O mundo todo cobra explicações sobre espionagem americana
Europeus e americanos trocam acusações de espionagem
Quarta-feira (30) foi marcada por denúncias de ambos os lados que envolveram até o Vaticano
Os Estados Unidos e a Europa trocaram acusações nesta quarta-feira (30) em meio à tempestade provocada pelo escândalo da espionagem americana, que pode envolver também o Vaticano.
Alemanha e França negaram ontem as informações segundo as quais teriam espionado os Estados Unidos, enquanto Washington voltou a rejeitar as acusações de interceptação das comunicações na Europa e nas Nações Unidas.
O porta-voz da ONU, Martin Nesirky, declarou na quarta-feira que a organização entrou em contato com os Estados Unidos para discutir a questão.
— As autoridades americanas asseguraram que as comunicações nas Nações Unidas não foram grampeadas e não serão no futuro.
O diretor do serviço de inteligência exterior alemão BND, Gerhard Schindler, garantiu à revista Die Zeit que "não são realizadas operações de vigilância das telecomunicações a partir da embaixada alemã em Washington".
O diretor nacional da inteligência americana, James Clapper, e o diretor da Agência de Segurança Nacional americana (NSA), general Keith Alexander, disseram na terça-feira (29) ao Congresso americano que países aliados realizam atividades de espionagem contra os Estados Unidos.
O porta-voz da chanceler Angela Merkel, Steffen Seibert, também negou implicitamente as acusações, citando uma recente declaração de Schindler.
No jornal Bild, ele havia afirmado em 25 de outubro: "Uma operação de inteligência tendo como alvo os Estados Unidos da América não existe. Eventuais registros realizados por acaso por nossos sistemas técnicos são apagados".
Uma delegação da chancelaria e dos serviços secretos alemães se reuniu na quarta em Washington com representantes do governo dos Estados Unidos para discutir o mal-estar.
Além disso, "como anunciado, o presidente do BND e do Escritório de Proteção da Constituição (serviço de inteligência interna) também viajarão nos próximos dias a Washington para reuniões", acrescentou Seibert, após as revelações de espionagem das comunicações telefônicas da chanceler Angela Merkel.
Vaticano
Paralelamente, a revista italiana Panorama, pertencente ao grupo do ex-premiê Silvio Berlusconi, indicou que as escutas telefônicas feitas pelos americanos também teriam tido como alvos o Vaticano e o papa Bento 16.
Das 46 milhões de ligações interceptadas na Itália, várias do Vaticano estariam envolvidas, segundo a Panorama, que não fornece fontes no artigo da revista que chegará às bancas na quinta-feira (31), mas que foi antecipado para a imprensa.
O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, minimizou a importância dessa informação.
— Não temos informação alguma a esse respeito e, de qualquer maneira, isso não nos preocupa.
Os Estados Unidos negaram categoricamente na terça-feira as revelações do jornal francês Le Monde, do espanhol El Mundo e do italiano L'Espresso sobre a interceptação das comunicações dos cidadãos europeus pela NSA.
O Le Monde e o El Mundo informaram nos últimos dias, com base em documentos fornecidos pelo ex-consultor da NSA Edward Snowden, que a agência americana havia espionado mais de 70 milhões de chamadas telefônicas na França e 60 milhões na Espanha no período de um mês.
O diretor da NSA também confirmou as revelações do jornal The Wall Street Journal, segundo as quais, as interceptações telefônicas praticadas nesses países e atribuídas a essa agência foram realizadas pelos serviços secretos europeus e depois fornecidas à agência americana.
"Para ser perfeitamente claro, não recolhemos informações sobre cidadãos europeus", afirmou o general Alexander sob juramento ao Congressos
O ex-consultor de inteligência Edward Snowden já havia dito em uma entrevista publicada em julho pela Der Spiegel que os agentes da agência americana "trabalhavam de mãos dadas com os alemães e com a maioria dos outros Estados ocidentais".
O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, anunciou nesta quarta que o diretor do serviço secreto da Espanha comparecerá a uma comissão parlamentar para falar sobre a espionagem supostamente realizada pelos Estados Unidos no país.
O conservador, que defendeu a posição do governo, reiterou que, caso as escutas telefônicas dos Estados Unidos na Espanha sejam confirmadas, são atos "inapropriados e inaceitáveis entre sócios e amigos".
A Casa Branca já assegurou estar revisando suas práticas de espionagem, mas se mantém vaga quanto a promessas.
