Amigos lamentam a morte do cartunista Glauco
Por Redação Yahoo! Brasil
A morte do cartunista Glauco, assassinado ao lado filho Raoni em sua residência em Osasco, na Grande São Paulo, tem grande repercussão nesta sexta-feira. Jornalistas e cartunistas consagrados, amigos de Glauco, como Angeli e Adão, estão transtornados. Todos se referem com carinho ao amigo, retratado como uma pessoa "simples" e "de paz".
À Folha, o cartunista Angeli lamentou a tragédia. "Éramos amigos muitos íntimos e tínhamos uma relação forte. Apesar de distante nos últimos tempos, o nosso elo não havia se quebrado". Eles se conheciam desde os anos 80, quando Glauco saiu de Ribeirão Preto rumo à capital paulistana. "A primeira pessoa que o recebeu em São Paulo fui eu. Ele dormiu na minha casa, comeu da minha comida, paquerou a minha mulher (risos), ele teve uma participação intensa na minha vida. Perdi uma boa parte da minha história com a morte do Glauco", disse Angeli.
Otávio Frias Filho, diretor de redação da Folha de S. Paulo, divulgou nota de pesar. "Glauco foi um grande artista e um ser humano admirável. Sua obra ficará na memória das gerações que amaram seus desenhos e no traço dos muitos artistas jovens que sua imaginação influenciou. Era uma pessoa que tinha a doçura de uma criança e a serenidade de um sábio. Sua morte e a de seu filho Raoni são motivo de profunda tristeza, especialmente na Folha, casa profissional do cartunista há mais de três décadas".
O cartunista Adão Iturrusgarai, também da Folha, lamentou em seu blog a morte do amigo, lembrando seu estilo de desenhar: "O Glauco costumava faltar bastante aos encontros de Los 3 Amigos, pelo menos na época em que eu participei do bando. Mas, quando ele aparecia, dava conta do recado em segundos e logo sumia novamente. Ele tinha um dos traços mais difíceis de imitar. Era muito caligráfico, quase uma assinatura. O Laerte era o único que conseguia fazer o boneco do Glauquito quando o Glauco não estava. Numa entrevista com Los 3 Amigos, o Glauco faltou à sessão de fotos e nós tivemos a ideia de fazer uma caricatura dele pra preencher sua falta. Que notícia de merda, essa de hoje, hein?"
O jornalista Sidney Gusman, um dos maiores especialistas em quadrinhos no Brasil, destacou sobre o legado de Glauco. "Ele foi o cara que teve a coragem de fazer algo novo numa época em que não havia nada novo. Ele não tinha limites. Ele fazia a tira e, se publicassem, ok. Se não, ok também. É por isso que deixou tantos 'filhotes', tantos seguidores de seu estilo. E era um cara tão simples, tão de paz, que fica difícil acreditar como alguém pôde ter feito esse mal a ele."
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Policiais militares em frente de propriedade do cartunista (Foto: Kleber Tomaz/G1)
'A família está em estado de choque', diz advogado de cartunista morto
Familiares ainda não têm condições de serem ouvidos pela polícia.
Cartunista e seu filho foram mortos nesta segunda-feira, em SP.
Durante a liberação do corpo do cartunista Glauco Villas Boas e de seu filho Raoni, mortos na madrugada desta sexta-feira (12) em Osasco, na Grande São Paulo, o advogado Ricardo Handro afirmou que a família está em estado de choque.
“Eles estão fora da casa, até porque os criminosos ainda encontram-se foragidos. Estão em estado de choque, arrasados. O fato de essa tragédia ter atingido pai e filho agrava ainda mais.”
Segundo ele, os familiares devem ser ouvidos pela polícia em breve, mas agora não têm condições de prestar depoimento. Além de Glauco e do filho, estariam na casa na hora do crime a esposa do cartunista e sua filha.
Os dois foram mortos na madrugada desta sexta-feira (12). Handro disse ainda que a polícia já conhece a identidade dos assassinos –de acordo com ele seriam dois bandidos–, mas até as 12h desta sexta-feira ninguém havia sido preso.
Advogado da família há 15 anos, ele afirmou que Glauco “era uma pessoa alegre e inteligente, que deixará muitas saudades”.
Os dois corpos chegaram ao IML às 6h50, mas ainda não foram liberados. Um cunhado de Glauco, Douglas Pinheiro, além do advogado, este presente no local, mas não falou com a imprensa.
Glauco Villas Boas nasceu em Jandaia do Sul, no Paraná, em 1957. Ele era da família dos sertanistas Orlando, Claudio e Leonardo Vilas Boas.
Como cartunista, publicou seus primeiros trabalhos em 1976, no "Diário da Manhã" de Ribeirão Preto, e, em 1977, ganhou seu primeiro prêmio no Salão do Humor de Piracicaba.
No início da década de 1980, passou a fazer parte do elenco de cartunistas do jornal "Folha de S. Paulo", onde consagrou personagens como Geraldão, Geraldinho, Dona Marta, Zé do Apocalipse, Casal Neuras e Doy Jorge.
