeira divisão. O futebol croata está crescendo, existe mais visibilidade. O Eduardo Silva (ex-Dínamo Zagreb) hoje está no Arsenal”, disse.
Eduardo Silva é naturalizado croata e já defendeu a seleção daquele País. Ele foi o maior artilheiro da Europa no último ano, com 54 gols. De acordo com ele, existem 12 brasileiros na primeira divisão croata e mais 18 na segunda. No Medimurje ele tem a companhia de André Silva, que já jogou no Atlétivo Paranaense, e Liomar, que defendeu o Náutico. Paulinho deve conseguir cidadania croata no mês de fevereiro. O clube já fez um pedido a ele: indicar novos nomes brasileiros. “Eles querem que eu convide jogadores do Brasil. Eles gostam de brasileiros e já conversei com alguns amigos, mas não quero que ninguém passe pelo que passei”, disse.
Brasil exportou 981 jogadores em 2007
O futebol brasileiro exportou um número recorde de jogadores para o exterior neste ano. Segundo números da CBF, 981 atletas foram jogar em outros países, contra 951 no ano passado, ou 10% menos. “Dos mais de 200 países filiados à Fifa, o Brasil deve ter jogadores em ao menos 180 países.
Os brasileiros só não chegaram a alguns países da África porque são muito pobres e têm um futebol pouco atraente”, analisou Luiz Gustavo Vieira de Castro, diretor do departamento de registros da CBF. Países como a Grécia, China, Vietnã, Coréia do Sul, são alguns dos destinos dos jogadores brasileiros.
“Ribeirão-pretanos”
Outros jogadores não nascidos na cidade, mas que iniciaram carreira nos clubes locais, também se aventuram mundo afora. O atacante Buiu, ex-Comercial estava no Moreirense, de Portugal.
Rafael Defendi, está atualmente no Aves de Portugal, depois de uma passagem frustrada pelo Comercial no ano passado. O lateral Cardoso, “criado” no Leão e o meia Mateus, ex-Botafogo, estão no Estrela da Amadora, de Portugal. O atacante Guto, joga na Itália.
ALGUNS RIBEIRÃO-PRETANOS FORA DO PAÍS
• Luciano Ratinho, 28 anos, está no Beira Mar, clube que caiu para a segunda divisão do Campeonato Português. Hoje está na quinta colocação do torneio, sendo que o jogador já disputou 22 partidas e marcou 4 gols no torneio. Passagens por Corinthians, Grêmio, Paysandú e Acadêmica de Portugal.
• Gustavo Veronesi, Gustavinho, está no Kerkyra da Grécia, que caiu para a segunda divisão na última temporada. Atualmente o time é o oitavo colocado da segunda,com 12 pontos, a apenas 3 pontos do líder. Ele jogou as oito partidas do torneio e marcou um gol.
• Natural de Bonfim Paulista, distrito de Ribeirão, Willian Lanes de Lima, tem 22 anos. Começou no Botafogo, atuando como volante até ser deslocado para a zaga. Em 2003 foi para o Corinthians Alagoana e em em fevereiro de 2004 ele se transferiu para o Atlético Mineiro. Ele foi vendido para o Bétis em agosto deste ano, onde começa a se firmar entre os titulares
• Diego, nascido em Ribeirão, o jogador defende o Werder Bremen da Alemanha. Ele se profissionalizou em 2001, no Santos, estourando no ano seguinte, quando foi campeão brasileiro. Atuou pelo Porto, de Portugal. Desde que chegou no Werder Bremen, é considerado um dos jogadores mais importantes da Europa. No Campeonato Alemão, ele já jogou 17 jogos e marcou 8 gols.
• Diego Alves Carreira está atualmente no Almería da Espanha. Ele ficou no Botafogo até 2004, quando se transferiu para o Atlético Mineiro. Rapidamente, ganhou projeção, principalmente pelas boas atuações neste ano, quando seu time foi campeão mineiro e ele eleito o melhor goleiro. Diego está na Espanha desde julho, quando se tornou o primeiro goleiro brasileiro a jogar o Campeonato Espanhol.
IGOR RAMOS
JEAN VICENTE*
*ESPECIAL PARA A CIDADE
JORNAL A CIDADE