Uma autoridade americana declarou à AFP, no entanto, que a administração Obama considera a possibilidade de declarar ilegais as escutas de conversas de líderes amigos.
Enquanto isso, um grupo de parlamentares europeus deixou Washington nesta quarta sem descobrir detalhes sobre a espionagem americana, após visita de três dias em que se reuniram com funcionários e congressistas em Washington.
"Temos mais informação, mas não temos respostas claras sobre se houve espionagem indiscriminada e em massa a cidadãos europeus. Não temos estas respostas", afirmou o eurodeputado espanhol Salvador Sedou, após a entrevista coletiva realizada na sede da UE na capital americana.
China cobra explicações dos EUA após denúncia de espionagem
Jornal australiano afirma que embaixada do país da Oceania em Pequim é usada como QG de espiões americanos
A China cobrou explicações dos Estados Unidos após reportagem de um jornal australiano afirmar que embaixadas da Austrália, incluindo a localizada em Pequim, são usadas como parte de uma operação de espionagem liderada pelos EUA. Citando documentos vazados pelo ex-analista Edward Snowden, o jornal The Sydney Morning Herald disse nesta quinta-feira que a coleta de informações ocorre em embaixadas australianas na Ásia, bem como em outras missões diplomáticas, sem o conhecimento da maioria dos diplomatas australianos.
Falando sob condição de anonimato, um funcionário do órgão de Inteligência e Defesa australiana disse que Snowden tinha "amplo acesso aos detalhes da inteligência e comunicações de cooperações entre os EUA e a Austrália". Para o funcionário, "a divulgação de operações altamente sensíveis irá danificar capacidades de inteligência da Austrália. Há também o risco de complicações graves em nossas relações com os nossos vizinhos", disse.
"A China está extremamente preocupada com este relato e exige que os Estados Unidos ofereçam um esclarecimento e uma explicação", disse Hua Chunying, porta-voz da chancelaria chinesa, em entrevista coletiva. "Também exigimos que as embaixadas estrangeiras na China e suas equipes respeitem a Convenção de Viena e outros tratados internacionais e não se envolvam em quaisquer atividades que não estejam de acordo com o seu estatuto prejudicando a segurança e os interesses da China", acrescentou.
China e Austrália têm um consenso para aumentar a cooperação, e ambos veem um ao outro como uma oportunidade de desenvolvimento, disse Chunying. Acredita-se que os próprios serviços de segurança da China mantenham uma sofisticada operação de grampos e vigilância, pelo menos internamente, embora o governo negue acusações de que tenta invadir redes de computadores no exterior.
Internet – Nesta quarta-feira, o diretor da Agência de Segurança Nacional americana (NSA, na sigla em inglês), general Keith Alexander, contestou a alegação feita pelo jornal The Washington Post afirmando que a agência acessa ilegalmente os servidores do Google e Yahoo no exterior. De acordo com a reportagem, a NSA vasculhou diretamente os canais de comunicação usados pelas redes dos gigantes da internet para copiar e transferir enormes volumes de e-mails e outras informações entre centros de dados fora dos EUA.
"A NSA não invade nenhuma base de dados. Seria ilegal fazer isso. Posso afirmar que não temos acesso aos servidores do Google e Yahoo. Só fazemos por meio de ordem judicial", disse Alexander em um evento sobre cibersegurança na capital Washington.
Mercosul condena "espionagem global" dos Estados Unidos
Chanceleres do Mercosul condenaram nesta quarta-feira (30) aquilo que chamaram de "espionagem global" conduzida pelos Estados Unidos. As declarações foram dadas pelo ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Elías Jaua --que citou a espionagem sofrida pela presidente Dilma Rousseff--, após uma reunião em Caracas.
"Nós condenamos o sistema de inteligência global desenvolvido pelo governo dos Estados Unidos, que envolveu em espionagem a presidente Dilma Rousseff", disse Jaua à TV Telesur após a reunião. As informações são da agência de notícias AFP.
O programa de espionagem dos EUA --inclusive o monitoramento da presidente Dilma-- foi revelado a partir de documentos secretos divulgados por Edward Snowden, ex-consultor da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA, na sigla em inglês).
As recentes novas descobertas, de que a agência teria espionado até mesmo líderes da União Europeia, tem aumentado a pressão sobre o governo dos EUA para que revise a forma como coleta informações --o principal argumento das autoridades norte-americanas é o combate ao terrorismo.
