AGÊNCIA ESTADO
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Os sargentos do Exército Laci Marinho de Araújo e Fernando de Alcântara de Figueiredo, que assumiram, publicamente, o relacionamento homossexual, foram transferidos hoje, contra a vontade, de São Paulo para Brasília. Araújo está detido na Base Aérea da capital federal, sob acusação de deserção. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que negocia com o Ministério da Defesa e a Força uma solução para o caso, esteve com ele hoje.
Figueiredo foi hoje ao Senado para aguardar notícias do companheiro. Figueiredo denunciou ao Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe) ter sido forçado a embarcar num avião Bandeirante rumo à capital. Segundo o advogado do Condepe, Lúcio França, ele relatou que os dois foram retirados do Hospital Militar do Cambuci, na capital paulista, num helicóptero militar. A dupla de militares assumiu a relação gay, em entrevista à revista Época.
Logo depois de a publicação chegar às bancas, no fim de semana, eles passaram a receber ameaças de morte e tiveram o apartamento funcional em Brasília depredado. Os episódios foram relatados por Figueiredo ao Condepe. Para França, o caso expõe a homofobia no Exército. "É evidente que é uma questão homofóbica", disse. "Eles tiveram a coragem de se expor. Desde então, têm passado por graves violações aos seus direitos humanos e de expressão." A reportagem tentou contato por telefone o Exército, mas obteve retorno.
Araújo rebateu a acusação de deserção e afirmou ter se afastado do trabalho por questões psiquiátricas. Os laudos do Exército, no entanto, negam a doença. Para pôr fim à duvida, o Condepe enviou hoje ao hospital militar um médico psiquiatra independente, representante do Conselho Regional de Medicina (CRM) de São Paulo. O médico Paulo César Sampaio diagnosticou que o sargento sofre de "psicose orgânica, estresse traumático e depressão". Mesmo assim, os militares mantiveram o sargento preso e o transferiram para Brasília.
Militar homossexual acusa Exército de agressão
AGÊNCIA ESTADO - VIA YAHOOO sargento do Exército Fernando Alcântara de Figueiredo, de 32 anos, acusa homens das Forças Armadas de agredir, ofender e destratar seu companheiro, o também sargento Laci Marinho de Araújo, de 36 anos. O episódio teria acontecido ontem, por volta das 15 horas, na Base Aérea de Brasília. Figueiredo e Araújo assumiram, recentemente, viverem um relacionamento amoroso.
Na madrugada da última quarta, Araújo foi preso pelo Exército logo após contar, em entrevista ao vivo no programa Super Pop da Rede TV!, que é gay. Ele estava acompanhado de Figueiredo e foi levado sob acusação de abandono de suas funções na instituição. O militar passou a noite no Hospital-Geral do Exército, no Cambuci, zona sul de São Paulo. Ele recebeu permissão das Forças Armadas para ficar com seu companheiro.
Ontem, os dois sargentos deixaram a unidade médica em um helicóptero e desembarcaram em Brasília. Mas, ao chegar, Figueiredo disse que foi obrigado por dez homens armados com fuzis a se separar do companheiro. "Fiquei apavorado e me senti na década de 70 (época da ditadura militar). Algemaram o Laci, jogaram ele no chão, até o colocarem num Opala preto." "É uma grande injustiça, porque o Exército nos garantiu, ainda em São Paulo, que eu poderia acompanhar o Laci o tempo todo e mesmo ao chegarmos a Brasília ele iria para um hospital comigo."
De acordo com o advogado Francisco Lúcio França, do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe), foi preciso acionar a Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República. "Queremos um acompanhamento do caso." Figueiredo foi informado ontem à noite que terá de solicitar à Justiça Militar uma liberação se quiser visitar o sargento internado.
Comissão
Ontem, Figueiredo procurou o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que afirmou ter sido criada comissão para acompanhar o caso. Em visita ao hospital, onde o sargento está internado, Suplicy contou que Araújo aparenta estar muito tenso. O sargento afirma ter parado de servir o Exército por sofrer de esclerose múltipla. À noite, Figueiredo esteve na Conferência Nacional sobre Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais, que teve a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.