Preso mentor de roubo milionário ao BC

Alemão era "caçado" pela PF desde 2005, quando foram levados R$ 164,7 mi do Banco Central de Fortaleza

Policial federal retira cerca de R$ 80 mil de cofre construído sob fogão na cozinha da residência de Alemão
Foto: POLÍCIA FEDERAL/ASSOCIATED PRESS">
Policial federal retira cerca de R$ 80 mil de cofre construído sob fogão na cozinha da residência de Alemão
BRASÍLIA - Depois de dois anos e sete meses, a Polícia Federal (PF) conseguiu prender o bandido mais procurado do Brasil. Acusado de ser o chefe da quadrilha que assaltou, em agosto de 2005, o Banco Central em Fortaleza, roubando R$ 164,7 milhões, o cearense Antônio Jussivan Alves do Santos, o Alemão, foi detido dentro de uma concessionária na região Centro-Oeste do país. Natural da cidade de Boa Viagem, no sertão central cearense, Alemão vinha sendo "caçado" pela Polícia Federal desde 2005. "Não houve reação. Os policiais chegaram e ele se rendeu. Ele é calmo, uma pessoa bastante tranqüila", comentou a advogada Erbênia Rodrigues, que defende o suspeito. Segundo Erbênia, Alemão nega as acusações".

O roubo ao Banco Central de Fortaleza ganhou destaque por ter sido, até agora, a maior ação já orquestrada por criminosos em toda a história do país. Os ladrões abriram túnel de 78 m até o cofre do Banco Central em Fortaleza. Em uma iniciativa cinematográfica, o bando perfurou o túnel, invadiu o cofre do BC e levou R$ 164,7 milhões.

Foi o maior roubo a banco da história do Brasil. O cofre havia sido fechado às 18h do dia 5 de agosto de 2005 e o roubo só foi descoberto na manhã de 8 de agosto. Ao chegar ao trabalho, funcionários do BC viram um buraco de 70 cm de diâmetro no piso do cofre e deram pela falta de cinco contêineres de cédulas de R$ 50 - como são usadas, é impossível fazer o rastreamento delas.

Investigações

Onze pessoas já foram condenadas pelo crime. Apenas 12% do valor foi recuperado pela polícia. Cinqüenta dias depois do crime, a Polícia Federal encontrou, na casa onde estavam escondidos alguns dos acusados, cerca de R$ 12 milhões em notas de R$ 50. O dinheiro estava debaixo do piso de um dos quartos. Em agosto de 2006, a PF confirmou que R$ 418 mil encontrados por três crianças no interior de uma casa abandonada, em Natal, também são fruto do roubo.

Dois meses após o assalto, começou uma série de seqüestros de parentes e acusados do roubo. Em outubro de 2005, Luís Fernando Ribeiro, um dos integrantes da quadrilha, foi seqüestrado e morto dois dias depois, mesmo após a família pagar o resgate. Um mês mais tarde, foi seqüestrada Marli Rodrigues Cunha, mulher do ex-vigilante Deusimar Neves Queiroz, preso por envolvimento no assalto. Ela levou os bandidos até o lugar onde estavam escondidos R$ 500 mil.

Duas semanas depois, o empresário José Elizomarte Fernandes Vieira, que vendera 11 carros para integrantes da quadrilha, também foi seqüestrado. A costureira Rejane do Nascimento Ferreira, cunhada de Antônio Edimar Bezerra, dono da casa onde estavam escondidos R$ 12,5 milhões, foi vítima de seqüestro em fevereiro de 2006.

Dois meses depois, foi seqüestrado o irmão de Antonio Jossivam Alves dos Santos, o acusado de ser o chefe da quadrilha preso anteontem. (Agências Estado e O Globo)