O tema da espionagem, especialmente a vigilância online, foi abordado em Caracas em uma reunião de chanceleres e ministros de Economia e Finanças. Na sessão de encerramento do encontro, que contou com a presença do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, Jaua afirmou que o Mercosul reafirmava sua condenação à espionagem.
"Abordamos também as medidas necessárias [a tomar], tanto pelos governos quanto por todos os setores da nossa sociedade", concluiu Jaua.
NSA nega invasão ilegal em tráfego do Google e Yahoo
Agência de Segurança Nacional, em parceria com órgão de inteligência britânico, coletaria dados de usuários no exterior sem autorização judicial e de forma mais ampla do que se pensava, afirma 'The Washington Post'
O diretor da Agência de Segurança Nacional americana (NSA, na sigla em inglês), general Keith Alexander, contestou a reportagem publicada nesta quarta-feira pelo jornal The Washington Post que afirma que a agência acessa ilegalmente os servidores do Google e Yahoo no exterior. De acordo com a reportagem, a NSA vasculhou diretamente os canais de comunicação usados pelas redes dos gigantes da internet para copiar e transferir enormes volumes de e-mails e outras informações entre centros de dados fora dos EUA.
"A NSA não invade nenhuma base de dados. Seria ilegal fazer isso. Posso afirmar que não temos acesso aos servidores do Google e Yahoo. Só fazemos por meio de ordem judicial", disse Alexander em um evento sobre cibersegurança na capital Washington. "Tudo o que nós fazemos com esses servidores, as companhias trabalham conosco. Elas são obrigadas a trabalhar conosco. O tribunal não diz 'Por favor, vocês podem trabalhar com eles e enviar dados?'. Isso é uma obrigação. São requerimentos específicos feitos por ordens judiciais", prosseguiu o general.
Segundo os documentos citados pelo Washington Post, que foram fornecidos por Edward Snowden, o ex-analista de inteligência que delatou os programas de espionagem dos EUA, a NSA opera em parceria com seu correspondente britânico, o GCHQ (Government Communications Headquarters ). Os dois órgãos partilhariam um programa chamado "Muscular", que permite a ambos os organismos de inteligência recuperar dados que trafegam nas fibras ópticas utilizadas pelas companhias. Como outras grandes empresas, o Google e o Yahoo constantemente enviam dados por cabos ópticos, partilhados ou exclusivos.
Segundo o jornal, que também entrevistou funcionários de inteligência de alto escalão, o "Muscular" é uma parte secreta do programa "Prisma" – este último, que veio à tona no início da série de delações de Snowden, permite à NSA obter dados das empresas de tecnologia com a autorização da Justiça. Revelações anteriores feitas por Snowden davam conta de espionagem em material do Google e outras gigantes da internet dentro dos EUA sob ordem judicial.
Já a interceptação agora revelada parece demonstrar que a agência se aproveitava da escassez de restrições em suas atividades no exterior para explorar, de forma mais intensa do que se imaginava, os dados das empresas. Por isso, não há supervisão da Corte de Vigilância da Inteligência Estrangeira, o tribunal americano que autoriza operações de espionagem. Atuar fora dos Estados Unidos daria à NSA mais liberdade do que agir dentro do país, onde é necessária a obtenção de mandados judiciais para levar essas operações adiante.
Um documento de 30 de janeiro de 2013 mencionado pelo jornal mostra que cerca de 181 milhões de elementos foram coletados nos 30 dias anteriores. As informações incluiriam desde metadados – o sumário com hora, data, local, remetende e destinatário das mensagens eletrônicas – a elementos de texto e documentos de áudio ou vídeo. O volume de dados dos e-mails interceptados estaria sendo copiado e armazenado pela NSA.
Reação – O responsável jurídico do Google, David Drummond, garantiu que o grupo não está envolvido nas intercepções e se disse "escandalizado" com seu alcance. "Estamos preocupados há muito tempo com a possibilidade desse tipo de vigilância e, por isso, continuamos colocando códigos em cada vez mais serviços e links do Google, especialmente nos links que se veem no 'slide' (divulgado pelo jornal)", afirmou Drummond.
"Não damos acesso aos nossos sistemas a nenhum governo, incluindo o governo dos Estados Unidos. Estamos escandalizados com o alcance dessas intercepções realizadas pelo governo a partir das nossas próprias redes privadas de fibra (óptica), que mostram a necessidade de uma reforma urgente", acrescentou.
