Fuga de animais evitou tragédia maior em deslizamento no México

Grande parte dos moradores da vila coberta de lama após deslizamento de terra no México foi salva pelo instinto dos seus animais.

Na noite do último domingo (04), um deslizamento de terra soterrou mais de 50 casas da vila de Juan de Grijalva, no Estado de Chiapas, onde vivem cerca de 400 pessoas. O incidente, que ocorreu quando os moradores dormiam, deixou 16 pessoas desaparecidas, segundo o governo.

No entanto, os animais criados pelos moradores, de alguma forma, pressentiram o desastre iminente e fugiram para terrenos mais altos. Muitas pessoas saíram da cama para buscá-los, e então assistiram às suas casas serem engolidas por uma colina que desabou sobre a vila, que fica em um vale.

"Os animais sentiram isso (o deslizamento) e fugiram, afirmou o secretário do Interior Francisco Ramirez à TV Televisa. "Os moradores foram atrás com seu rifles e armas de fogo".

Funcionários de resgate procuravam os desaparecidos em meio a muita lama nesta terça-feira, dois dias após o deslizamento. Crianças e famílias inteiras estão desaparecidas.

Os moradores de Juan de Grijalva disseram ter acordado na noite de domingo com um forte barulho, enquanto pedras e lama caíam das montanhas ao redor.

"Mini tsunami"

"Parecia que um helicóptero passava sobre a minha cabeça", afimou o fazendeiro Domingo Sanchez, 21. Não sabíamos o que estava acontecendo, e quando saímos de casa, vimos terra vindo na nossa direção".

Durante as horas seguintes, Sanchez, sua esposa, mãe e irmã fugiram para terrenos mais altos. Eles chegaram ao cume de um morro a tempo de ver o vale ser coberto de terra, inclusive a casa dos avôs de Sanchez. Ele acredita que ao menos nove parentes seus foram soterrados.

Quando o deslizamento atingiu o rio Grijalva, também causou ao menos uma enorme onda de água que destruiu dezenas de casas.

David Sanchez, primo do Domingo Sanchez, que vivia em outra parte da vila, disse que uma onda levou sua mãe por cerca de 200 metros antes de ele conseguir resgatá-la.

Após subir uma montanha em busca de segurança, Sanchez desceu com três amigos para tentar buscar alguns bens quando uma segunda onda --aparentemente a água contida pelo deslizamento-- veio pelo vale.

"Ela carregou tudo --árvores, casas, tudo", disse Sanchez.

O governador de Chiapas Juan Sabines descreveu uma das ondas como um "mini tsunami", e disse que "a vila praticamente desapareceu".

O deslizamento é em decorrência das amplas inundações e fortes chuvas por todo o México e América Central.

Inundações em Tabasco

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha e o Crescente Vermelho lançaram nesta terça-feira um apelo de emergência para pedir 722 mil euros [cerca de R$ 1,8 milhão] que serão destinados às cerca de 40 mil vítimas das inundações em Tabasco, no México.

As fortes chuvas registradas na semana passada nesse Estado mexicano afetaram mais de 1 milhão de pessoas. Até o momento, a federação liberou 120 mil euros [cerca de R$ 300 mil] em apoio financeiro imediato à Cruz Vermelha Mexicana.

Os recursos serão usados para proporcionar aos desabrigados alimentos e artigos de primeira necessidade durante os próximos quatro meses.

Segundo os dados da federação, 90% da capital do Estado, Villahermosa, está inundada, 80% não tem energia elétrica e água corrente e 3.000 escolas ficaram inundadas.

A coordenadora de Operações para a América da entidade, Christine South, disse em comunicado divulgado hoje, em Genebra, que sua maior preocupação é que as previsões meteorológicas anunciam que as chuvas continuarão.

Em Tabasco, há 845 abrigos que atualmente acolhem 110 mil pessoas.

Com France Presse, Efe e Reuters

Folha Online