Dono de um traço marcante e de um estilo de humor ácido e de piadas visuais rápidas, Glauco criou personagens que de certa forma representavam suas próprias experiências na São Paulo dos anos 1980, com referências a sexo, drogas e violência urbana.
Em 1991, participou ao lado de Angeli e Laerte da criação da tira "Los 3 amigos", uma brincadeira do trio de cartunistas com o universo dos filmes de bang-bang e seu retrato dos personagens mexicanos.
Atualmente, Glauco publicava tiras diárias e charges no jornal "Folha de S. Paulo". Seus quadrinhos antigos vinham sendo republicados por editoras como Opera Graphica e L&PM.
Em uma entrevista publicada na "Folha de S. Paulo" em 2004, Glauco lamentou a suposta falta de sintonia com as novas gerações. "Meu traço não é bom para retratar o futuro. Corro o risco de não falar a língua da moçada."
Glauco também fez parte da equipe de redatores dos programas "TV Pirata" e "TV Colosso", da Globo.
Em uma entrevista publicada na "Folha de S. Paulo" em 2004, Glauco lamentou a suposta falta de sintonia com as novas gerações. "Meu traço não é bom para retratar o futuro. Corro o risco de não falar a língua da moçada."
Glauco também fez parte da equipe de redatores dos programas "TV Pirata" e "TV Colosso", da Globo.
G1
Polícia prende suspeito de matar Glauco e filho, diz advogado
Hermano Freitas
Direto de São Paulo
Advogado da família de Glauco, Ricardo Handro, confirmou a prisão
Foto: Ricardo Matsukawa/Terra
O advogado da família do cartunista Glauco Villas Boas, 53 anos, Ricardo Handro, afirmou que a polícia prendeu um dos suspeitos de ter matado o cartunista Glauco Villas Boas, 53 anos, e o filho Raoni Villas Boas, 25 anos. O rapaz de 24 anos foi levado para a Seccional de Osasco. Ele já teria passagem pela polícia por porte de entorpecentes e seria frequentador da Igreja Céu de Maria, da qual Glauco era um dos sócio-fundadores e que segue a filosofia do Santo Daime.
Glauco e o filho foram mortos a tiros na madrugada desta sexta-feira durante assalto a sua residência, no bairro de Santa Fé, em Osasco (SP). Segundo a Polícia Militar (PM), os dois chegaram a ser encaminhados ao hospital Albert Sabin, mas não resistiram aos ferimentos.
Velório
O velório de Glauco e do filho será na casa da família, em Osasco. No terreno da residência, há um local de culto da igreja.
A Doutrina do Santo Daime é uma prática religiosa cristã, ecumênica, que repudia todas as formas de intolerância religiosa. Os seguidores tomam o chá conhecido por esse nome. Para eles, a bebida amplia a capacidade perceptiva, criativa, cognitiva e de discernimento, elevando a consciência do ser.
Terra
Em nota, Lula diz que está 'chocado' com morte de cartunista
Glauco Villas Boas e filho de 25 anos foram mortos em Osasco.
Segundo delegado, suspeito tinha acesso à casa onde aconteceu o crime.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, por meio de nota de pesar divulgada pelo Palácio do Planalto, que está "triste e chocado" com o assassinato do cartunista Glauco Villas Boas, 53 anos, e de seu filho Raoni Villas Boas, 25 anos.
"Glauco foi um grande cronista da sociedade brasileira, entendia os usos e costumes da nossa gente e expressava isso com inteligência e humor. (...) Foi uma perda tremenda. Diante dessa verdadeira tragédia, quero expressar meu sentimento de pesar a familiares, amigos e admiradores", diz a nota.
Segundo a polícia, o suspeito de cometer o crime era conhecido da família, frequentador da casa onde ocorreu o crime e tinha acesso à residência. O crime teria acontecido durante uma discussão entre o suspeito e o cartunista.
O suspeito - que tem 24 anos e já teve passagem pela polícia - atirou em Glauco no momento em que seu filho, Raoni, chegava da faculdade, segundo a polícia. O suspeito também atirou no jovem, entrou em um carro que estava no local e fugiu. De acordo com o delegado, a polícia já tem uma foto do suspeito. Outras versões para o crime foram dadas pela Polícia Miiltar e pelo advogado da família.
Glauco e Raoni chegaram a ser levados para o Hospital Albertin Sabin, na Lapa, Zona Oeste de São Paulo, mas chegaram mortos ao local. Até às 11h desta sexta, os corpos continuavam IML de Osasco desde as 6h50 desta sexta-feira. Ninguém foi preso, segundo a polícia.
Assim que forem liberados pelo IML, os corpos de Glauco e Raoni deverão ser velados na casa da família, na Estrada de Portugal. O enterro deve acontecer no Cemitério Anhanguera. Ainda não foi definido o horário do sepultamento.