Uma porta-voz do Yahoo declarou que a empresa tem "rigorosos controles em vigor para proteger a segurança dos nossos centros de dados, e não demos acesso aos nossos centros de dados para a NSA ou para qualquer outra agência governamental".
Espionagem da NSA inclui invasão a data centers de Google e Yahoo!, diz jornal
A agência nacional de segurança dos Estados Unidos (NSA, na sigla em inglês) teria secretamente invadido as conexões de comunicação com os data centers do Google e do Yahoo! em todo o mundo, de acordo com novas informações divulgadas por Edward Snowden, o ex-agente da CIA que revelou o esquema de espionagem internacional da operação PRISM em junho deste ano. Segundo o Washington Post, outros oficiais confirmaram as informações sobre a nova operação tornada pública.
Ao grampear os links, a NSA teria coletado dados de centenas de milhões de usuários, muitos dos quais americanos - a agência, a princípio, não tem permissão para investigar cidadãos dos EUA. A NSA não guarda tudo o que analisa, mas ainda assim, segundo o Post, "guarda muita coisa".
De acordo com um documento ultra secreto datado de 9 de janeiro deste ano, os diretórios da NSA enviam milhões de relatórios das redes internas do Google do Yahoo! por dia para os data centers da agência em sua sede de Fort Meade. No 30 dias anteriores ao documento, os processadores de campo coletaram 181.280.466 milhões de registros, entre meta dados - como quem enviou e recebeu e-mails - a conteúdos que incluem texto, áudio e vídeo.
A principal ferramenta usada no novo esquema de espionagem se chamaria Muscular, um projeto em parceria com a agência de segurança britânica (GCHQ). É assim que NSA e GCHQ desviam fluxos inteiros de informação via cabos de fibra óptica que as levam aos data centers dos gigantes do Vale do Silício americano.
Representantes da Casa Branca e do escritório da Diretoria Nacional de Inteligência - a quem a NSA responde - negaram-se a confirmar, negar ou explicar ao Post por que a agência grampeou os data centers. No escândalo do Prism, uma corte confirmou que Google e Yahoo!, entre outras, davam acesso à NSA a seus arquivos, o que causou admiração quanto à necessidade de agência, que tem arsenal tecnológico para espionagens do gênero, recorrer a grampos para obter os dados.
Em nota, o Google afirmou que está "perturbado com as alegações de que o governo intercepta o tráfego entre data centers", e garantiu que não estava ciente da atividade. "Há tempos estamos preocupados com a possibilidade desse tipo de intromissão, motivo pelo qual continuamos a estender a encriptação pela web e pelos links e serviços do Google", continua a nota de Mountain View.
"Temos controles estritos em funcionamento para proteger a segurança de nossos data centers, e não demos acesso aos nossos data centers à NSA nem a nenhuma agência do governo", disse uma porta-voz do Yahoo!.
A infiltração no sistema dos gigantes da internet foi possível, segundo o Post, graças à arquitetura dos sistemas, que transmite dados entre data centers nos quatro cantos do mundo para evitar perda de informações e lentidões no tráfego. No caso do Yahoo!, por exemplo, às vezes há transferências de arquivos inteiros de e-mails de uma determinada conta - anos e anos de mensagens arquivadas - entre um continente e outro.
Grampear esses links de comunicação deixa a NSA interceptar dados em tempo real para "dar uma olhada retrospectiva nas atividades de um alvo", segundo um dos documentos internos vazados. Mas, para chegar lá, a agência precisa contornar muitas barreiras de segurança instaladas pelas empresas.
Um blog do Google, por exemplo, afirma que a empresa "vai muito longe para proteger dados de data centers e propriedade intelectual neles", o que inclui auditoria férrea dos controles de acesso, câmeras sensíveis ao calor, guardas 24 horas e verificação biométrica de identidades.
As empresas também gastariam uma boa soma comprando links por serem mais velozes, seguros e confiáveis. Nos últimos, por exemplo, cada companhia é apontada como tendo comprado ou alugado milhares de quilômetros de fibra óptica para uso exclusivo. Tudo isso, segundo fontes internas, teria levado as gigantes do Vale do Silício a acreditarem que estavam protegidas de espionagens.
O sistema de espionagem revelado nessa quarta-feira começa com a GCHQ armazenando todo o tráfego interceptado a um buffer, capaz de guardar de três a cinco dias de dados antes de precisar de mais espaço. Ali, uma ferramenta especial da NSA desempacota e decodifica as informações dos dois principais tipos usados por Yahoo! e Google, passa-as através de uma série de filtros e seleciona o que a NSA quer "combater" e o que não.
