Ribeirão começa a pensar no metrô



Adriano Quadrado

foto: WEBER SIAN
Pode parecer cedo, mas há gente em Ribeirão Preto que, olhando em frente, já enxerga a cidade cortada pelo metrô. Se na superfície ou por baixo da terra, ainda não se sabe. Mas essas pessoas vêem na locomoção sobre trilhos a saída para os problemas do transporte público.
A lista dos entusiastas começa pelo próprio prefeito Welson Gasparini (PSDB). “Quando uma cidade passa de 500 mil habitantes, ela já tem que começar a pensar no seu metrô”, diz ele. Pelas projeções do IBGE, temos hoje 559.650 ribeirão-pretanos, nativos e “importados”. Estamos, então, prontos para começar a pensar no assunto.
Outro defensor do transporte sobre trilhos é Antonio Carlos Muniz, superintendente da Transerp. “Morei em São Paulo e, por muitos anos, usei o metrô, que é excelente em termos de limpeza, pontualidade e rapidez”.
Para Muniz, quando o assunto é transporte público, ainda não se inventou nada melhor do que o veículo sobre trilhos. Mas há o grande porém: o metrô é muito caro. “O investimento inicial é muito alto. Se não tivermos ajuda estadual ou federal, não teremos condições de ter metrô na cidade”, avalia o superintendente da Transerp.
Se viável ou não, o tempo dirá. Mas quem se debruça sobre o tema diz que a cidade necessita de projeções para o futuro desde já. Lênio Garcia, vice-presidente do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Comdema), afirma que Ribeirão precisa de um plano para o futuro, plano que pense o transporte coletivo daqui para frente.
“E não só em relação à cidade, mas também levando em consideração os municípios vizinhos, a situação metropolitana como um todo”, afirma Garcia. “Precisamos pensar se vamos ter metrô e por onde ele vai passar”.

VLT
O arquiteto Mauro de Castro Freitas, que participou de debates na Câmara sobre o transporte coletivo, cita o chamado VLT, o “veículo leve sobre trilhos”, também conhecido como metrô de superfície. Ele também defende que o traçado do VLT seja definido desde logo para evitar desapropriações onerosas no futuro.
Há quem ache, porém, que a cidade não comporta transporte sobre trilhos. A possibilidade de Ribeirão vir a ter o VLT ou o metrô subterrâneo é descartada por José Luiz de Almeida, chefe da divisão sistema viário da secretaria de Planejamento.
Na sua opinião, a cidade nunca terá metrô e o uso do VLT é improvável. O motivo, segundo Almeida, é muito simples: não haverá demanda suficiente para que o transporte sobre trilhos seja viável economicamente.

Especialistas dizem que falta planejamento de longo prazo
Para especialistas ouvidos pela reportagem, Ribeirão Preto não está preparada para o que vem por aí. Falta à cidade um estudo detalhado que preveja os cenários do transporte coletivo nas próximas décadas. “Nosso Plano Viário não prevê um sistema metropolitano de transporte”, afirma Lênio Garcia, do Comdema.
O arquiteto Mauro Freitas também critica o Plano Viário, uma das peças complementares ao Plano Diretor. Para ele, muito pouco foi dito sobre o futuro do transporte coletivo da cidade.
Na opinião do prefeito Gasparini, entretanto, o Plano Diretor é uma peça em constante evolução e aperfeiçoamento.
Antonio Carlos Muniz, da Transerp, diz que o texto talvez ainda não seja o ideal, mas que sempre caberão revisões ao Plano.


Cidade pode optar por soluções simples
Ninguém discute a excelência do metrô como alternativa ao ônibus. O problema é o custo de um sistema de transporte sobre trilhos.
Muito antes de cavar túneis por baixo da terra, Ribeirão Preto pode optar por soluções mais simples e baratas para melhorar o transporte coletivo.
Conheça algumas das sugestões feitas à reportagem por quem entende do assunto.

Ônibus articulado
É a opção de acomodar mais passageiros sentados nos horários de pico dentro de um carro maior.

Faixas exclusivas
O Plano Viário já prevê o alargamento de avenidas para uso de faixas exclusivas aos ônibus.
Corredores de ônibus
Segundo a Transerp, os corredores de ônibus são opção para tráfego a partir de 60 ônibus/hora (um por minuto). Hoje o ponto de maior movimento é na Américo Brasiliense, em frente à catedral, com 40 ônibus/hora.

Miniterminais
Antonio Carlos Muniz, da Transerp, defende a construção de miniterminais em diversos pontos da cidade para trazer mais conforto ao passageiro e agilizar o embarque.

Ônibus especiais
Opção de veículos mais confortáveis (com ar-condicionado e assento para todos) com tarifa mais cara para atender a demanda de quem pode pagar um pouco mais para deixar o carro em casa.
Microônibus
Usar veículos menores, como microônibus e vans, para multiplicar as opções e colocar linhas onde o serviço de ônibus ainda não é viável comercialmente.

Carros menores
Em vez de lutar contra o transporte individual, apostar na oferta de carros menores e mais baratos, e também motos, diminuindo a demanda pelos ônibus. A opção é polêmica porque aumenta a emissão de gases poluentes.

Evitar deslocamentos
Para José Luiz de Almeida, da secretaria de Planejamento, o futuro trará novas relações de trabalho em que muito mais pessoas poderão trabalhar de suas casas, dispensando a necessidade de se locomover até o escritório.


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