Múcio defende atuação da PF na Castelo de Areia
O ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, disse hoje que a Polícia Federal está agindo corretamente em relação às investigações da Operação Castelo de Areia. A operação, deflagrada ontem, investiga a existência de um esquema envolvendo diretores da construtora Camargo Corrêa e doleiros para remessa de recursos ilícitos para paraísos fiscais.
Ao deixar a sede do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), onde está instalado o gabinete presidencial, Múcio disse que não há nenhum temor de que alguém do governo seja envolvido nas investigações. "Nunca teve (temor), nem nesta nem em outras operações. Em momento nenhum. No governo, cada um assume suas responsabilidades", disse.
Sobre as críticas feitas pelos partidos de oposição a respeito da operação, que seria motivada por interesses políticos, Múcio disse ser "natural" esse discurso da oposição. Ele, no entanto, disse que não têm nada a ver as afirmações feitas pela oposição de que a Polícia Federal estaria agindo como polícia política. O ministro voltou a defender a atuação da Polícia Federal. "Há duas preocupações: que os culpados não fiquem impunes e que os inocentes não sejam culpados indevidamente", disse Múcio.
Com relação às doações de campanha de vários partidos políticos, que teriam sido feitas pela Camargo Corrêa, Múcio disse que a grande maioria no Brasil é contra o financiamento público de campanha. Mas, destacou, essa mesma maioria não aceita outro tipo de financiamento. Então, segundo ele, quando aparece um político falando de algum tema de um setor do qual recebeu ajuda, a sociedade não aceita. "Essas coisas (de financiamento de campanha) têm de ser esclarecidas. Tem de deixar de lado a hipocrisia e trazer a sociedade como parceira e se construa um caminho mais fácil para que a gente não tenha de dar explicações", disse.
http://www.jpjornal.com.br/capa/default.asp?acao=viewnot&idnot=90106&cat=114
PF: envio de dinheiro no caso Camargo Corrêa envolve empresas fantasmas
Polícia identificou supostos destinatários de doações ilegais a partidos.
Defesa pede liberdade de diretores; partidos negam irregularidades.
Do G1, com informações do Jornal Nacional
A Polícia Federal tem em mãos uma lista de políticos que teriam se beneficiado de doações ilegais descobertas durante a Operação Castelo de Areia. O esquema, que levou para a cadeia nesta quarta-feira (25) quatro executivos da construtora Camargo Corrêa, também envolveria a remessa irregular de dinheiro para o exterior por empresas fantasmas.
Numa rua de terra, em Saquerema (RJ), ninguém conhece a empresa Admaster, suspeita de envolvimento no suposto envio ilegal de dolares para o exterior. No endereço onde deveria funcionar o instituto Pirâmides estão instalados um escritório de advocacia e uma escola.
Segundo a Procuradoria da República, o Piramides e a Admaster mandaram ilegalmente mais de R$10 milhões para o exterior.
As duas empresas do Rio fazem parte de uma lista de pessoas jurídicas que tiveram os sigilos bancário e fiscal quebrados por ordem da Justiça Federal de São Paulo. Segundo a investigação da PF, essas empresas eram usadas por doleiros a serviço do grupo Camargo Corrêa e serviam para encobrir os verdadeiros donos do dinheiro.
Na quarta, a Operação Castelo de Areia prendeu quatro diretores da construtora, duas secretárias, uma mulher e dois homens identificados como doleiros e o suspeito de coordenar o esquema: o especialista em mercado financeiro Kurt Pickel.
Nesta quinta, a defesa do consultor financeiro, suíco naturalizado brasileiro, fez entrou com um pedido de habeas corpus no Tribunal Regional Federal da 3ª Região.
Segundo a Procuradoria, na sede da construtora, em São Paulo, a PF encontrou recibos de operações financeiras em nome das supostas empresas fantasmas. E na casa de um diretor preso, uma lista de políticos supostamente beneficiados com doações não contabilizadas.
No despacho, o juiz Fausto de Sanctis escreveu: “supostos crimes financeiros praticados por funcionários da Camargo Corrêa estariam ligados a possíveis fraudes contra o sistema eleitoral, com pagamentos por fora de valores [...] para bancar campanhas políticas e obter vantagens indevidas em obras públicas”.
Pelas conversas telefônicas que a polícia interceptou, os partidos beneficiários de supostas doações ilegais seriam o PPS, PSB, PDT, DEM, PP, PSDB e PS - este último sem registro partidário atualmente e o PMDB do Pará teria recebido R$ 300 mil.
Ainda segundo a investigação, as possíveis entregas de dinheiro da construtora para politicos teriam ocorrido com a intermediação da Federação das Indústrias de São Paulo.