Do Google, por exemplo, a apresentação que integra os documentos vazados hoje detalhe que o principal interesse é nas informações coletadas pelo web crawlers, que indexam a web. Os slides alegam que a coleta de dados dos data centers ajudou a encontrar importantes pistas contra governos estrangeiros hostis descritos nos documentos.
O principal diretor da inteligência dos Estados Unidos afirmou na terça-feira (29) que descobrir as intenções de líderes estrangeiros é e sempre foi um dos objetivos das agências de espionagem norte-americanas e de outros países.
O diretor de Inteligência Nacional, James Clapper, declarou que é crucial saber se o que os líderes mundiais dizem coincide com o que eles fazem. A declaração foi dada durante uma audiência no Comitê de Inteligência da Câmara dos Representantes.
“Desde que eu comecei a trabalhar na inteligência, há 50 anos, as intenções dos chefes de Estado, em qualquer forma em que são expressas, estão na essência do que coletamos e analisamos”, afirmou Clapper, que atualmente supervisiona 16 agências de inteligência dos EUA.
“É inestimável para nós saber de onde os países vêm, quais são suas políticas e qual impacto estas podem ter em nós, dentro de uma grande variedade de temas”, acrescentou.
Ao ser perguntado se aliados também espionam os EUA, Clapper respondeu que sim, e adicionou que o monitoramento de líderes estrangeiros sempre esteve no cerne da espionagem internacional.
As operações de espionagem dos EUA estão sob fortes críticas após as denúncias de que a Agência de Segurança Nacional (NSA) teria monitorado as comunicações de 35 líderes mundiais. Entre eles estariam a chanceler alemã Angela Merkel, e a presidente Dilma Rousseff.
As revelações, com base em documentos vazados pelo ex-analista da NSA Edward Snowden, foram recebidas com indignação na Europa, apesar de os EUA até agora não terem confirmado se Merkel seria ou não um dos alvos da espionagem. Também não foi esclarecido até que ponto o presidente Barack Obama saberia dessas práticas da NSA.
O presidente do Comitê de Inteligência da Câmara, Mike Rogers, evitou fazer perguntas específicas sobre as denúncias mais recentes. Rogers perguntou a Clapper se a melhor maneira de obter informações sobre os planos de um chefe de Estado é se aproximar dele ou obter acesso às suas comunicações. A resposta foi sim.
Espionagem feita por aliados
O diretor-geral da NSA, general Keith Alexander, também foi ouvido pelo comitê. Ele assegurou que as denúncias de que a sua agência teria coletado informações de milhões de ligações telefônicas em toda a Europa seriam completamente falsas.
Segundo ele, os dados apresentados nas denúncias, feitas pela imprensa europeia, não foram coletados pela NSA, mas por aliados estrangeiros. Alexander afirmou que jornalistas teriam interpretado erroneamente algumas das informações vazadas à imprensa. “Eles, assim como a pessoa que vazou os dados, não entenderam o que estavam analisando”, disse.
“Essas não são informações que nós coletamos sobre cidadãos europeus. São informações que nós e nossos aliados da Otan coletamos conjuntamente para a defesa de nossos países e em apoio a nossas operações militares”, explicou o general.
As denúncias foram feitas por jornais da França, da Espanha e da Itália. A promotoria pública da Espanha anunciou nesta terça-feira que abriu um inquérito preliminar para determinar se a vigilância da NSA cometeu de fato algum crime.
Também o diário americano “The Wall Street Journal” afirma que agências de inteligência da França e da Espanha espionaram os cidadãos desses países e repassaram os dados para a NSA. Se confirmadas, essas denúncias poderão causar grande constrangimento aos países europeus que protestaram com veemência contra a suposta espionagem aos dados pessoais de seus cidadãos.
Rara concordância
A audiência da terça-feira ocorreu num momento em que diversas revisões dos programas da NSA estão sendo ordenadas pela Casa Branca e pelo Congresso. Horas antes, o governo dos EUA já havia anunciado que Obama havia ordenado uma ampla revisão das práticas de vigilância do país, e que mudanças estariam sendo consideradas.
Um alto oficial do governo afirmou que Obama estaria até mesmo considerando banir o monitoramento de conversas telefônicas dos líderes de países aliados por parte das agências de espionagem americanas.
