"Eles atuam em todo o Brasil e fizeram vítimas em Goiás, São Paulo, Rio, Paraná e Santa Catarina", disse a delegada Juliana Pereira Godoy Rodrigues, da Divisão Anti-Seqüestro de São Paulo. Uma de suas vítimas, o empresário Manuel Martins de Oliveira, de Goiânia, foi atraído a São Paulo pelo anúncio de uma picape Dodge Ram. O carro com cabine dupla, que vale R$ 140 mil, estava sendo oferecido pelo preço do modelo da picape com cabine simples - cerca de R$ 100 mil. O caso mobilizou até o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), que telefonou ao secretário da Justiça de São Paulo, Luiz Antônio Marrey. "Fui procurado pela família e, como ex-promotor e senador, telefonei para o Marrey", disse.
Segundo a delegada, os bandidos recebem os telefonemas dos interessados e passam a selecionar a vítima. Pedem garantias de que ela terá como fazer o negócio e dizem que a compra deve ser à vista - em dinheiro ou cheque. Ao mesmo tempo, o bando explica ao comprador a razão do preço baixo. O vendedor diz ser diretor de porto, como o de Santos (SP) ou o de Paranaguá (PR), ou afirma trabalhar na Receita, daí o fato de ser isento de impostos na aquisição do veículo importado ou de ter a primazia na venda de mercadorias apreendidas pelo Fisco.
O bando então marca um encontro com a vítima. Caso ela não tenha trazido dinheiro ou cheque, os bandidos telefonam à família e exigem o pagamento. "Os seqüestradores sabem que a vítima tem dinheiro e querem como resgate pelo menos o valor do veículo", disse a delegada, responsável por apurar o seqüestro de Oliveira. O bando exige que a família da vítima deposite o dinheiro em várias contas correntes da Bahia, Minas, Paraná e São Paulo. A polícia sabe que as contas estão em nome de laranjas e movimentam até R$ 650 mil por dia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.