Partidos
O despacho do juiz Fausto de Sanctis também menciona uma conversa em que teria sido discutida a suposta divisão de R$ 300 mil. Os nomes dos beneficiários foram suprimidos - eles só aparecem no despacho da Procuradoria.
A procuradora da República Karen Kah usou uma linguagem direta para pedir a prisão de diretores da Camargo Corrêa por supostos crimes financeiros. Faxes e outros documentos interceptados durante a investigação comprovam as transferência ilegal de dinheiro para o exterior, ela escreveu ao juiz.
Uma das operações que a procuradora destaca se refere a uma suposta remessa de US$ 500 mil. E ela relata: numa das conversas interceptadas em outubro do ano passado, um dos diretores da Camargo Corrêa fala em contribuição de R$ 100 mil para Mendonça Filho, do Recife.
Mendonça Filho seria o candidato do DEM à Prefeitura do Recife nas últimas eleições. Na conversa, segundo ela, também é citada a doação de R$ 300 mil para o PMDB, "aprovada por fora". Para o Ministério Público, a expressão indica que a Camargo Corrêa não teria contabilizado a doação.
Pelo que foi captado nas interceptações, diz a procuradora, os pagamentos eram feitos em dinheiro. “Não são citadas contas bancárias mas sim levantamentos de valores altissimos que eram levados em espécie a representantes pra serem destinados aos partidos políticos”.
Articulador
A procuradora também identificou um dos executivos presos como o suposto articulador de doações não declaradas da Camargo Corrêa para partidos políticos em campanha. O nome dele é Pietro Bianchi.
Segundo o relatório, numa das conversas gravadas, Pietro confirma o repasse de dinheiro para um representante da Fiesp, em Brasilia, chamado Henrique. O dinheiro seria para o PSDB e PS: "200 para um e 200 para outro".
O interlocutor dele, apontado como suposto presidente da Camargo Corrêa, reclama por não ter sido informado dos detalhes. E diz que teria sido cobrado sobre a remessa por Paulo Skaf, presidente da Fiesp.
Outro diretor também fala sobre o assunto: diz que, segundo Luis Henrique, da Fiesp, R$ 300 mil teriam sido repassados para Agripino, em nome do DEM. Os outros R$ 200 mil para Flexa Ribeiro, que teria encaminhado R$ 100 mil para o seu partido e os outros R$ 100 mil teriam sido divididos entre PSB, PDT e PPS.
Em nota divulgada nesta quinta, a Fiesp nega "de maneira enérgica e definitiva qualquer hipótese de envolvimento em 'distribuição de dinheiro para funcionários públicos', 'pagamentos por fora' e 'obtenção de benefícios indevidos em obras públicas'. "Isso, definitivamente, jamais ocorreu", diz o texto.
Pedido de liberdade
Os advogados da Camargo Corrêa entraram com recurso para tirar da cadeia os três diretores presos por tempo indeterminado. O outro diretor e as duas secretárias estão presos por cinco dias, e devem ser libertados na segunda feira (30).
A Camargo Corrêa considera as prisões ilegais porque, segundo os advogados, não exitem provas, e também desnecessárias, já que na visão da defesa, os executivos não representam perigo para a sociedade.
"Que se apurem os fatos, a Camargo não tem nenhum problema quanto a isso. Mas que sejam apurados com essas pessoas em liberdade. Não há necessidade para prisão", diz o advogado da empresa.
http://g1.globo.com/Noticias/Politica/0,,MUL1060546-5601,00.html
Fiesp nega envolvimento com repasse de verba a partidos
Valor Online
SÃO PAULO - Citada no despacho judicial que resultou ontem na prisão de diretores ligados ao grupo Camargo Corrêa, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) negou hoje qualquer participação na distribuição de recursos da empresa para políticos, possibilidade considerada no documento assinado pelo juiz Fausto Martin De Sanctis, da 6º Vara Federal Criminal de São Paulo.
"A entidade nega - de maneira enérgica e definitiva - qualquer hipótese de envolvimento em 'distribuição de dinheiro para funcionários públicos', 'pagamentos por fora' e, muito menos, 'obtenção de benefícios Isso, definitivamente, jamais ocorreu", diz a nota da Fiesp.
A entidade afirma ainda que tem o direito de promover "relações institucionais entre empresas e partidos políticos", desde que respeitada todas as formalidades jurídicas.
Durante uma passagem do despacho é citada a participação de um dirigente da Fiesp na intermediação do repasse de recursos entre Camargo Corrêa e políticos. No trecho citado, o tal dirigente reportava à empresa a insatisfação dos beneficiários com o atraso no repasse de recursos.
http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2009/03/26/fiesp+nega+envolvimento+com+repasse+de+verba+a+partidos+5106903.html