Nesta terça-feira, em rara concordância, o líder do governo no Senado, Harry Reid (do Partido Democrata), e o presidente da Câmara, John Boehner (Partido Republicano), concordaram que chegou a hora de realizar uma revisão minuciosa das atividades da NSA. (Com agências internacionais)
Chefes da inteligência dos Estados Unidos defendem espionagem
O principal diretor da inteligência dos Estados Unidos afirmou na terça-feira (29) que descobrir as intenções de líderes estrangeiros é e sempre foi um dos objetivos das agências de espionagem norte-americanas e de outros países.
O diretor de Inteligência Nacional, James Clapper, declarou que é crucial saber se o que os líderes mundiais dizem coincide com o que eles fazem. A declaração foi dada durante uma audiência no Comitê de Inteligência da Câmara dos Representantes.
“Desde que eu comecei a trabalhar na inteligência, há 50 anos, as intenções dos chefes de Estado, em qualquer forma em que são expressas, estão na essência do que coletamos e analisamos”, afirmou Clapper, que atualmente supervisiona 16 agências de inteligência dos EUA.
“É inestimável para nós saber de onde os países vêm, quais são suas políticas e qual impacto estas podem ter em nós, dentro de uma grande variedade de temas”, acrescentou.
Ao ser perguntado se aliados também espionam os EUA, Clapper respondeu que sim, e adicionou que o monitoramento de líderes estrangeiros sempre esteve no cerne da espionagem internacional.
As operações de espionagem dos EUA estão sob fortes críticas após as denúncias de que a Agência de Segurança Nacional (NSA) teria monitorado as comunicações de 35 líderes mundiais. Entre eles estariam a chanceler alemã Angela Merkel, e a presidente Dilma Rousseff.
As revelações, com base em documentos vazados pelo ex-analista da NSA Edward Snowden, foram recebidas com indignação na Europa, apesar de os EUA até agora não terem confirmado se Merkel seria ou não um dos alvos da espionagem. Também não foi esclarecido até que ponto o presidente Barack Obama saberia dessas práticas da NSA.
O presidente do Comitê de Inteligência da Câmara, Mike Rogers, evitou fazer perguntas específicas sobre as denúncias mais recentes. Rogers perguntou a Clapper se a melhor maneira de obter informações sobre os planos de um chefe de Estado é se aproximar dele ou obter acesso às suas comunicações. A resposta foi sim.
Espionagem feita por aliados
O diretor-geral da NSA, general Keith Alexander, também foi ouvido pelo comitê. Ele assegurou que as denúncias de que a sua agência teria coletado informações de milhões de ligações telefônicas em toda a Europa seriam completamente falsas.
Segundo ele, os dados apresentados nas denúncias, feitas pela imprensa europeia, não foram coletados pela NSA, mas por aliados estrangeiros. Alexander afirmou que jornalistas teriam interpretado erroneamente algumas das informações vazadas à imprensa. “Eles, assim como a pessoa que vazou os dados, não entenderam o que estavam analisando”, disse.
“Essas não são informações que nós coletamos sobre cidadãos europeus. São informações que nós e nossos aliados da Otan coletamos conjuntamente para a defesa de nossos países e em apoio a nossas operações militares”, explicou o general.
As denúncias foram feitas por jornais da França, da Espanha e da Itália. A promotoria pública da Espanha anunciou nesta terça-feira que abriu um inquérito preliminar para determinar se a vigilância da NSA cometeu de fato algum crime.
Também o diário americano “The Wall Street Journal” afirma que agências de inteligência da França e da Espanha espionaram os cidadãos desses países e repassaram os dados para a NSA. Se confirmadas, essas denúncias poderão causar grande constrangimento aos países europeus que protestaram com veemência contra a suposta espionagem aos dados pessoais de seus cidadãos.
Rara concordância
A audiência da terça-feira ocorreu num momento em que diversas revisões dos programas da NSA estão sendo ordenadas pela Casa Branca e pelo Congresso. Horas antes, o governo dos EUA já havia anunciado que Obama havia ordenado uma ampla revisão das práticas de vigilância do país, e que mudanças estariam sendo consideradas.
Um alto oficial do governo afirmou que Obama estaria até mesmo considerando banir o monitoramento de conversas telefônicas dos líderes de países aliados por parte das agências de espionagem americanas.
Nesta terça-feira, em rara concordância, o líder do governo no Senado, Harry Reid (do Partido Democrata), e o presidente da Câmara, John Boehner (Partido Republicano), concordaram que chegou a hora de realizar uma revisão minuciosa das atividades da NSA. (Com agências internacionais)